30 de Outubro - Quarta - Evangelho
- Lc 13,22-30
Comentário: O
Reino, presente e compromisso
Sem dúvida o mais importante do texto evangélico é o anúncio de Jesus de que a boa nova da salvação não se dirige de forma exclusiva aos filhos de Israel, mais está aberta a todos os povos da terra. Mas junto com este anúncio tão importante para todos nós há outro que não convém esquecer e que está no princípio do texto.
Devemos voltar a ler o texto e ver de onde surge o anúncio de Jesus de que a salvação é para todos os povos. Não o diz Jesus como um discurso programático nem como uma catequese. Esse anúncio faz parte da resposta de Jesus a um que lhe faz uma pergunta concreta, muito concreta: “Senhor, serão poucos os que se salvarão?” A resposta de Jesus caminha em duas direções. Por uma parte, deixa-lhe claro ao que lhe pergunta que há que se esforçar. Por outra, que ninguém está isento desse esforço.
Os judeus, portadores da promessa
Sem dúvida, o que fazia a pergunta era judeu. Como judeu, tinha consciência de que a promessa a tinha recebido o antigo o povo de Israel. Aos patriarcas Abraão, Isaac e Jacob, Deus tinha-se dirigido para prometer-lhes que sua descendência ia ser mais numerosa que a areia das praias marinhas. A promessa tinha-se ido concretizado na entrega da Terra Prometida, na monarquia de Davi. O salvador viria da família do rei Davi. E, ainda que tanto a monarquia como o povo tivesse sido infiéis à Aliança, a promessa se tinha mantido. Pelos profetas a Palavra de Deus tinha seguido chegando ao povo e os judeus tinham plena consciência de ser o povo eleito. Tinham – pensavam – um verdadeiro direito sobre os demais povos. Se os “outros” queriam aceder à salvação, teriam que passar primeiro pela conversão ao judaísmo, para cumprir a lei.
Porém em sua resposta Jesus deixa claro que ter o selo de “ser judeu” não é nenhuma garantia de que a salvação se vá presentear. Há que se esforçar por entrar pela porta estreita. O Reino de Deus é dos esforçados, dirá Jesus em outro texto evangélico. Não vale dizer que somos do mesmo povo, nem que temos comido e bebido com o Senhor. Traduzido a termos mais atuais: não vale dizer que temos ido à missa aos domingos e que temos recebido os sacramentos. O que vale é a entrega pessoal e o compromisso para construir o Reino, para criar fraternidade, para reunir os filhos e filhas de Deus em torno da mesa comum, abrir as mãos para criar fraternidade e renunciar ao ódio, a violência e todo o que cria divisão e ruptura entre as pessoas, as famílias e os povos.
A salvação não se consegue com um certificado de ter cumprido uma série de requisitos rituais (se chame sacramentos, cumprimento de normas...). A salvação é fruto do compromisso pessoal em colaborar na obra do Reino. A salvação é fruto da graça de Deus que trabalha em nós e nos converte em criaturas novas. A salvação é nos deixar transformar pelo amor de Deus. A salvação é nos deixar encher pelo amor de Deus, mais não se produz sem nosso consentimento e nossa colaboração. A salvação é dom que se acolhe ativamente, é compromisso que transforma nossa vida e dá frutos para a vida do mundo.
A salvação é para todos os povos
Por isso, porque não podia ser de outra maneira, a salvação, a nova Aliança que traz Jesus, está aberta a todos os povos. Porque todos somos filhos do Pai e a todos se dirige seu amor. Não se apresentar a carteira de identidade ou o passaporte e reclamar um suposto direito a ter um posto na mesa do Reino. As palavras de Jesus, que para os judeus puderam ser quase ofensivas, para nós, para o resto da humanidade, são um anúncio de esperança e de vida. Assim o entenderam os apóstolos, pouco depois da morte de Jesus, quando, ante as pretensões de alguns que pensavam que para se fazer discípulos de Jesus os não judeus primeiro deviam se converter ao judaísmo e determinaram que para ser cristão não tinham que ser judeus, que a nova aliança em Jesus tinha abolido a anterior com suas leis e seus ritos.
Também não era nada novo. Já o tinham anunciado os profetas em muitas ocasiões. Assim podemos ver no texto de Isaías que se lê na primeira leitura. Todos nós estamos convocados.
Reino é para todos. Mas convém também que todos nos esforcemos e nos comprometamos. O Reino está aí, mais o temo que ir construindo dia a dia, criando família, dando esperança, compartilhando com os irmãos o que temos. Até, como diz a segunda leitura na carta aos Hebreus, nos deixando corrigir, fortalecendo nossos joelhos e caminhando juntos pela senda do Reino, a que nos leva a todos, sem exceção, sem excluir a ninguém, à mesa comum dos filhos em torno do Pai.
Fonte: Ciudad Redonda
Pe. Fernando Torres Pérez cmf
Sem dúvida o mais importante do texto evangélico é o anúncio de Jesus de que a boa nova da salvação não se dirige de forma exclusiva aos filhos de Israel, mais está aberta a todos os povos da terra. Mas junto com este anúncio tão importante para todos nós há outro que não convém esquecer e que está no princípio do texto.
Devemos voltar a ler o texto e ver de onde surge o anúncio de Jesus de que a salvação é para todos os povos. Não o diz Jesus como um discurso programático nem como uma catequese. Esse anúncio faz parte da resposta de Jesus a um que lhe faz uma pergunta concreta, muito concreta: “Senhor, serão poucos os que se salvarão?” A resposta de Jesus caminha em duas direções. Por uma parte, deixa-lhe claro ao que lhe pergunta que há que se esforçar. Por outra, que ninguém está isento desse esforço.
Os judeus, portadores da promessa
Sem dúvida, o que fazia a pergunta era judeu. Como judeu, tinha consciência de que a promessa a tinha recebido o antigo o povo de Israel. Aos patriarcas Abraão, Isaac e Jacob, Deus tinha-se dirigido para prometer-lhes que sua descendência ia ser mais numerosa que a areia das praias marinhas. A promessa tinha-se ido concretizado na entrega da Terra Prometida, na monarquia de Davi. O salvador viria da família do rei Davi. E, ainda que tanto a monarquia como o povo tivesse sido infiéis à Aliança, a promessa se tinha mantido. Pelos profetas a Palavra de Deus tinha seguido chegando ao povo e os judeus tinham plena consciência de ser o povo eleito. Tinham – pensavam – um verdadeiro direito sobre os demais povos. Se os “outros” queriam aceder à salvação, teriam que passar primeiro pela conversão ao judaísmo, para cumprir a lei.
Porém em sua resposta Jesus deixa claro que ter o selo de “ser judeu” não é nenhuma garantia de que a salvação se vá presentear. Há que se esforçar por entrar pela porta estreita. O Reino de Deus é dos esforçados, dirá Jesus em outro texto evangélico. Não vale dizer que somos do mesmo povo, nem que temos comido e bebido com o Senhor. Traduzido a termos mais atuais: não vale dizer que temos ido à missa aos domingos e que temos recebido os sacramentos. O que vale é a entrega pessoal e o compromisso para construir o Reino, para criar fraternidade, para reunir os filhos e filhas de Deus em torno da mesa comum, abrir as mãos para criar fraternidade e renunciar ao ódio, a violência e todo o que cria divisão e ruptura entre as pessoas, as famílias e os povos.
A salvação não se consegue com um certificado de ter cumprido uma série de requisitos rituais (se chame sacramentos, cumprimento de normas...). A salvação é fruto do compromisso pessoal em colaborar na obra do Reino. A salvação é fruto da graça de Deus que trabalha em nós e nos converte em criaturas novas. A salvação é nos deixar transformar pelo amor de Deus. A salvação é nos deixar encher pelo amor de Deus, mais não se produz sem nosso consentimento e nossa colaboração. A salvação é dom que se acolhe ativamente, é compromisso que transforma nossa vida e dá frutos para a vida do mundo.
A salvação é para todos os povos
Por isso, porque não podia ser de outra maneira, a salvação, a nova Aliança que traz Jesus, está aberta a todos os povos. Porque todos somos filhos do Pai e a todos se dirige seu amor. Não se apresentar a carteira de identidade ou o passaporte e reclamar um suposto direito a ter um posto na mesa do Reino. As palavras de Jesus, que para os judeus puderam ser quase ofensivas, para nós, para o resto da humanidade, são um anúncio de esperança e de vida. Assim o entenderam os apóstolos, pouco depois da morte de Jesus, quando, ante as pretensões de alguns que pensavam que para se fazer discípulos de Jesus os não judeus primeiro deviam se converter ao judaísmo e determinaram que para ser cristão não tinham que ser judeus, que a nova aliança em Jesus tinha abolido a anterior com suas leis e seus ritos.
Também não era nada novo. Já o tinham anunciado os profetas em muitas ocasiões. Assim podemos ver no texto de Isaías que se lê na primeira leitura. Todos nós estamos convocados.
Reino é para todos. Mas convém também que todos nos esforcemos e nos comprometamos. O Reino está aí, mais o temo que ir construindo dia a dia, criando família, dando esperança, compartilhando com os irmãos o que temos. Até, como diz a segunda leitura na carta aos Hebreus, nos deixando corrigir, fortalecendo nossos joelhos e caminhando juntos pela senda do Reino, a que nos leva a todos, sem exceção, sem excluir a ninguém, à mesa comum dos filhos em torno do Pai.
Fonte: Ciudad Redonda
Pe. Fernando Torres Pérez cmf
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