SÁBADO – DIA 03 - Evangelho Lc 6,30-34
Padre Antonio Queiroz (In memorian)
Eram como ovelhas sem pastor.
O Evangelho de hoje começa com o amável
convite de Jesus aos Apóstolos, que acabavam de chegar da sua missão
apostólica, satisfeitos e cansados: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e
descansemos um pouco”.
Entretanto, o povo descobriu para onde iam, e
foi a pé, por terra. Assim, quando chegaram, encontraram uma multidão os
esperando! Jesus “teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. E
começou a ensinar-lhes muitas coisas”.
É interessante o modo de Jesus se relacionar
com a multidão. Ele disse uma vez: “Eu conheço as minhas ovelhas e elas me
conhecem” (Jo 10,14). Jesus evitava aquele messianismo político, pelo qual os
seus contemporâneos judeus ansiavam. Evitava também o sectarismo gregário de
massa. O seu contato era personalizado, dando origem ao Povo de Deus, ou à
Comunidade cristã, na qual todos se conhecem e se amam, assim como o pastor
conhece suas ovelhas.
“Foi vontade de Deus santificar e salvar os
homens, não isoladamente e sem conexão alguma de uns com os outros, mas
constituindo um Povo, que o confessasse em verdade e o servisse em santidade”
(Concílio Vat. II, LG, 9).
Os primeiros cristãos entenderam bem essa
lição e se uniam em Comunidades, onde viviam unidos como irmãos, tendo um só
coração e uma só alma. Hoje a Igreja, pelo fato de ter milhões de membros, pode
dar a impressão de ser massa. Mas não é. É só observar as nossas paróquias e
Comunidades.
Várias vezes os evangelistas escrevem que
Jesus sentiu compaixão. Ele tinha dó das pessoas carentes, das que sofriam, e
aqui, das que estavam como ovelhas sem pastor. E ele não parava só no
sentimento de compaixão, mas fazia o que ele podia pelo povo.
Jesus não possuía nada, não tinha nem onde
reclinar a cabeça. Mesmo assim, não se preocupava consigo mesmo, mas com os
outros. Quantos cristãos e cristãs têm esse mesmo coração! É deles que nascem
as diversas pastorais e as atividades missionárias das Comunidades. Quando
sentimos compaixão, e rezamos, Deus nos indica algum caminho.
Que bom seria se nós, ao nos depararmos com
situações de carência, material ou espiritual, sentíssemos compaixão, uma
compaixão ativa que se transforma depois em ação!
Certa vez, um homem terminou de construir a
sua casa. Ficou linda. Ele a mobiliou com móveis novos, todos no mesmo estilo.
Então convidou um amigo para almoçar com ele
e ver a casa. Terminada a refeição, mostrou toda a casa para o amigo, depois
perguntou: “Falta alguma coisa? Pode dizer sem acanhamento, que vou comprar
hoje mesmo”.
O amigo criou coragem e falou: “Eu sinto que
está faltando Deus na sua casa!” O dono da casa se surpreendeu, porque não
havia pensado nesse componente da casa. E ficou perdido, confuso, sem saber o
que fazer, pois Deus não dá para se comprar!
Quantas casas hoje são assim: têm tudo, menos
o principal que é Deus. Que sintamos compaixão, uma compaixão ativa, como fez o
visitante da nova casa. “O que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se vier
a perder-se e a arruinar a si mesmo?” (Lc 9,25).
Maria Santíssima foi uma mulher ativa na luta
pelo bem do povo. Vemos os seus anseios expressos no magnificat, e levados à
ação nas bodas de Caná, ao pé da cruz, no Cenáculo etc. Santa Mãe Maria, o povo
continua como ovelhas sem pastor; dai-nos um coração semelhante ao vosso!
Eram como ovelhas sem pastor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário