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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Evangelhos Dominicais Comentados-Jorge Lorente

Evangelhos Dominicais Comentados

26/fevereiro/2017 – 8º Domingo do tempo comum

Mt 6, 24-34

Disse Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores. Pois ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e abandonará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Por isso vos digo: Não vos preocupeis com vossa vida, com o que comereis, nem com o corpo, com o que vestireis. Não será a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que as vestes? (...) Não vos preocupeis, dizendo: ‘O que vamos comer? O que vamos beber? Com que nos vamos vestir?’ São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso. Buscai, pois, em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas de acréscimo. Não vos preocupeis com o dia de amanhã. O dia de amanhã terá suas próprias dificuldades. A cada dia basta o seu peso”.

COMENTÁRIO

Na época atual, muitos pais e mães de famílias trabalham das seis horas da manhã até ao meio dia, num determinado local e depois, após tomar mais um ônibus lotado, chegam ofegantes ao seu segundo emprego para mais uma jornada de trabalho.

Estes estão a serviço de dois patrões, mas não são necessariamente esses “senhores” que Jesus se refere no Evangelho de hoje. Mesmo com dois empregos, esse funcionário pode ser eficaz e atender plenamente aos anseios das duas empresas... Isso, com uma condição: se, as atividades forem diferentes entre si.

No entanto, se as duas empresas vendem produtos para uma mesma finalidade, porém, de marcas, qualidade e preços diferenciados, como esse vendedor poderá ser fiel a um, sem desmerecer o outro? Se seu cliente procura um produto barato, ele tentará vender-lhe o produto inferior, mesmo sabendo de suas deficiências.

Ele tentará apontar as vantagens e irá enaltecer as “qualidades” do produto, mesmo sabendo tratar-se de algo inferior. Se o comprador procura um bom produto, ele apresentará a outra mercadoria e, para ressaltar as qualidades desta, ele colocará a outra mercadoria sob o capacho, como se diz.

Sua única preocupação é vender, mesmo que tenha que falar mal do outro produto, que ele também distribui. A ética profissional é simplesmente deixada de lado, em função de interesses pessoais e financeiros.

Certamente o evangelista Mateus não pretendia dar-nos uma aula de marketing com estas Palavras de Jesus, mas acredito que em questão de ética ele atingiu plenamente o objetivo. Este Evangelho nos leva a uma profunda reflexão do nosso dia a dia.

Bem sabemos da importância do dinheiro em nossas vidas. Precisamos dele para alimentar a família, pagar o aluguel ou a prestação da casa própria. Infelizmente, nem mesmo nossa paróquia é capaz de sobreviver sem o dinheiro, por isso foi instituído o dízimo e taxas de serviço, para quem não é dizimista.

No entanto, o bem material não pode se sobrepor ao serviço e aos Sacramentos. Essa é a principal razão pela qual a nossa Igreja está sempre aberta para ministrar os Sacramentos ou prestar serviços, de forma gratuita, para quem não dispõe de recursos financeiros.

Apesar de ser necessário, não podemos fazer do dinheiro um ídolo. O amor excessivo a ele leva à mentira, a enganar o irmão, a matar moral e fisicamente o próximo; leva a perder a própria dignidade.

O apego ao dinheiro nos afasta de Deus. É impossível imaginar Deus e o dinheiro andando juntos. Os ensinamentos de ambos são contrários. Deus manda ajudar o irmão, alimentar o faminto, vestir o maltrapilho e oferecer abrigo ao abandonado.

Já o dinheiro prega o oposto. Manda desviar verbas da saúde e da merenda escolar, congelar o salário mínimo e do aposentado enquanto aumenta seus próprios vencimentos. Manda remarcar preços, falsificar remédios, invadir as terras indígenas, destruir a natureza e acabar com as florestas e rios.

Importante notar que neste Evangelho, por diversas vezes, Jesus insiste para que não nos angustiemos, nem nos preocupemos. Deus nunca nos dá um problema sem a “cola” com a solução. Portanto, fique despreocupado, pois não estamos sós.

No entanto, é bom lembrar que despreocupar-se não significa negligenciar e deixar para lá as responsabilidades diárias, mas sim, canalizar nossas preocupações para as coisas certas, as coisas do alto, aquelas que a ferrugem não corrói e as traças não destroem,
(2116)



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