Tempo Comum – Anos Ímpares – VII Semana
– Terça-feira
21 February 2017
Lectio
Primeira leitura: Ben
Sirá 2, 1-13 (gr. 1-11)
Meu filho, se entrares
para o serviço de Deus, prepara a tua alma para a provação. 2Endireita o teu
coração e sê constante, não te perturbes no tempo do infortúnio. 3Conserva-te
unido a Ele e não te separes, para teres bom êxito no teu momento derradeiro. 4Aceita
tudo o que te acontecer, e tem paciência nas vicissitudes da tua humilhação,
5porque no fogo se prova o ouro e os eleitos de Deus, no cadinho da humilhação.
Nas doenças e na pobreza, confia nele. 6Confia em Deus e Ele te
salvará,endireita os teus caminhos e espera nele. 7Vós que temeis o Senhor,
esperai na sua misericórdia, e não vos afasteis, para não cairdes. 8Vós que
temeis o Senhor, confiai nele, a vossa recompensa não vos faltará. 9Vós, que
temeis o Senhor, contai com a prosperidade, a alegria eterna e a misericórdia,
pois a sua recompensa é um dom eterno e jubiloso. 10Considerai as gerações
antigas e vede: quem confiou no Senhor e foi confundido? Quem perseverou no
temor do Senhor e foi abandonado? Quem o invocou e se sentiu desprezado? 11Porque
o Senhor é compassivo e misericordioso, perdoa os pecados e salva no tempo da
aflição. Ele é o protector dos que o procuram de coração sincero.
A tentação é um teste,
uma prova à verdade ou à falta dela, quando nos propomos servir a Deus. Por
isso, o capítulo 2 do Ben Sirá começa com as palavras: «Meu filho, se entrares
para o serviço de Deus, prepara a tua alma para a provação» (v. 1). Logo a
seguir, indica algumas regras práticas de comportamento para superar a
provação: «Endireita o teu coração e sê constante, não te perturbes no tempo do
infortúnio. Conserva-te unido a Ele e não te separes, para teres bom êxito no
teu momento derradeiro. Aceita tudo o que te acontecer, e tem paciência nas
vicissitudes da tua humilhação» (vv. 2-4). A provação é dura. Mas se usarmos os
meios indicados, podemos superá-la e verificar a autenticidade do nosso
compromisso.
Depois destas recomendações, o sábio exorta ao temor de Deus. Não se trata de ter «medo» de Deus, mas de abandonar-se a Ele confiadamente, na certeza de que nos protege: «Confia em Deus e Ele te salvará, endireita os teus caminhos e espera nele» (v. 6). O santo temor de Deus, assim entendido, é um excelente meio para superar a provação, a tentação. Ao terminar, o sábio lembra-nos que, para vencermos a provação, precisamos de um pouquinho da nossa boa vontade e de uma desmedida quantidade de amor divino: «Porque o Senhor é compassivo e misericordioso, perdoa os pecados e salva no tempo da aflição. Ele é o protector dos que o procuram de coração sincero» (v. 11).
Depois destas recomendações, o sábio exorta ao temor de Deus. Não se trata de ter «medo» de Deus, mas de abandonar-se a Ele confiadamente, na certeza de que nos protege: «Confia em Deus e Ele te salvará, endireita os teus caminhos e espera nele» (v. 6). O santo temor de Deus, assim entendido, é um excelente meio para superar a provação, a tentação. Ao terminar, o sábio lembra-nos que, para vencermos a provação, precisamos de um pouquinho da nossa boa vontade e de uma desmedida quantidade de amor divino: «Porque o Senhor é compassivo e misericordioso, perdoa os pecados e salva no tempo da aflição. Ele é o protector dos que o procuram de coração sincero» (v. 11).
Evangelho: Marcos 9,
30-37
Naquele tempo, Jesus e
os discípulos, partindo dali, atravessaram a Galileia, e Ele não queria que
ninguém o soubesse, 31porque ia instruindo os seus discípulos e dizia-lhes: «O
Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens que o hão-de matar; mas,
três dias depois de ser morto, ressuscitará.» 32Mas eles não entendiam esta
linguagem e tinham receio de o interrogar. 33Chegaram a Cafarnaúm e, quando
estavam em casa, Jesus perguntou: «Que discutíeis pelo caminho?» 34Ficaram em
silêncio porque, no caminho, tinham discutido uns com os outros sobre qual
deles era o maior. 35Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: «Se alguém
quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos.» 36E,
tomando um menino, colocou-o no meio deles, abraçou-o e disse-lhes: 37«Quem
receber um destes meninos em meu nome é a mim que recebe; e quem me receber,
não me recebe a mim mas àquele que me enviou.»
O segundo anúncio da
paixão é mais seco do que o primeiro (8, 31). Não se diz quem serão os autores
da morte de Jesus. Os discípulos nem se atrevem a fazer perguntas. Talvez
porque conhecem as reacções de Jesus, e a sua própria cegueira. Além disso,
andavam ocupados com outros pensamentos. Sabiam que Jesus queria fundar uma
comunidade e que os elementos fundadores eram eles. Preocupava-os a organização
da comunidade. Até aí, não havia falta. Mas também discutiam sobre quem deles
seria o primeiro nessa comunidade. Jesus admite que tem que haver um
«primeiro», mas não à maneira da sociedade civil. Por isso, faz-lhes saber que
será primeiro aquele que se dispuser a servir com humildade. «Servir», em
sentido bíblico, é servir a Deus e, portanto, também ao próximo. Este «serviço»
liberta do egoísmo, vício dominante do homem. Quem quiser ser o primeiro «há-de
ser o último de todos e o servo de todos» (v. 35). Há aqui uma lição de
humildade e de entrega de si na dor e no sofrimento, mas, sobretudo, no amor
oblativo e desinteressado. Aquele que sabe ser o último e o servo, reconhece
que tudo quanto possui lhe foi dado por Deus. Por isso, coloca-se em atitude de
acolhimento: «quem me receber, não me recebe a mim mas àquele que me enviou»
(v. 37). É comparável a uma criança que recebe tudo e a todos com simplicidade,
humildade e pobreza, e se abandona confiadamente nos braços dos pais, ou de
quem dela cuida.
Meditatio
Quando alguém se
propõe servir a Deus, geralmente espera encontrar serenidade e receber logo,
não talvez cem por um de quanto deu ao Senhor, mas, pelo menos, tranquilidade e
paz. Mas Deus nem sempre permite que isso aconteça. Na primeira leitura de hoje
avisa-nos mesmo: «Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, prepara a tua
alma para a provação» (v. 1). Sendo assim, a provação não é um mal, mas um bem,
um sinal do amor de Deus, a condição para crescermos no seu amor, para
recebermos grandes graças. Por isso, continua: «tem paciência nas vicissitudes
da tua humilhação, porque no fogo se prova o ouro e os eleitos de Deus, no
cadinho da humilhação.» (vv. 4-5). Deus sabe que levamos em nós algo de muito
precioso. Submete-nos à provação para que esse tesouro se torne mais belo e
agradável aos seus olhos. Da nossa parte, nada mais convém fazer senão
abandonar-nos e apoiar-nos no Senhor: «Confia em Deus e Ele te salvará» (v. 6).
A vida dos que pretendem servir o Senhor há-de ser recta e unificada pelo amor de Deus. Deve decorrer, não no medo, mas no temor de Deus, isto é, num profundo respeito, permeado de amor por Ele: «Ai do coração pusilânime, e das mãos desfalecidas, e do pecador que segue dois caminhos!» (2, 12). O temor do Senhor é garantia dos favores divinos: «Vós, que temeis o Senhor, contai com a prosperidade, a alegria eterna e a misericórdia» (2, 9).
Jesus, o Servo de Deus por excelência, também passou pela provação. Quando se preparava para subir a Jerusalém, preparou os discípulos para não serem simples espectadores do que ia tã
;o intensamente viver. Consciente das dificuldades, foi-os educando progressivamente a diversos valores: à escolha do último lugar, à renúncia a miragens demagógicas, ao acolhimento dos que não contam, como as crianças. Procura prepará-los para a cruz, que não hão-de apenas pelo seu lado negativo, mas como caminho de ressurreição. O mistério pascal nasce da combinação de paixão/morte e ressurreição. Os discípulos estavam sujeitos à tentação de pararem antes da chegada a Jerusalém, de arredarem caminho, de recorrem a atalhos ou caminhos mais largos. Era a provação dos discípulos há dois mil anos, e continua a sê-la também hoje. Se escutarmos o aviso do Ben Sirá – «Confia em Deus e Ele te salvará» – venceremos a provação e poderemos subir a Jerusalém para celebrar a sua e a nossa páscoa.
A vida dos que pretendem servir o Senhor há-de ser recta e unificada pelo amor de Deus. Deve decorrer, não no medo, mas no temor de Deus, isto é, num profundo respeito, permeado de amor por Ele: «Ai do coração pusilânime, e das mãos desfalecidas, e do pecador que segue dois caminhos!» (2, 12). O temor do Senhor é garantia dos favores divinos: «Vós, que temeis o Senhor, contai com a prosperidade, a alegria eterna e a misericórdia» (2, 9).
Jesus, o Servo de Deus por excelência, também passou pela provação. Quando se preparava para subir a Jerusalém, preparou os discípulos para não serem simples espectadores do que ia tã
;o intensamente viver. Consciente das dificuldades, foi-os educando progressivamente a diversos valores: à escolha do último lugar, à renúncia a miragens demagógicas, ao acolhimento dos que não contam, como as crianças. Procura prepará-los para a cruz, que não hão-de apenas pelo seu lado negativo, mas como caminho de ressurreição. O mistério pascal nasce da combinação de paixão/morte e ressurreição. Os discípulos estavam sujeitos à tentação de pararem antes da chegada a Jerusalém, de arredarem caminho, de recorrem a atalhos ou caminhos mais largos. Era a provação dos discípulos há dois mil anos, e continua a sê-la também hoje. Se escutarmos o aviso do Ben Sirá – «Confia em Deus e Ele te salvará» – venceremos a provação e poderemos subir a Jerusalém para celebrar a sua e a nossa páscoa.
Oratio
Pai santo, o teu Filho
Jesus Cristo, depois de anunciar aos discípulos a sua morte, manifestou-lhes no
monte santo o esplendor da sua glória. Mostrou assim que, pela sua Paixão,
alcançaria a glória da ressurreição. Fortalece, com o alimento interior da tua
palavra, a oblação dos sofrimentos que fazem parte da nossa vida reparadora.Que
ela, unida à de teu Filho, nos santifique o corpo e o espírito para celebrarmos
dignamente as festas pascais e nos alegrarmos um dia na visão da tua glória.
Amen.
Contemplatio
Deus compraz-se
naqueles que caminham diante dele na simplicidade do seu coração: compraz-se
naqueles que caminham com simplicidade diante dele. É no livro dos Provérbios
(Prov. 11). Deus detesta os corações duplos e hipócritas. Aqueles que usam a
dissimulação e a astúcia provocam a sua cólera (Job 36). O Espírito Santo
retira-se daqueles que são duplos e dissimulados (Sb 1, 5). Natanael ganhou o
coração de Nosso Senhor pela simplicidade e rectidão do seu coração (Jo 1, 47).
Deus não desprezará nunca a simplicidade, diz Job. Não rejeitará aqueles que se
aproximam dele com simplicidade: não repele os simples (Job 8,10). O Espírito
Santo assegura-nos que os cumulará com os seus dons e as suas bênçãos: Os
simples possuirão os seus bens (Prov. 28,10). O simples é bem sucedido nos seus
desígnios e Deus abençoa-O. Segue os caminhos de Deus; pode caminhar com
confiança (Prov. 10,9 e 29). Deus frustrará os que são dúplices e dará as suas
graças aos humildes (Prov. 3,34). Os simples são acarinhados, estimados por
Jesus, como aquelas crianças do Evangelho que Jesus atraía apesar dos seus
apóstolos. «É imitando esta inocência e esta candura de crianças, dizia Jesus,
que vos haveis de tornar agradáveis ao meu coração» (Mt 18). Como é que havemos
de hesitar em amar e em praticar a simplicidade? (Leão Dehon, OSP 3, p. 48s.)
Actio
Repete frequentemente
e vive hoje a palavra:
«Se alguém quiser ser o primeiro, faça-se servo de todos.» (cf. Mc 9, 35).
«Se alguém quiser ser o primeiro, faça-se servo de todos.» (cf. Mc 9, 35).
Subsídio litúrgico a
cargo de Fernando Fonseca, scj
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