10- Sexta - Evangelho - Mc 7,31-37
Bom dia!
Parece ser um dos procedimentos ou técnicas mais usadas pela
pedagogia de Jesus: Retirar a pessoa do campo visual das pessoas.
É preciso notar que esse afastamento não a retira do convívio em
sociedade, da comunidade, do grupo, mas a traz, nem que seja por um breve
momento, a ter um contato com Jesus um pouco mais próximo e reservado. Quantas
pessoas conhecemos que também andam por ai desmotivadas, cansadas, desgastadas,
desesperaçosas, (…) que a surdez, não física, mas da compreensão, já não as
permite que ouçam conselhos, direcionamentos ou ânimo.
Sim! O cansaço físico, aliados ao mental, pode tornar alguém muito
forte na fé, ficar surdo. Esse processo é muito comum e peculiar a todo ser
humano. Alguns o chamam de desmotivação; outros preferem chamar de “branco
mental’, mas a igreja os chama de tibieza e acídia.
“(…) A TIBIEZA é uma hesitação ou uma negligência em responder ao
amor divino, podendo implicar a recusa de se entregar ao dinamismo da caridade.
A ACÍDIA OU PREGUIÇA ESPIRITUAL chega a recusar até a alegria que vem de Deus e
a ter horror ao bem divino“. (§2094 Catecismo da igreja Católica)
Quem lida com pessoas, projetos e ações, sejam elas inseridas ou
não dentro de um contexto pastoral, sendo assim o trabalho, a família, o estudo
também se incluem, não esta livre de momentos de “branco” espiritual. Por
muitas vezes já enfatizei que as grandes quedas não ocorrem durante as
tempestades, mas nos períodos de calmaria. Um tempo tranquilo que engana e nos
faz “baixar a guarda”.
Como não estamos imunes a esse tormento é importante aceitar esse
convite que o Senhor nos faz de sair de vista, mas não de abandoná-lo. Se pudéssemos
tornar isso mais concreto, seria sentar no banco aquele que por anos coordenou;
ser mais um, no entanto sabendo que ainda é e será único; reinventar a
motivação, buscar novos desafios ou tornar os mesmos novamente novos. É tentar
ser novamente namorada(o) do seu marido (esposa); é se interessar pelas
conversas complicadas dos jovens; é partilhar o problema com que se confia; é
permitir-se novamente ser novo, abrir-se ao amor de Deus que insiste em dizer
“(…) Efatá!, que quer dizer: Abre-te!”
O Senhor sabe a hora e o quanto suporta cada um; Ele sabe dar e
reconhecer o repouso dos justos, mas mesmos desanimados, perseguidos ou
desmotivados Ele propõe que nos abramos ainda mais. Esse estágio momentâneo de
fragilidade nos permite se aproximar Dele e por Ele sermos cuidados. Quem nunca
sucumbiu ao fundo do poço e da lá quando saiu, apareceu ainda mais forte?
“(…) Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu
vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou
manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque
meu jugo é suave e meu peso é leve”. (Mateus 11, 28-30)
Sabemos que muitos também se “escoram” no colo de Jesus para
justificar a sua infinita fraqueza ou vontade de lutar. É preciso que todo
cristão se emprenhe em olhar pelos que mais sofrem, mas também cabe a aquele
que também é vítima ou se vitima, ter a coragem de levantar e encarar seus
problemas com os olhos fitos nele.
“(…) §6. Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma
sem Páscoa (…). Compreendo as pessoas que se vergam à tristeza por causa das
graves dificuldades que têm de suportar, mas aos poucos é preciso permitir que
a alegria da fé comece a despertar, como uma secreta, mas firme confiança,
mesmo no meio das piores angústias… “. (Papa Francisco)
Sabemos das desigualdades sociais, mas é preciso entender que a
procura por vagas de emprego e de estudo sejam sempre maiores que as do
cadastro do bolsa família; As horas em preces ou lamentações sejam menores que
ou iguais ao tempo que passamos também andando em busca de algo melhor. Sou
sempre vítima?
Como diz minha ex chefe (Adriana Rezende): Levanta! Para de
reclamar! Vem correr! Riso.
Um imenso abraço fraterno!
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