04- Sábado - Evangelho - Mc 6,30-34
O Evangelho de hoje começa com o amável convite de Jesus aos
Apóstolos, que acabavam de chegar da sua missão apostólica, satisfeitos e
cansados: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansemos um pouco”.
Entretanto, o povo descobriu para onde iam, e foi a pé, por terra.
Assim, quando chegaram, encontraram uma multidão os esperando! Jesus “teve
compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas
coisas”.
É interessante o modo de Jesus se relacionar com a multidão. Ele
disse uma vez: “Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem” (Jo 10,14).
Jesus evitava aquele messianismo político, pelo qual os seus contemporâneos
judeus ansiavam. Evitava também o sectarismo gregário de massa. O seu contato
era personalizado, dando origem ao Povo de Deus, ou à Comunidade cristã, na
qual todos se conhecem e se amam, assim como o pastor conhece suas ovelhas.
“Foi vontade de Deus santificar e salvar os homens, não
isoladamente e sem conexão alguma de uns com os outros, mas constituindo um
Povo, que o confessasse em verdade e o servisse em santidade” (Concílio Vat.
II, LG, 9).
Os primeiros cristãos entenderam bem essa lição e se uniam em
Comunidades, onde viviam unidos como irmãos, tendo um só coração e uma só alma.
Hoje a Igreja, pelo fato de ter milhões de membros, pode dar a impressão de ser
massa. Mas não é. É só observar as nossas paróquias e Comunidades.
Várias vezes os evangelistas escrevem que Jesus sentiu compaixão.
Ele tinha dó das pessoas carentes, das que sofriam, e aqui, das que estavam
como ovelhas sem pastor. E ele não parava só no sentimento de compaixão, mas
fazia o que ele podia pelo povo.
Jesus não possuía nada, não tinha nem onde reclinar a cabeça. Mesmo
assim, não se preocupava consigo mesmo, mas com os outros. Quantos cristãos e
cristãs têm esse mesmo coração! É deles que nascem as diversas pastorais e as
atividades missionárias das Comunidades. Quando sentimos compaixão, e rezamos,
Deus nos indica algum caminho.
Que bom seria se nós, ao nos depararmos com situações de carência,
material ou espiritual, sentíssemos compaixão, uma compaixão ativa que se
transforma depois em ação!
Certa vez, um homem terminou de construir a sua casa. Ficou linda.
Ele a mobiliou com móveis novos, todos no mesmo estilo.
Então convidou um amigo para almoçar com ele e ver a casa.
Terminada a refeição, mostrou toda a casa para o amigo, depois perguntou:
“Falta alguma coisa? Pode dizer sem acanhamento, que vou comprar hoje mesmo”.
O amigo criou coragem e falou: “Eu sinto que está faltando Deus na
sua casa!” O dono da casa se surpreendeu, porque não havia pensado nesse
componente da casa. E ficou perdido, confuso, sem saber o que fazer, pois Deus
não dá para se comprar!
Quantas casas hoje são assim: têm tudo, menos o principal que é
Deus. Que sintamos compaixão, uma compaixão ativa, como fez o visitante da nova
casa. “O que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se e a
arruinar a si mesmo?” (Lc 9,25).
Maria Santíssima foi uma mulher ativa na luta pelo bem do povo.
Vemos os seus anseios expressos no magnificat, e levados à ação nas bodas de
Caná, ao pé da cruz, no Cenáculo etc. Santa Mãe Maria, o povo continua como
ovelhas sem pastor; dai-nos um coração semelhante ao vosso!
Eram como ovelhas sem pastor.
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