03 - Sexta - Evangelho - Mc 6,14-29
É João Batista, a quem mandei cortar a cabeça, que ressuscitou.
Neste Evangelho, o evangelista Marcos conta para nós como foi o
martírio de S. João Batista, e por quê.
O fato de Marcos situar este relato entre o envio dos doze
Apóstolos e o seu regresso, adquire um valor de sinal. O martírio de João é uma
antecipação e um anúncio da sorte final que correrão Jesus e os seus discípulos.
É a sina dos profetas.
O evangelista começa relatando várias opiniões sobre Jesus, entre
elas a de Herodes: “É João Batista, a quem mandei cortar a cabeça, que
ressuscitou”.
O motivo do assassinato foi que Herodes se casara com Herodíades,
mulher de seu irmão Filipe, e João reprovava-lhe este ato. Por isso Herodes
queria eliminá-lo. Mas Herodes respeitava João e “gostava de ouvi-lo, embora
ficasse embaraçado quando o escutava”. Isso mostra a fragilidade do caráter de
Herodes.
A ocasião chegou quando Herodes deu um banquete pelo seu
aniversário, e a filha de Herodíades, chamado Salomé, segundo o historiador
Flávio Josefo, dançou diante dos comensais. Herodes entusiasmou-se tanto que
jurou dar à menina qualquer coisa que ela pedisse, mesmo que fosse a metade do
seu reino. Salomé, instigada pela mãe, pediu a cabeça de João Batista, e ele
atendeu. Poucos anos depois, em 39, Calígula lhe tiraria todo o reino,
enviando-o para o desterro em Lião.
Vemos no relato uma impressionante aproximação entre o luxo e a
luxúria, a embriaguês e o crime passional. Isso do lado do assassino. Do lado
do mártir, o que nos interessa, vemos a aproximação entre a vida austera e
penitente, e a coragem profética. O profeta não deve ter medo de denunciar,
para a pessoa certa e com palavras certas, as situações anti-evangélicas.
Outra mulher, Ester, também por encantar o rei, Assuero, recebeu a
promessa da “metade do seu reino”. Graças a essa promessa, ela libertou o povo
israelita da escravidão da Babilônia (Cf livro de Ester).
Os martírios de João Batista e de Jesus são parecidos. Ambos
morreram vítimas de sua luta pelo Reino de Deus, um reino de verdade, de
justiça, de amor verdadeiro e de bom exemplo.
O escândalo de Herodes, ao se casar com a cunhada, era o tipo da
coisa que todo mundo sabia, mas ninguém tinha coragem de abrir a boca. Se ele
vivesse hoje, certamente denunciaria tantos escândalos semelhantes que vemos
todos os dias. Criticaria também outros pecados e injustiças, cometidas
especialmente por autoridades, chefes e gente importante. Por isso, também hoje
João Batista não viveria muito tempo; nem ele nem Jesus. “Felizes os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,10).
Havia uma família, cujos filhos eram contra a oração em comum às
refeições. Mas a mãe não se deixava levar por eles. Quando acabava de por a
comida na mesa, ela dava um sorriso, fazia o sinal da cruz e rezava uma oração
curta e bonita, pedindo a bênção de Deus para a comida e para outras coisas da
família. Em seguida, rezava a Ave Maria.
Os filhos ficavam emburrados, e o marido em cima do muro. Alguns
respondiam a Santa Maria de cabeça baixa, ou engolindo a voz, outros nem isso
faziam. E a mãe perseverou assim anos e anos.
Hoje ela é falecida, e os filhos são ótimos cristãos. Fazem em casa
o mesmo que a mãe fazia. Como é importante não ter respeito humano dentro de
casa!
O profeta é persistente, ele ou ela não se deixa levar pela onda do
mundo pecador, mas sempre dá testemunho de Cristo e de sua Igreja. Como o nosso
mundo precisa de outros João Batista, e de outras mães como esta!
Maria Santíssima é o melhor exemplo de mãe que temos, exemplo dado
a nós pelo próprio Deus. Por isso o seu Filho “crescia em sabedoria, estatura e
graça, diante de Deus e dos homens”.
É João Batista, a quem mandei cortar a cabeça, que ressuscitou.
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