06 de fevereiro – Sábado Evangelho - Mc 6,30-34
O Evangelho de hoje mostra Jesus cuidando de seus
discípulos e em contato com as multidões carentes, atento às suas necessidades
e procurando libertá-las de suas carências e opressões, dirigindo-lhes a
palavra.
Jesus repete novamente sua preocupação a respeito
da falta de operários para a messe, ou de pastores para o rebanho, em outras
palavras, hoje seria a falta de padres que sejam verdadeiramente pastores das
ovelhas. Muitos e santos ministros ordenados e comprometidos com a vida das
ovelhas. Ontem, como hoje também, existem muitas ovelhas precisando de
pastores pelo mundo afora! E Cristo nos compromete nesta missão.
O
amor de Cristo é tão sincero e afetuoso pelos seus irmãos, que nem mesmo o
cansaço ou a fome são capazes de privar as pessoas de Seu convívio. Nesta
Palavra de hoje, percebemos duas atitudes de Cristo para com os seus: a
primeira, quando Ele chama Seus discípulos ao descanso, sabendo que eles
viveram uma batalha espiritual árdua, e para tanto é preciso recolhimento,
descanso físico e espiritual. É preciso se fortalecer. A comida, por exemplo,
pode ser entendida como alimento material, mas também alimento espiritual,
afinal nem só de pão vive o homem. Em muitos momentos dos Evangelhos, o próprio
Cristo recolhe-se para orar, para conversar com Deus e Ele nos ensina a,
justamente, ter esses tipos de momento, para criar intimidade com o Pai.
Entretanto, aquela multidão que ali se encontra
não percebe essa situação, porque estão sedentos de amor, atenção, pois eles
estão constantemente sendo excluídos da sociedade, da própria religião que
professavam. Em Jesus e nos Seus discípulos se percebe um acolhimento, uma
Palavra que é diferente de tudo que eles conheciam uma palavra que une e não
separa que perdoa e não se vinga das suas faltas. A razão é simples:Eles eram como ovelhas sem Pastor. Isto significa que eles
agiram até agora por ignorância. Sem saber ou distinguir a mão direita da
esquerda. Que constatação triste, não existe nada pior que a solidão, não ter
com quem contar, com quem conversar, dividir dores e alegrias, não fomos feitos
pra viver como ilha, mas juntos. Jesus sente essa solidão em cada pessoa,
apesar de estarem numa multidão.
O
texto ressalta a compaixão de Jesus para com o povo com uma característica
específica: era um povo muito sofrido, rejeitado e desprezado pelos chefes
político-religiosos de então, que nem tinha tempo para comer. E quando Ele se
retirava, o povo ia atrás dele. O que atraía tanta gente? Com certeza não foi
em primeiro lugar a doutrina, nem os milagres, mas o fato de irradiar
compaixão, de demonstrar duma maneira concreta o amor compassivo de Deus. Jesus
não teve “pena” do povo, não teve “dó” dos sofridos. Teve “compaixão”,
literalmente, sofria junto, e tinha uma empatia com os sofredores, que se
transformava numa solidariedade afetiva e efetiva. Este traço da personalidade
de Jesus desafia as Igrejas e os seus ministros hoje, para que não sejam
burocratas do sagrado, mas irradiadores da compaixão do Pai. Infelizmente,
muitas vezes as nossas igrejas mais parecem repartições públicas do que lugares
do encontro com a comunidade que acredita no amor misericordioso de Deus e na
compaixão de Jesus! A frieza humana frequentemente marca as nossas atitudes,
pregações e cuidado pastoral. Num mundo que exclui que marginaliza e que só
valoriza quem consome e produz, o texto de hoje nos desafia para que nos
assemelhemos cada vez mais a Jesus, irradiando compaixão diante das multidões
que hoje como nunca estão como ovelhas sem pastor.
Então,
mesmo sabendo da necessidade de descanso, Ele sente compaixão, e serve.
Ensina-nos que servir ao próximo deve ser prioridade, apesar dos cansaços,
apesar das dores, precisamos ver e entender que existem muitas pessoas
necessitadas! E pode ter certeza que muitos a nossa volta, que aparentemente
não precisam de nada, são carentes de uma palavra, de um ombro amigo, de alguém
que os escute. E por isso manifestam a sua carência de várias formas:
agressividade, mau comportamento, irritação, puxam o chão dos nossos pés. E
tudo o que fazem é só procurar arruinar a vida dos outros. Minha irmã, meu
irmão, não existem pessoas difíceis ou que nos roubem tempo. O segredo é
levá-las não nos ombros e sim no coração. Pois, as pessoas nos serão pesadas se
nós as carreguemos nos ombros. Mas se as levarmos no coração elas se tornam
mais leves que o fumo. Basta pedires que Jesus faça do seu coração semelhante
ao d’Ele. E verás que estas pessoas são como que ovelhas sem pastor. E então tu
serás o pastor que elas estão precisando.
Ó
Pai dai-nos a Graça de levar nossos irmãos no coração, de servir acima de
nossas próprias necessidades, confiando que, em Jesus, poderemos descansar e
entregar nosso peso para que Ele nos ajude a levar o nosso e o dos outros.
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