03 de Março - Quinta - Evangelho
- Lc 11,14-23
Pe.
Antônio Queiroz CSsR
Quem
não está comigo, está contra mim.
Este
Evangelho começa dizendo que Jesus expulsou um demônio que torna a pessoa muda.
Há duas espécies de mudez: A física e a espiritual. Mudez espiritual é não
falar o que deve. É a alienação.
Quando
este “demônio” toma conta de uma pessoa, ela não fala, não toma posição, não
anuncia a verdade nem denuncia a mentira, não testemunha a favor do bem nem
denuncia o mal, não se posiciona do lado da justiça nem contra a injustiça. Não
é contra nem a favor, muito pelo contrário. É desses que o capeta gosta. Expulsar
esse demônio foi e continua sendo uma grande obra, para que o Reino de Deus
seja construído.
Mas
outros “possessos”, as autoridades daquele tempo, reagiram, dizendo que Jesus
agia pela força de Belzebu, o príncipe dos demônios. Belzebu era o nome de um
ídolo antigo. Era tão maldoso que o povo o considerava o chefe dos demônios.
Ligar Jesus com os demônios era um jeito fácil de levar o povo a desacreditar
nele. Isso acontece muito hoje, especialmente no tempo de campanha eleitoral:
Um candidato faz uma obra boa, seu adversário diz que foi por interesses
pessoais ou por outros motivos pecaminosos, sendo que muitas vezes ele fez a
obra com a melhor das intenções.
O
povo estava cada vez mais acreditando em Jesus e deixando de obedecer aos
fariseus. Estes queriam desacreditar Jesus, dizendo que Deus não estava com
ele. Mas e aqueles milagres que só eram possíveis com uma força sobre natural?
O jeito foi atribuí-las aos demônios. Mas e quando Jesus expulsava demônios?
Foi diante deste impasse que criaram essa saída maldosa: é pelo chefe dos
demônios que ele expulsa demônio. Mas Jesus desmascara a falsidade, mostrando
que é impossível o chefe dos demônios expulsar um colega demônio. Assim o reino
deles estaria dividido internamente e não sobreviveria. De fato, a mentira não
“cola”, pois demônio não expulsa demônio. Um reino, divido contra si mesmo,
logo acaba. Também uma família, se é dividida internamente, ela se acaba.
E
Jesus apresenta o motivo verdadeiro por que ele expulsa demônios: “Quando um
homem forte e bem armado guarda a sua casa, seus bens estão seguros. Mas quando
chega um homem mais forte do que ele, vence-o”. Esse homem mais forte é Jesus.
Portanto, Jesus é mais forte que todos os demônios, inclusive Belzebu.
“Mas
se é pelo dedo de Deus que eu expulso demônios, então chegou para vós o Reino
de Deus”. Jesus está dizendo isso a nós, cristãos e cristãs de hoje. Se
acreditamos nele, vamos acreditar também no Reino de Deus por ele fundado e nos
comprometer com esse Reino.
Somente
optando por Cristo, que é o mais forte e venceu o mal, será possível também a
nossa vitória sobre o pecado que tenta tomar conta de nós. Assim, evitamos a
surdez diante dos apelos amorosos que Deus nos envia todos os dias.
E
Jesus termina dizendo: “Quem não está comigo está contra mim. E quem não
recolhe comigo, dispersa”. Em outras palavras, ninguém fica neutro diante de
Jesus e de sua Igreja. Ou é a favor e assume a mesma causa, ou é contra e
procura destruir. Está aí uma concretização da profecia de Simeão: ele será um
sinal de contradição e uma pedra de tropeço. Assim serão revelados os
pensamentos de muitos corações (Lc 2,34-35).
Jesus
usa a comparação de uma colheita de grãos: Diante dele e de sua Igreja, ninguém
fica parado: ou recolhe os grãos, ou espalha-os dificultando o trabalhos dos
que recolhem. Está aí uma interrogação para nós: Estou recolhendo ou
espalhando, colaborando ou prejudicando Cristo e a sua Igreja? Diante de Cristo
e da sua Igreja, não há outra opção válida a não ser a obediência à Palavra de
Deus, porque este é o único caminho que conduz à vida.
A
economia deve estar a serviço da vida e não o contrário. “A riqueza de uma
nação não se mede por critérios quantitativos mas pelo bem-estar do seu povo”
(Pio XII).
Certa
vez, pelas seis horas da manhã, um garotinho de uns oito anos ouviu, de sua
cama, o pai e a mãe discutindo lá na cozinha. O menino se esforçava para
entender o motivo da briga, mas não ouvia direito as palavras que os dois
falavam. De repente, ele ouviu bem nítido o pai dizer: “Eu vou procurar outra
mais bonita!”. A mãe respondeu: “Pode ir, eu acho bom mesmo!”.
A
criança ficou preocupada. Levantou-se depressa e, de pijama mesmo, saiu
correndo atrás do pai, que já estava saindo na rua. A mãe viu, segurou-o pela
mão e perguntou: “O que é isso, filho?” Ele destampou a chorar e disse: “Mamãe,
o papai vai procurar outra mulher mais bonita que a senhora?” “Não, filhinho!”
– explicou a mãe, abraçando-o – “Foi esta cortina da janela da sala, que papai
comprou e eu não gostei!”
Quantos
casais brigam, e até se separam, sem nem ligar para o que isso representa para
os filhos! A tentação nos chega de muitas formas. Que Deus, pela intercessão de
Maria Santíssima, abençoe as nossas famílias e as faça cada vez mais unidas!
Maria
Santíssima teve seu coração transpassado por uma espada de dor. Ela lutava pelo
bem e se posicionava sempre a favor do Reino de Deus. Que ela nos ajude a
celebrar a quaresma, escolhendo a vida.
Quem
não está comigo, está contra mim.
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