06 de Março - DOMINGO - Evangelho - Lc 15,1-3.11-32
Prefiro denominar assim o texto de hoje porque na verdade, O Senhor é misericórdia e clemência, indulgente e cheio de amor. O Senhor é bom para com todos e, misericordioso para todas as suas criaturas (Sl 144,8s)
Este
Evangelho narrado por Lucas, conhecido como “parábola do filho pródigo”,
poderia muito bem ser denominado “parábola do pai misericordioso”. Nele temos a
revelação do Deus de Jesus que a todos acolhe em seu infinito amor. Respeita
plenamente a liberdade de seus filhos e está com o coração aberto para
acolhê-los a qualquer momento, sem censuras, independentemente de sua história
passada. Este é o meu Deus de quem eu devo aprender todos os dias e horas.
Diferencia-se do deus dos escribas e fariseus, que castiga os que dele se
afastam, impondo-lhes variados sofrimentos; e, se há arrependimento, reata sua
aliança sob ameaças.
É por seu amor misericordioso que o Deus de Jesus
move à conversão e ao reencontro com a vida plena. Assim a parábola do Pai
Misericordioso vai mostrar como Deus pai age diante do filho pecador. A
situação que relata é absolutamente real e facilmente encontrável em qualquer
família humana. Um homem tinha dois filhos. Um pede a parte na
herança e vai embora. Gasta os bens, passa fome e
resolve pedir para voltar para que viva apenas como empregado de seu pai – ele
sabe que errou muito e que, por ser um homem justo, seu pai não deixava os
empregados passar fome; por isso, quer viver ali nem que seja como um deles,
para não morrer de forme. O pai, contudo, vai além: não só
o recebe como o aceita novamente e o coloca no lugar onde sempre esteve: o de
seu filho. O outro filho – que permanecera fiel ao pai – cobra,
sente inveja, sente raiva. E o pai o convida a participar
daquela festa, porque seu irmão havia sido recuperado e a família estava
novamente composta.
O
processo de conversão começa com a tomada de consciência: o filho mais novo
sente-se perdido econômica e moralmente. A acolhida do pai e as medidas tomadas
mostram não só o perdão, mas também o restabelecimento da dignidade de filho.
É necessário, filho, que te alegres: teu irmão estava morto e
reviveu, perdido e foi achado. O filho mais velho é justo e perseverante, mas
é incapaz de aceitar a volta do irmão e o amor do pai que o acolheu. Recusa-se
a participar da alegria. Esta é a tua é minha atitude quando tachados de
corretos e justos não aceitamos no nosso meio todos os que arrependidos nos
pedem desculpas e perdão pelas falhas cometidas. Quantas vezes oiço dizer.
Padre, eu não consigo perdoar o que meu marido me fez, minha esposa me fez.
Tenho mágoas do meu pai, da minha mãe, dos meus filhos. O que faço? Está aqui a
resposta da tua pergunta. Com esta parábola, Jesus nos faz apelo supremo para
que assim como os doutores da Lei e os fariseus deveriam aceitar e partilhar da
alegria de Deus pela volta dos pecadores assim tu, assim eu devemos nos alegrar
com o arrependimento, a conversão e o retorno à dignidade da vida dos nossos
irmãos e irmãs.
A atitude do pai é incondicional: meu filho
estava perdido e voltou! Com a festa ele demonstra a sua
alegria – que deve ser a alegria de toda a comunidade, até daqueles que se
sentem diminuídos em valor diante do que se considera pecador.
Devemos acreditar na misericórdia do Pai que nos
recebe sempre de braços abertos e com muita festa. E devemos,
sobretudo, pedir que essa mesma misericórdia seja derramada infinitamente em
nosso coração para que possamos ver com os olhos de Deus os nossos irmãos que
julgamos pecadores e reconhecer que todos somos merecedores do mesmo amor do
Pai.
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