Domingo, 28 de fevereiro de 2016.
Evangelho de São Lucas 13, 1-9
O caminho da Quaresma nunca é fácil porque exige uma abertura de
coração para escutar com mais atenção a Palavra de Deus e mudar tudo aquilo
está errado. Sabemos que mudança de comportamento é difícil, podemos afirmar
que é uma penitência, pois, o modo de agir e ser estão fortemente incorporados
na pessoa que a transformação, a conversão se torna muito difícil. Torna-se
difícil escutar, acolher a Palavra que o Senhor nos dirige para sair-se dessa
situação de imperfeições, erros e pecados.
O Evangelho de hoje nos fala de tragédias que aconteceram com
alguns galileus e a parábola da figueira que não produzia frutos. Tragédias
acontecem, muitos falam em castigo de Deus. Deus é misericórdia e não castiga
ninguém. Outros querem sempre achar o culpado, culpam até a vítima. O
importante é não julgar e nem condenar, é preciso enxergar a verdadeira
realidade e fazer justiça. Assim ao invés de procurar culpados, deveríamos
preocupar mais com a nossa conversão, como nos aconselha Jesus. O mundo seria
bem melhor se cada pessoa cuidasse mais em reparar seus erros, do que ficar
apontando os erros dos outros e condenando-os, sem saber ao certo os motivos
dos acontecimentos e situações. Por isso Jesus reagiu diante das notícias
trágicas que vieram lhe contar, dizendo: “se vocês não se converterem, vão
morrer todos do mesmo modo”. Foi nesse contexto que Jesus contou a parábola da
figueira, para ensiná-los a se preocuparem mais em fazer o bem,
produzir frutos bons de boa qualidade, do que julgar as ações dos outros.
A parábola da figueira quer mostrar como Deus é solidário e
paciente. A figueira é uma árvore comum e produtiva da Palestina. Geralmente plantada
no meio das vinhas, que produz quase o ano todo, a vinha é símbolo de Israel, a
vinha é o povo eleito, por isso a figueira também simboliza o povo eleito.
Nessa parábola a figueira representa o povo ao qual Jesus pertence
e todos que ouvem sua Palavra. Quem Plantou a figueira foi Deus. O agricultor é
Jesus. Os três anos podem ser o período da pregação de Jesus, da qual se
esperava frutos em abundância. O patrão é rigoroso na sua decisão, arrancar a
figueira, referindo-se a Israel uma árvore ociosa que não produz frutos, desta
forma não tem sentido viver. Talvez o evangelista Lucas esteja também se
referindo às lideranças político-religiosas, que não aceitaram que rejeitaram
Jesus e seus ensinamentos.
No entanto o agricultor intervém, ele pede mais um tempo, vai
adubar, vai cuidar, afofar a terra. Os camponeses sabiam que não era preciso
adubar a figueira, pois era plantada no meio das videiras. Jesus representado
pelo agricultor, aposta nas pessoas, dando-lhe mais uma oportunidade de
mudança. Deus é solidário e misericordioso, quer a salvação para todos. Mesmo
que não vão mudar de vida, Deus está dando mais uma oportunidade.
A mesma coisa acontece na Quaresma, todos os católicos estão no
mesmo tempo litúrgico, mas nem todos farão mudanças para melhor na sua vida. A
maioria passa pela quaresma sem mudar em nada os seus maus procedimentos. Ir à
Igreja e não praticar a fé, produzindo frutos bons, bonitos, saudáveis conforme
a vontade de Deus é ser igual à figueira que não dava frutos.
Vamos aproveitar esse tempo sagrado da quaresma, que além de
representar o deserto, é o tempo certo para mudanças. É o agricultor Jesus
cavando a nossa volta e colocando o adubo da fé, da esperança e do amor, para
que possamos nos alimentar dele e ser também mais amorosos, mais fraternos,
mais justos, mais solidários.
Assim como o dono da vinha esperou pacientemente muitos anos, com
muito cuidado, preocupando-se com a figueira para ver se ainda dava algum
fruto, assim Deus espera por todos nós com paciência para nos corrigirmos e
penitenciarmos. Jesus pede ao Pai mais um tempo, intercede por seu povo,
oferecendo amor, sacrifício e vida.
Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes
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