28/02/2016 - III Domingo da Quaresma – 1ª. leitura - Êxodo
3,1-8.13-15 – “ir além do deserto”
Moisés partiu para o deserto, como um fugitivo porque havia
cometido um crime e tinha medo da punição. Deserto é lugar de solidão, de
secura, de aridez, de isolamento, de fuga.
No deserto ele se acomodou pastoreando o rebanho do seu sogro, levando, uma
vida insípida e sem perspectiva. Um dia, porém, Moisés sentiu o desejo de ir
mais adiante na solidão da sua vida e atravessou a fronteira do deserto encontrando
outra realidade que o atraiu e mudou o
rumo da sua existência. A história de Moisés não é muito diferente da nossa
história, isto é, da história do homem e da mulher dos dias atuais. Apesar de
estarmos rodeado por uma multidão vivemos no deserto, pois estamos cuidando de
nós mesmos e de pastorear apenas aquilo que nos pertence, dentro dos nossos
limites humanos e sociais. Cultuamos o isolamento, o não compromisso com o
próximo, mesmo com aqueles que convivem conosco. Valorizamos a nossa
individualidade e amargamos por isto, a solidão e a secura da nossa alma nos
nossos relacionamentos. Muitas vezes, até dentro de uma família também acontece
esta realidade: cada um para si e... Deus que cuide do outro. Porém, o ser humano não se basta a si mesmo. Todos
nós fomos criados com uma necessidade
muito maior daquela que nós próprios podemos suprir. O
saciar das nossas necessidades só acontece em Deus. Dentro de cada homem e de
cada mulher existe a marca de Deus, por isso, o “homem não descansará
enquanto não encontra-Lo”. O desejo de Deus é como um carimbo que foi
impresso no nosso coração por Ele mesmo. Assim, portanto, como Moisés, em certo
momento da nossa vida somos impelidos a ir mais além do deserto, além de nós mesmos para encontrarmos Aquele
que faz o nosso coração arder como aquela sarça chamejante que Moisés via e que
não era consumida pelo fogo. Esta sarça ardente é o nosso coração que arde com o
Amor de Deus pelo fogo do Espírito Santo.
Ao encontrar este fogo do Amor de Deus nós somos levados (as) a sair do
nosso isolamento. O encontrar-se com Deus faz com que encontremos o nosso
próximo. É o próprio Deus quem nos mostra
a necessidade e a carência do nosso irmão (ã) que está perto de nós e a
quem antes ignorávamos. O homem que
buscar a felicidade só a encontrará quando encontrar Deus e o irmão. O chamado é pessoal. Cada um de nós é um
universo, mas partindo de cada um, Deus quer recriar a unidade do todo. Cada
novo dia para nós é momento de recriação.
Ser para o outro é
o chamado de Deus para nós, em família, em comunidade e por onde andarmos. Tirar
o próximo da escravidão do Egito, das mãos do FARAÓ enfrentando as dificuldades
quaisquer que sejam elas é um desafio que Deus nos lança. Só o Amor de Deus far-nos-á
cometer atos de heroísmo! Só com Amor de Deus conseguiremos amar o outro como a
nós mesmos! O AMOR amado gera mais amor para amar. – Você
já teve essa experiência de ir além do deserto da sua vidinha? – Você já foi
atraído (a) pela sarça do Espírito Santo? – O fogo o (a) desinstalou ou você
ainda está preso (a) apenas à sua visão? - Você já tem consciência de que
é o Moisés na sua casa? Que você foi escolhido por Deus para tirar o seu povo
da “escravidão do Egito”? Pense nisto!
Salmo 102 – “O Senhor é bondoso e compassivo!”
Ser compassivo é ser cheio de amor, portanto assim é que o Senhor
é. Ser compassivo (a) é saber viver com paixão a vida que Deus nos dá. Que os
nossos lábios se abram e que a nossa alma nos anime a sempre louvar a Deus pelo
amor com que Ele nos ama. Que possamos em todos os momentos da nossa vida bendizer
o Senhor com a nossa alma e todo o nosso ser.
2ª. Leitura 1 Cor. 10, 1-6.10-12 – ”a
murmuração nos leva a morrer no deserto”
Ao tomar como exemplo o povo que atravessou o deserto em busca da
Terra Prometida São Paulo nos revela uma realidade muito presente na nossa
caminhada aqui na terra. Aquele povo todo que atravessou o deserto
teve a mesma proteção e providência de Deus para as suas necessidades. O Senhor
deu a uns a mesma oportunidade que deu aos outros, no entanto, mesmo assim a
maior parte deles desagradou a Deus, por isso, pereceu no deserto. O que
significa então morrer no deserto? A
morte no deserto é uma decorrência do nosso pecado e da nossa intransigência em
permanecer escravizado por ele. Todos nós também estamos aqui atravessando o
deserto da nossa vida sujeitos ou não a não entrar na terra prometida, isto é,
na vida eterna que Jesus nos preparou. O que pode nos levar à morte eterna não é propriamente
o ato de atravessar o deserto, mas a maneira como nós o fazemos. Quando conscientemente nos afastamos do nosso
rochedo espiritual que é Jesus; quando murmuramos e reclamamos do sofrimento; quando nos
rebelamos e queremos fugir de algum jeito, fazendo qualquer coisa para nos
livrar da cruz; quando pensamos que temos poder para tudo e não precisamos de
Deus nem de ninguém. A história do povo de Deus que a Bíblia nos conta nos
serve, então de exemplo, para guiar a nossa peregrinação aqui na terra. Somos
também aquele povo, feito da mesma matéria, que tem a tendência de se auto proteger
e compreende que as coisas ruins só podem acontecer com os outros, pois temos a
força de superar todos os desafios. – Para você o que significa essa advertência
de São Paulo? - Como você tem atravessado o deserto da sua vida, confiando em
Deus ou em si mesmo (a)? – Você está convencido (a) de que Deus o (a) assiste a
cada momento da sua vida? – O que você entende por Rochedo Espiritual?
Evangelho – Lucas 13, 1-9 – “as
consequências são naturais ”
Independentemente do bem ou do mal que tivermos praticado todos nós
haveremos de passar pela morte natural. A morte espiritual, porém, é a
morte da nossa alma pelo pecado e depende da nossa falta de conversão a
Deus e da nossa inutilidade durante o tempo em que labutamos por aqui. Assim, portanto, Jesus nos esclarece que os acidentes e as tragédias
pelas quais passamos na nossa vida não são um castigo de Deus, mas fatos a que
estamos sujeitos nessa travessia. Deus
não quer a morte do pecador, mas a sua conversão e mudança de vida. Às vezes, pensamos
que as coisas ruins que nos acontecem são punição de Deus por causa dos nossos
pecados. Quando então, reconhecemos que somos culpados carregamos um fardo
pesado e entendemos que seremos condenados pelas nossas ações; Por outro lado,
quando nos consideramos “bonzinhos e merecedores” achamos que somos injustiçados pelas coisas
ruins que bateram à nossa porta. Jesus,
porém, nos exorta: se não nos convertermos, se permanecermos no erro, no
pecado, na desobediência, serão também naturais, as más consequências que sofreremos.
O Senhor nos dá a chance, precisamos apenas aproveitá-la! Por isso, Ele conta a
Parábola da figueira a fim de que percebamos a paciência e o cuidado que o Pai
tem a fim de que não pereçamos. A nossa conversão e a mudança de vida são
condições para que também não morramos nos nossos pecados, isto é,
espiritualmente. A “morte espiritual” vem em consequência da nossa escravidão
ao pecado que nos afasta de Deus, desarmoniza a nossa alma impedindo-nos
de dar frutos bons. Somos, então, como uma figueira que foi plantada no meio da
vinha de Deus. Estamos ocupando um espaço, recebemos assistência, e há também
um vinhateiro que cuida de nós com paciência de mestre, apesar disso, nos
obstinamos em permanecer do jeito que somos e preservamos a nossa individualidade
de pecadores. Jesus é o vinhateiro a quem Deus Pai entregou a Sua vinha, mas
que acolhe até mesmo os que são diferentes. Cabe a cada um de nós nos deixarmos
cavar, adubar, regar a fim de que possamos dar frutos de justiça e santidade,
paz, amor para alimentar o mundo. O Senhor é paciente e permite a cada dia que
assumamos o lugar e o compromisso com a Sua vinha. – Qual é a visão que você tem das “desgraças”
que acontecem no mundo? - Você tem conseguido perceber que consequências as
suas ações têm trazido para a sua vida? – Quais os frutos que você tem
oferecido para alimentar o povo de Deus? – Você entendeu o que é a morte
espiritual?
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