SEXTA FEIRA DA II SEMANA DA QUARESMA 26/02/2016
1ª Leitura Gênesis 37, 3-4
Salmo 104 (105) , 5 a “Recorda as maravilhas que o Senhor operou”
Evangelho Mateus 21, 33-43.45-46
Lendo nas entrelinhas...
Nesta parábola escrita sob alegorias, a reflexão se tornará muito
mais rica se nos localizarmos em meio a elas. É claro que facilmente compreendemos
que se trata da rejeição a Jesus, que na parábola é o Filho.
A ideia de que a vinha é o Reino de Deus visível na cidade Santa de
Jerusalém onde está o templo, nos ajuda na reflexão mas é claro que não podemos
parar nisso, senão seríamos meros leitores, que vai se dar ao direito de
condenar os Judeus e seus líderes religiosos, que rejeitaram e mataram a Jesus,
embora seja exatamente esse o contexto histórico da parábola, que Mateus passa
aos seus conterrâneos e depois as comunidades do primeiro século do
Cristianismo.
Agora, pensemos na nossa comunidade, aquela que a gente frequenta,
e que pode ser uma grande igreja com uma imponente arquitetura, ou uma pequena
comunidade de um Bairro afastado. Não importa, é nela que cada um de nós
batizado recebe a missão de administra-la. Claro que na administração da vinha
entram os dons, carismas e ministérios, alguns com maior responsabilidade, mas
todos importantes para fazê-la frutificar.
A essas alturas o leitor irá pensar, “se for assim está fácil, na
minha comunidade ninguém matou profetas ou rejeitou Jesus, espancando-o e o
condenando a morte”. É temeroso pensar assim...Vejam o argumento principal dos
lavradores, ao verem o Filho enviado pelo Pai, para buscar os frutos da Vinha
“Ele é o Herdeiro, matemo-lo e teremos a sua herança!”.
Querer ser os Donos do Reino, os Donos da Comunidade, os donos dos
Sacramentos, os donos da Salvação e da Graça de Deus. Quantas pessoas buscam
Jesus na pastoral, no movimento, nos sacramentos da Igreja, e a gente não
colabora para que essas pessoas experimentem o Cristo na vida em comunidade.
Apossamo-nos da Vinha, não frutificamos e não deixamos outros frutificarem, em
uma atitude egoísta e egocêntrica. Por acaso isso não é também “Matar Jesus” que
o outro está buscando?
E sempre o matamos fora da Vinha, isso é, da Comunidade, quando
falta coerência em nosso testemunho e acabamos anunciando um Cristo morto, e a
nossa vinha produz uvas azedas das divisões, das intrigas, fofocas, disputas e
concorrências sem fim. Juramos que fazemos por causa de Cristo, mas na verdade
é por causa de nós mesmos, do nosso ego, do nosso prestígio e sucesso. Não nos
iludamos com cargos e funções ostentosas...Há pessoas na comunidade que em
surdina, com muita discrição, sem alardes, produzem e oferecem aos irmãos e
irmãs, em quem veem o Senhor, frutos doces e saborosos como nunca se viu. De
certa forma a Vinha foi nos tirada e dada a esses que demonstram ser
administradores eficazes. Descubram quem são eles aí na sua comunidade e deixe
de achar que só o seu fruto é bom, quando na verdade ele é azedo e muitas vezes
nem existe...
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