8 de Fevereiro - Segunda - Evangelho - Mc 6,53-56
Depois dos discípulos terem anuido ao convite do Mestre, abandonaram a casa de Simão e partiram para outras regiões da redondeza. E no Evangelho de hoje vemos os discípulos fazendo a travessia do mar agitado com seu próprio barco desembarcando em Genesaré e logo o povo reconhece Jesus.
O povo vai em massa atrás de Jesus. Eles vêm
de todos os lados, carregando seus doentes. O que chama a atenção é o
entusiasmo do povo que reconheceu Jesus e vai atrás dele. O que o move nesta
busca de Jesus não é só o desejo de encontrar-se com ele, de estar com ele, mas
também o desejo de obter a cura das suas doenças.
A salvação é dirigida a esta multidão formada
por gentios e judeus marginalizados. São os moradores dos povoados, cidades e
campos por onde Jesus andava, com seus discípulos. Jesus realiza a sua
atividade sobretudo entre as camadas mais sofredoras e abandonadas do povo,
costituindo, praticamente, a única esperança dessa gente.
O enfoque é a presença física libertadora de
Jesus. As curas são conseguidas com o toque, pelo menos na franja do manto
dele. A doença generalizada é fruto das barreiras a exclusão.
A cura resulta da libertação da exclusão e é
fruto da acolhida. Assim como, fisicamente,
o pão foi partilhado, o mesmo vale para o
corpo. A comunicação não se faz apenas pela palavra. Faz-se também pela
partilha do corpo. A presença física, o toque, o abraço, o sorriso acolhedor, o
olhar compreensivo e atento, a compaixão complementam a força comunicadora da
palavra libertadora.
Desde o começo da sua atividade apostólica,
Jesus anda por todos os povoados da Galiléia para falar ao povo sobre o Reino
de Deus que estava chegando (Mc 1,14-15). Onde encontra gente para escutá-lo,
ele fala e transmite a Boa Nova de Deus, acolhe e cura os doentes, em qualquer
lugar: nas sinagogas durante a celebração da Palavra nos sábados (Mc 1,21; 3,1;
6,2); em reuniões informais nas casas de amigos (Mc 2,1.15; 7,17; 9,28; 10,10);
andando pelo caminho com os discípulos (Mc 2,23); ao longo do mar na praia,
sentado num barco (Mc 4,1); no deserto para onde se refugiou e onde o povo o
procurava (Mc 1,45; 6,32-34); na montanha, de onde proclamou as
bem-aventuranças (Mt 5,1); nas praças das aldeias e cidades, onde povo
carregava seus doentes (Mc 6,55-56); no Templo de Jerusalém, por ocasião das
romarias, diariamente, sem medo (Mc 14,49)! Curar e ensinar, ensinar e curar
era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc
10,1). O povo ficava admirado (Mc 12,37; 1,22.27; 11,18) e o procurava em
massa.
Na raiz deste grande entusiasmo do povo
estava, de um lado, a pessoa de Jesus que chamava e atraía, e, de outro lado, o
abandono do povo que era como ovelha sem pastor (cf. Mc 6,34). Em Jesus, tudo
era revelação daquilo que o animava por dentro! Ele não só falava sobre Deus,
mas também o revelava. Comunicava algo do que ele mesmo vivia e experimentava.
Ele não só anunciava a Boa Nova do Reino. Ele mesmo era uma amostra, um
testemunho vivo do Reino. Nele aparecia aquilo que acontece quando um ser
humano deixa Deus reinar, tomar conta de sua vida. O que vale não são só as
palavras, mas também e sobretudo o testemunho, o gesto concreto.
Pela fé, todos nós esperamos e sonhamos com o
Reino de Deus, como um novo tempo, onde não haverá dor nem lágrimas. Ao curar
muitas pessoas, Jesus mostra que Deus reprova tudo o que faz o ser humano
sofrer. Mergulhemos na certeza de que nossa missão é seguir os passos do Mestre
para construir este “novo tempo”, entre nós.
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