11/12/2015
Advento
- Segunda Semana - Sexta-feira
Tempo do Advento Segunda Semana -
Sexta-feira
Lectio
Primeira leitura: Isaías 48, 17-19
17Eis o que diz o Senhor, teu redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor teu Deus, que te dou lições para teu bem, que te guio pelo caminho que deves seguir. 18Ah! Se tivesses atendido ao que Eu mandava! O teu bem-estar seria como um rio, a tua felicidade como as ondas do mar.19A tua posteridade seria como a areia, como os seus grãos, os frutos do teu ventre. O teu nome não seria aniquilado, nem destruído diante de mim.
o Deutero- Isaías concentra-se na
revelação do Senhor como Deus de Israel e oferece-nos uma espécie de
"rosário" dos nomes de Deus: Redentor, Santo de Israel (título
repetido 7 vezes: 41, 14; 43, 3.14; 47,4; 48, 17; 49, 7; 54,5). A salvação, que
manifesta a santidade de Deus, também se realiza por meio do ensino do coração
do povo, possibilitando-lhe viver a Aliança e conhecer o plano de amor
salvífico gratuito, que Deus tem para toda a humanidade, e que é razão última
da criação do mundo (v. 17).
O profeta faz também uma espécie de balanço
da história passada da Aliança: a palavra de Deus não foi escutada; a Lei não
foi observada; por isso é que Israel está tão longe da prosperidade que a
Aliança comportava. Mas, agora, Deus volta a dar-lhe a sua Palavra eficaz, de
modo que a obediência a ela possa ter efeitos profundos e duradoiros e conduza
Israel a uma vida na justiça oferecida por Deus (v. 18), garantindo o
cumprimento da promessa feita aos Pais (v. 19; cf. Gn 12, 2-3; 22, 17).
Evangelho: Mateus 11,16-19
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 16«Com quem poderei comparar esta geração? É semelhante a crianças sentadas na praça, que se interpelam umas às outras, 17dizendo: 'Tocámos flauta para vós e não dançastes; entoámos lamentações e não batestes no peito!' 18Na verdade, veio João, que não come nem bebe, e dizem dele: 'Está possesso!' 19*Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: ~í está um glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores de impostos e pecadores!' Mas a sabedoria foi justificada pelas suas próprias obras.»
Jesus acentua a incapacidade dos seus contemporâneos para compreenderem a bondade do tempo presente, uma vez que não estão abertos ao novo. Por isso, são como crianças que não sabem lamentar-se nem divertir-se. A parábola apresenta-nos dois grupos de miúdos que contrastam entre si: o segundo grupo perdeu interesse
pelo jogo, e amuou, ainda antes de o
iniciar (vv. 16-17). Os contemporâneos de João Baptista e de Jesus
comportaram-se do modo idêntico, devido à má vontade.
Em Mateus, a sentença final dá resposta a
esta reacção oposta de estilos de devoção: o estilo sábio de Deus foi
reconhecido por aqueles que tomaram seriamente em consideração o seu modo de
agir. O que Jesus pretende é agitar as consciências dos seus ouvintes e
convidá-los a acolher a "desconhecida hora de Deus". As palavras
sobre o Baptista terminam com um apelo a uma compreensão de fé que leve a optar
pelo projecto salvífico de Deus, sintonizando com o seu modo de agir e de se
revelar na história.
Meditatio
O Advento ensina-nos a desejar e a acolher
o Senhor. Mas é preciso estar disposto a acolhê-lo como Ele se apresentar, e
não segundo os nossos sonhos e critérios. Caso contrário, jamais O acolheremos,
porque Ele gosta de nos surpreender sempre. Se não Se apresenta como
sonhávamos, melhor, porque os nossos sonhos fecham-nos em nós mesmos, enquanto
que a Sua presença real e concreta nos faz sair de nós e nos põe em relação com
o Pai.
Há que estar pronto para reconhecer a
hora de Deus. Isso significa, em primeiro lugar, renunciar a entrincheirar-nos
em desculpas que apenas mascaram o nosso desinteresse e a nossa resistência ao
convite à conversão, que incessantemente nos é dirigido pela Palavra de Deus.
As recorrentes advertências dos profetas exortam¬nos a caminhar na justiça e
numa fé operante e sincera.
Mas a hora de Deus não é só a da
penitência e da mudança de vida. É também a da alegria trazida pelo Evangelho
de Jesus. A alegria evangélica nascerá em nós se soubermos reconhecer que Ele
não se envergonhou de ser chamado «amigo dos pub/icanos e dos pecedores- O
perdão que nos anuncia não é uma palavra vazia ou uma notícia genérica sobre a
boa disposição de Deus em relação a nós. É o evento perturbante da sua vinda, o
seu querer fazer festa connosco, pecadores. E não é uma festa que podemos adiar
para amanhã, como gostariam de fazer os miúdos caprichosos da parábola
evangélica, porque é para nós, hoje!
Que o Senhor que nos livre do espírito
de crítica que tudo recusa, que sempre encontra razões para não aceitar, para
não acolher a vida como ela se apresenta, as pessoas como são. Que o Senhor nos
dê verdadeiro espírito de acolhimento, espírito de benevolência para acolhermos
a todos, espírito que nos faça ver em tudo o que é bom, o que podemos
aproveitar para o serviço do Senhor, o que nos faz progredir no
amor.
amor.
Para os cristãos, e particularmente para
os religiosos, é um perigo grave encerrar-nos no egoísmo pessoal e comunitário,
fechando-nos a Deus e aos irmãos. Essa atitude seria negação do amor e da
disponibilidade para acolher a Cristo, onde quer que se manifeste. Muitas vezes
manifesta-se nos irmãos, particularmente nos carenciados e oprimidos.
Por isso as Constituições afirmam
correctamente: "A comunidade deixa-se interpelar pelos homens no meio dos
quais vive" Cst. 61); "A nossa vida religiosa ... é constantemente
interpelada. Somos obrigados a repensar e a reformular a sua missão e as suas
formas de presença e de testemunho ... exige o encontro frequente com o Senhor
na oração, a conversão permanente ao Evangelho e a disponibilidade de coração e
de atitudes, para acolher o Hoje de Deus" (Cst. 144).
Oratio
Senhor, hoje, sinto-me interpelado a
pensar e a reflectir sobre mim mesmo. Sei que há tempo para chorar e tempo para
dançar. Mas descubro que, muitas vezes, sou pouco sábio, e sou muito distraído
e incapaz de reconhecer a tua hora na minha vida. Queria ser eu a marcar o
tempo e o modo como Te apresentas na minha vida. Por isso, comporto-me como os
miúdos caprichosos de que falas no evangelho. Por isso, temo tornar-me vítima
da obstinação, e não conseguir julgar correctamente os sinais da tua presença
na minha vida, na vida da minha comunidade, na vida da Igreja, na vida do
mundo.
Não desistas de dirigir a tua Palavra ao
meu coração obstinado e endurecido, para que saiba compreender o teu plano
sobre mim e atinja a verdadeira sabedoria. Repreende-me, ainda que duramente,
quando quiseres que eu escute os apelos de João Baptista à penitência e à
conversão. Ajuda-me a reconhecer que é este o tempo da graça, o tempo em que me
ensinas para meu bem e me guias pelo caminho que devo percorrer. Amen.
Contemplatio
Jesus sofreu também a calúnia. Foi
rejeitado pelos homens, que escondiam a cara afastando-se d' Ele como se
corassem ao reconhecê-lo. Foi falsamente acusado como jamais alguém depois d'
Ele o foi. Chamaram-n'O Samaritano e fizeram correr o boato de que estava
possuído pelo demónio. Era, dizia-se, «um bom comedor e bebedor de vinho, um
amigo dos publicanos e dos pecadores». Era um impostor, um sedutor, um
sedicioso. Ser suspeito e acusado de pecado foi para o Salvador uma indizível
humilhação.
O padre falsamente acusado sofre também horrivelmente.
O padre falsamente acusado sofre também horrivelmente.
Os que acusavam Jesus e queriam
precipitá-lo da rocha abaixo e matá-lo, tinham sido cumulados dos seus
benefícios. Todo o padre deve estar pronto a sofrer a mesma ingratidão.
Quantos bons padres, cuja conduta é criticada,
censurada, acusada, condenada abertamente ou em segredo! Mesmo os seus amigos
se afastam deles. Mesmo os seus irmãos no sacerdócio, mesmo os seus superiores
talvez dêem crédito à calúnia. São nisto, como na sua dignidade e no seu
ministério, a imagem viva do Salvador.
Enfim, o divino Mestre morreu debaixo de
uma verdadeira tempestade de falsas acusações. Tinha sido abandonado mesmo
pelos seus amigos.
«Meus amados, diz S. Pedro, não vos
surpreendais com o fogo ardente que serve para vos provar, mas participando
assim nos sofrimentos de Cristo, alegrai-vos e no momento da revelação da sua
glória participareis também na sua alegria ... » (lPd 4, 12). (Leão Dehon, OSP
2, p. 601s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
(«Eu sou o Senhor teu Deus, que te guio pelo caminho que deves segui!») (Is 48, 17).
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
(«Eu sou o Senhor teu Deus, que te guio pelo caminho que deves segui!») (Is 48, 17).
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