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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

JOÃO ADVERTE SOBRE AS VIRTUDES DA JUSTIÇA E DA CARIDADE – Maria de Lourdes Cury Macedo.


Domingo, 13 de dezembro de 2015.
Evangelho de São Lucas 3, 10-18.

João falava ao povo, instruindo-o quanto a vinda do Messias. Muitos grupos se aproximavam de João e perguntavam: “Que devemos fazer?” Esse texto mostra algumas coisas que ele respondia: ao povo, aos publicanos e aos soldados. Eram pessoas que estavam na espera do Messias e abertas às propostas que vinham de encontro com suas esperanças. Tinham uma disposição interior para aceitar o novo que estava para chegar.
João fala ao povo da PARTILHA, não como esmola, mas dar, do que se tem. Naquela época as pessoas não tinham muita roupa, a maioria tinha apenas uma muda de roupa, os ricos tinham duas ou mais. Os miseráveis andavam nus. Uma túnica para quem tem duas representa 50% do que tem. Desta forma João mostrava uma nova ordem na sociedade baseada na partilha do que se tem e não na ganância e acúmulo de bens, em detrimento dos  desfavorecidos. João propõe uma nova sociedade, diferente da que existia na época.
Os cobradores de impostos, os publicanos, também perguntaram a João: “Que devemos fazer?” João mostra para eles o que era necessário para entrar na nova sociedade: “Vocês não devem cobrar mais do que foi estabelecido”. Cobrem apenas aquilo que é justo, porque cobravam a mais para ficar com uma parte do dinheiro, enriquecendo ilicitamente. João aconselha mudança de comportamento, de injustos para justos. Assim, eles poderiam fazer parte da nova sociedade, se libertando daquela antiga que abusa e explora, começando a sua conversão e entrando na justiça do Reino. Lembremos aqui da conversão de Zaqueu, que devolveu aos que ele explorou mais do que a justiça dos homens estipulava.
O terceiro grupo que se apresenta a João são os soldados de Herodes que acompanhavam os cobradores de impostos. Quando os publicanos não conseguiam roubar o povo usando pressões verbais recorriam à força militar da polícia. A polícia intimidava, batia, fazia falsas acusações... e tudo bem, porque viviam protegidos pelos poderosos e livres da impunidade. Eram os maiores violadores dos direitos humanos. Por isso João ordena aos soldados: “Não tomem pela força o dinheiro de ninguém, nem façam acusações falsas, fiquem contentes com seu soldo!” O abuso de poder não deixa construir sociedade e história novas.
A pregação de João foi aos poucos despertando no povo a ideia do Messianismo. O povo gostava de João Batista, admirava-o por causa da sua vida, das suas palavras, do seu exemplo. Tinha por João um grande conceito, devido a suas grandes virtudes, a tal ponto de pensar que ele fosse o Messias. João responde ao povo: “Eu batizo com água. Mas já está chegando aquele que é mais poderoso do que eu, que batizará na água e no Espírito Santo”. A resposta de João o identifica como Precursor da grande novidade. Ele é o que prepara a comunidade para o encontro com o Messias, que batizará no Espírito Santo. O Messias é Jesus. Ele possui o “Espírito” que é novo, trás em si a santidade divina. O programa de vida de João é simples preparação à acolhida do Messias.
João é o profeta da esperança, mas ele não é a esperança. Suas palavras não são definitivas que todos precisam escutar. João anuncia a chegada de outro que é maior que ele. João afirma que não é digno de “lhe desatar as correias das sandálias”. João queria dizer da grandiosidade de Jesus, que Jesus é o Senhor e dono de tudo que existe e que ele é um simples servo indigno. Tudo pertence a Jesus. João quer mostrar que o batismo de Jesus será o autêntico batismo. João é humilde, pois reconhece o Messias, o rei de Israel, o único Salvador com poder e autoridade para tudo. João não quer alimentar, falsas esperanças na sua pessoa, ele quer apenas cumprir sua missão de precursor do Messias, do Cristo Salvador. Quer preparar corações para receber o próprio Deus que vem nos visitar.
O Messias, sim, trará o julgamento à terra. João usa da metáfora do agricultor, que separa os grãos de trigo da palha; ele recolhe os grãos no celeiro e queima a palha. O trigo representa os bons, e a palha os maus, Jesus separará os bons dos maus, no juízo final. Aí tudo ficará claro, vai mostrar “quem é quem” na sociedade e na história. Vai desmascarar a sociedade injusta, cujo objetivo é a morte.
João quer mostrar para todos nós, velhos, jovens, crianças, adultos, enfim, a todos que as virtudes da justiça e da caridade devem orientar a nossa vida, nosso relacionamento com os irmãos. Essa é a solução para todos os problemas sociais. A injusta distribuição das riquezas é que causa toda a intranquilidade, todo mal estar que está no mundo. Diante de tudo isso nos esforcemos para praticar a justiça e a caridade, com espírito humilde e com grande simplicidade e lutar, trabalhar para que todos façam o mesmo, como nos alerta João Batista.


Maria de Lourdes

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