DOMINGO 13 de Dezembro de 2015
O terceiro domingo do Advento tem um sabor de
alegria. É o “domingo da alegria”, pedagogicamente
colocado pela Igreja nesta proximidade do Natal. É como quem está fazendo uma
viagem e, depois de uma boa caminhada, avista além da última curva da estrada o
lugar para onde está viajando. Que alegria! E esse lugar para onde vamos
caminhando é o Natal. É o nosso encontro com Deus, com o Messias, o
Deus-conosco, que veio morar em nossa terra: “Alegrai-vos, O Senhor está
perto”.
A alegria é tão grande que, a Liturgia, para bem
expressá-la, vai buscar uma página de Isaías, onde se fala da volta do exílio.
É como se a Palestina, terra tradicionalmente árida como o deserto e a estepe,
se cobrisse de uma exuberante vegetação, e por toda parte brotassem as flores,
lembrando a majestosa beleza do Líbano e do Carmelo. Só mesmo Isaías, grande profeta e grande poeta, sabe dizer as coisas com tão
cativante beleza.
Cristo
vem transformar o mundo numa terra de paz e de verdadeira alegria. Isaías o diz
com expressões vigorosas. Prevê os cegos recuperando a vista, os surdos
recuperando a audição, os paralíticos readquirindo os movimentos, e até
os mortos ressuscitando. E, particularmente precioso no meio de tudo isso, a
Boa-nova sendo anunciada aos pobres. Tudo isso está no Evangelho, no lugar onde
Jesus mostra aos discípulos de João Batista o que estava acontecendo ao redor
dele. Era a resposta concreta que dava a esses discípulos, que lhe vinham
perguntar se ele era o Messias ou se deviam esperar outro. Notemos que as curas
e as ressurreições anunciadas por Isaías são apenas sinais da ampla
transformação moral que a doutrina de Jesus, vivificada pela sua morte e
ressurreição, vinha realizar no mundo. A humanidade é como a terra árida do
deserto, onde brotam os espinhos do pecado e de toda a maldade. Sobre ela cai a
chuva do céu trazida por Jesus – gotejai, ó céus lá do alto, derramem as nuvens
a justiça, e o mundo se transforma. Tudo são flores de vida e de virtude.
Essa
transformação não acontece de repente. Ela pede de nós uma longa paciência.
“Como a do agricultor que espera o precioso fruto da terra, aguardando
pacientemente as chuvas do outono e as da primavera”.
Há um belo provérbio europeu que diz que os
moinhos de Deus moem devagar. E é assim mesmo. Nós que vivemos
num mundo caracterizado pelo ritmo da velocidade, da eletrônica, da
informática, não sabemos mais descobrir como tudo o que se refere à vida, à
saúde, à educação, ao cultivo do espírito tem que ser feito com respeitosa
tranquilidade. Uma árvore não cresce de repente. Uma criança não se educa de
repente. Não se faz um santo de repente. E, para sermos bem práticos, não se
reforça de repente uma sociedade, sobretudo quando nela cresceram e se
desenvolveram longamente a corrupção e a irresponsabilidade. É preciso um
trabalho persistente e confiante, onde todos colaborem. Com seriedade, com
perseverança, com iluminada esperança.
E
temos que dizer que esse é o trabalho que o Cristianismo se empenha em realizar
ao longo dos séculos. E temos que reconhecer, sem falso otimismo, que muita
coisa melhorou no mundo. No relacionamento das pessoas, na superação do
radicalismo, no reconhecimento dos valores de cada um, na capacidade de
diálogo, inclusive diálogo entre as nações, deixando cada vez mais para trás o
recurso à guerra como único caminho para se resolverem os conflitos, no
respeito à própria natureza, crescendo sempre mais a consciência de que é
preciso defender os bens que são de todos, como a água, o verde, e até o
silêncio e a harmonia. E, se muita coisa continua errada – como atestam os
assaltos e as violências de todo tipo – é porque os homens não estão aceitando
a proclamação do Evangelho.
É
porque nós, cristãos, não sabemos ser esse fermento na massa que modifica o
mundo numa santificadora levedação espiritual. Não sabemos ser essa luz que
ilumina pelo exemplo de sabedoria. Não sabemos ser o sal que tempera a
sociedade com o sabor do bem e da virtude. Temos que aprender de São João
Batista a não sermos caniços que o vento dobra, nem criaturas cheias de
vaidade.
Espírito
que converte para Deus, que eu permaneça atento aos apelos de conversão que me
são dirigidos, para merecer ser acolhido no Reino proclamado pelo Messias
Jesus.
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