18 de maio
* Ontem o evangelho falou da traição de
Judas e da negação de Pedro. Hoje, fala novamente da traição de Judas. Na
descrição da paixão de Jesus do evangelhos de Mateus acentua-se fortemente o
fracasso dos discípulos. Apesar da convivência de três anos, nenhum deles ficou
para tomar a defesa de Jesus. Judas traiu, Pedro negou, todos fugiram. Mateus
conta isto, não para criticar ou condenar, nem para provocar desânimo nos
leitores, mas para ressaltar que o acolhimento e o amor de Jesus superam a
derrota e o fracasso dos discípulos! Esta maneira de descrever a atitude de
Jesus era uma ajuda para as Comunidades na época de Mateus. Por causa das
freqüentes perseguições, muitos tinham desanimado e abandonado a comunidade e
se perguntavam: "Será que é possível voltar? Será que Deus nos acolhe e
perdoa?" Mateus responde sugerindo que nós podemos romper com Jesus, mas
Jesus nunca rompe conosco. O seu amor é maior do que a nossa infidelidade. Esta
é uma mensagem muito importante que colhemos do evangelho durante a Semana
Santa.
* Mateus 26,14-16: A Decisão de Judas de
trair Jesus. Judas tomou a decisão, depois que Jesus não aceitou a crítica dos
discípulos a respeito da mulher que gastou um perfume caríssima só para ungir
Jesus (Mt 26,6-13). Ele foi até os sacerdotes e perguntou: "Quanto vocês
me pagam se eu o entregar?" Combinaram trinta moedas de prata. Mateus
evoca as palavras do profeta Zacarias para descrever o preço combinado (Zc
11,12). Ao mesmo tempo, a traição de Jesus por trinta moedas evoca a venda de
José pelos seus próprios irmãos, avaliado pelos compradores em vinte moedas (Gn
37,28). Evoca ainda o preço de trinta moedas a ser pago pelo ferimento a um
escravo (Ex 21,32).
* Mateus 26,17-19: A Preparação da
Páscoa. Jesus era da Galiléia. Não tinha casa em Jerusalém. Ele passava as
noites no Horto das Oliveiras (cf. Jo 8,1). Nos dias da festa de páscoa a
população de Jerusalém triplicava por causa da quantidade enorme de peregrinos
que vinham de toda a parte. Não era fácil para Jesus encontrar uma sala ampla
para poder celebrar a páscoa junto com os peregrinos que tinham vindo com ele
desde a Galiléia. Ele manda os discípulos encontrar uma pessoa em cuja casa
decidiu celebrar a Páscoa. O evangelho não oferece ulteriores informações e
deixa que a imaginação complete o que falta nas informações. Era um conhecido
de Jesus? Um parente? Um discípulo? Ao longo dos séculos, a imaginação dos
apócrifos soube completar a falta de informação, mas com pouca credibilidade.
* Mateus 26,20-25: Anúncio da traição de
Judas. Jesus sabe que vai ser traído. Apesar de Judas fazer as coisas em
segredo, Jesus está sabendo. Mesmo assim, ele faz questão de se confraternizar
com o círculo dos amigos, do qual Judas faz parte. Estando todos reunidos pela
última vez, Jesus anuncia quem é o traidor. É "aquele que põe a mão no
prato comigo". Esta maneira de anunciar a traição acentua o contraste.
Para os judeus a comunhão de mesa, colocar juntos a mão no mesmo prato, era a
expressão máxima da amizade, da intimidade e da confiança. Mateus sugere assim
que, apesar da traição ser feita por alguém muito amigo, o amor de Jesus é
maior que a traição!
* O que chama a atenção é a maneira de
Mateus descrever estes fatos. Entre a traição e a negação ele colocou a
instituição da Eucaristia (Mt 26,26-29): a traição de Judas, antes (Mt
25,20-25); a negação de Pedro e a fuga dos discípulos, depois (Mt 25,30-35).
Deste modo, ele destaca para todos nós a inacreditável gratuidade do amor de
Jesus, que supera a traição, a negação e a fuga dos amigos. O seu amor não
depende do que os outros fazem por ele.
Para um confronto pessoal
1) Será que eu seria capaz de ser como
Judas e de negar e trair a Deus, a Jesus, aos amigos e amigas?
2) Na semana santa é importante eu
reservar algum momento para compenetrar-me da inacreditável gratuidade do amor
de Deus por mim.
Oração final
Quero louvar com um cântico o nome de
Deus e exaltá-lo com ações de graças;"Vede, humildes e alegrai-vos!
Vós que buscais a Deus, vosso coração
reviva!
Pois o SENHOR atende os pobres, não
despreza os seus cativos. (Sl 68, 31.33-34)
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