TERÇA-FEIRA 16
de abril
Jo 6,30-35
Não foi Moisés,
mas meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do céu.
O Evangelho de
hoje tem duas partes. 1ª) Referência ao maná. 2ª) Jesus se revela como o pão do
céu.
A história do
maná é contada no Livro do Êxodo. O povo hebreu estava atravessando o deserto e
começou a passar fome, pois na região não havia alimentos. Então Deus lhes
mandou o maná. Veja o texto: “Pela manhã, havia uma camada de orvalho ao redor
do acampamento. Quando a camada de orvalho se evaporou, apareceram pequenos
flocos, como cristais de gelo, que eram muito gostosos de comer. Então Moisés
ordenou: ‘Cada um recolha apenas quatro litros e meio por pessoa, que é o
suficiente para um dia’. Os filhos de Israel assim fizeram. Uns recolhiam mais,
outros menos. Quando mediam as quantias, não sobrava para quem havia recolhido
mais, nem faltava para quem havia recolhido menos. Moisés então lhes disse:
‘Ninguém guarde para o dia seguinte’. Alguns não deram ouvidos e guardaram.
Resultado: No dia seguinte o maná amanheceu com vermes e apodreceu. Ficou com
um mau cheiro tão forte, que ninguém conseguia ficar dentro da tenda” (Ex
16,13-21).
Por isso que no
Pai Nosso rezamos: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Não amanhã, mas
apenas hoje. Amanhã será outro dia e Deus providenciará.
Na Igreja
Primitiva, alguns cristãos levavam ao pé da letra esta questão. No fim do dia,
as famílias limpavam a dispensa, distribuindo para os pobres tudo o que sobrou
do dia. E, de fato, pelo que se sabe, nenhum deles passou fome por isso.
“Eu sou o pão da
vida.” É a Eucaristia que sustenta a vida cristã, assim como o alimento
sustenta a nossa vida material. Sem a Eucaristia nós vamos ficando cada vez
mais subnutridos na fé e nas boas obras e não conseguimos vencer as tentações.
A pessoa fica como ovelha sem pastor, planta sem água, ou galho separado do
tronco e acaba se afogando num copo d’água. Por outro lado, quem recebe a
Eucaristia produz frutos como árvore à beira d’água; ama como Jesus amou, pensa
como Jesus pensou e vive como Jesus viveu.
O alimento que
comemos se transforma em nós. Na Eucaristia acontece o contrário; ela é mais
forte do que nós, por isso nós é que nos transformamos nela. De tal modo que um
dia poderemos dizer com S. Paulo: “Não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive
em mim”.
Nós cristãos,
que vivemos neste mundo tão complicado, precisamos da Eucaristia para seguir os
mandamentos de Deus.
O pelicano é uma
ave aquática, de pescoço longo, que chega a medir três metros. Dizem que a mãe
é tão zelosa pelos filhotes que, não havendo com que alimentá-los, lhes dá de
seu próprio sangue. Por isso, o pelicano é um símbolo de Jesus eucarístico que,
para a nossa felicidade e saúde espiritual, nos serve o seu próprio corpo e
sangue.
Na hora da
Consagração, o padre fala: “Eis o mistério da fé”. A Eucaristia é um mistério
de fé porque não vemos nenhum sinal externo de Jesus, nem no pão nem no vinho
consagrados. Apesar disso, nós cremos, como diz o canto “Deus de amor nós te
adoramos”: “No Calvário se escondia tua divindade, mas aqui também se esconde
tua humanidade; creio em ambas e peço, como o bom ladrão, no teu Reino,
eternamente, tua salvação”.
Certa vez, um
homem ia viajar, para ficar fora de casa durante uns dois meses. Ele tinha uma
estátua de estimação e não quis deixá-la em casa, porque a sua casa não era
muito segura. Pediu então para um amigo guardá-la em sua casa.
Aconteceu que um
dia o amigo se descuidou, a estátua caiu e se quebrou! E agora? Ele procurou na
redondeza um restaurador de estátuas e não encontrou.
Então decidiu
ele mesmo restaurar a estátua. Comprou as ferramentas e o material necessário e
restaurou o objeto de arte. Ficou uma beleza. Quem a conhecia antes não
conseguia descobrir onde foi quebrada.
Os vizinhos
começaram então a levar estátuas quebradas e objetos de arte para que ele os
restaurasse. As pessoas gostavam tanto do serviço daquele homem, que ele montou
um atelier especializado em restaurações de estátuas e obras de arte.
Esse homem era
um artista e não sabia. Precisou de um acidente para que ele descobrisse o seu
talento. Jesus nos restaurou, e o fez com tanto amor que quis ficar entre nós
para dar constante manutenção, e assim não quebrarmos mais a imagem de Deus que
somos.
Peçamos a Maria
Santíssima que nos ajude, não só a receber a Eucaristia, mas a ser Eucaristia
para o mundo, a exemplo de Jesus.
Não foi Moisés,
mas meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do céu.
Padre Queiroz
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