A cura do empregado do oficial romano - José Salviano

IX DOMINGO DO TEMPO COMUM

DOMINGO DIA 02 DE JUNHO

A cura do empregado do oficial romano - José Salviano

            Na época de Jesus, Roma dominava ou escravizava a terra da Palestina. Soldados

romanos mantinham guarda em vários lugares ou pontos estratégicos daquele país para evitar que o povo se revoltasse contra a invasão romana.

            Porém, o oficial romano do Evangelho de hoje, não era um invasor igual aos demais. Ele era um bom homem. Ele  tinha um empregado a quem estimava muito. O empregado estava doente, na verdade, estava à beira da morte. O oficial romano mandou a Jesus,  alguns líderes judeus, para pedirem que viesse curar seu empregado. Eles foram se encontrar com Jesus e insistiram em que fosse até lá, dizendo:

− Mestre. Esse homem merece a sua ajuda. Pois estima muito o nosso povo, e até construiu uma sinagoga para nós.

            Então Jesus foi com eles. Mas enquanto andavam, o oficial romano mandou alguns amigos dizerem a Jesus:

− Senhor, eu não mereço que entre em minha casa. Mas diga uma só palavra daqui mesmo e o

meu empregado ficará curado.

Jesus ficou muito admirado quando ouviu isso. Virou-se e disse à multidão que

o seguia:

− Eu afirmo que nem mesmo em Israel eu vi uma fé igual a desse homem!

           

            Prezados irmãos. Vejam quanta lição poderemos tirar desse trecho do Evangelho:

1- Observem  a consideração, o amor fraterno que o oficial romano tinha pelo seu servo, o qual, naquele tempo, era alguém que não possuía quase nenhum valor social, pois era considerado apenas um instrumento de trabalho. Será que os patrões de hoje se importam com a saúde dos seus empregados? Será que cada um de nós nos importamos com as pessoas com as quais nos relacionamos? No trabalho, na empresa, na família, na comunidade cristã?

2-Observem a humildade daquele oficial romano! Um homem que exercia um cargo de mando, um cargo de importância política, militar  e  social... Vejam que mesmo assim, ele não se considerava digno de receber Jesus em sua casa.  E humildemente, ele dispensou Jesus do esforço de caminhar até a sua residência para curar o seu empregado.

             Será que nós quando entramos na fila da comunhão para receber o corpo e o sangue de Cristo nos julgamos dignos desse presente de Deus? Dessa maravilhosa graça concedida a nós totalmente de graça sem pedir nada em troca?  Será que nos consideramos melhores ou mais santos do que aqueles que não estão naquela fila? Será que nos julgamos merecedores de tamanha maravilha, de tamanha bondade de Deus, dele querer habitar em nós?

Caríssimos. Naquele momento, em que nos dirigimos para o altar para receber o próprio Jesus sacramentado, devemos a cada passo, seguir rezando em silêncio, dizendo: Senhor, eu nunca estarei ou serei digno de vos receber em comunhão. Porém, considerando a vossa infinita bondade e o poder que destes ao sacerdote para me absolver dos meus pecados, eu ouso me aproximar da distribuição da hóstia consagrada para vos receber. Não permitas, Senhor, que a Hóstia consagrada que vou receber neste momento se torne para mim causa de juízo e condenação, mas sim que ela seja para mim e para as demais pessoas que vão comungar, remédio, força  e alimento para a nossa alma e nosso corpo, e que nos guarde  para a vida eterna!

 3-Observem quão grande era a fé daquele homem! A sua confiança no poder de Jesus Cristo era tão grande que ele acreditava  que Jesus não precisava ir até a sua casa, porque dali mesmo Jesus poderia dizer uma só palavra, ou fazer simplesmente um gesto, e  o seu empregado seria curado mesmo à distância.  Ele disse o que pensava demonstrando todo respeito ao poder de Deus que estava com Jesus, o oficial romano demonstrou que reconhecia a autoridade e o poder de Jesus. Ele sabia, ele acreditava que Jesus era O Filho de Deus, o próprio  Deus encarnado. Por isso ele reconhecia que  Jesus podia operar  milagres mesmo à distância, semelhante a um imenso controle remoto. Ele acreditava que Jesus não precisava se dar ao trabalho de ir até a sua casa e tocar no doente. E ao reconhecer a autoridade e o poder de Jesus, aquele bom homem se submete a Ele, como um cristão autêntico, que reconhece e acredita no infinito poder de  Jesus, porque o poder de Deus está  n'Ele, porque o Pai e Jesus na união do Espírito Santo, são uma só pessoa!

            Pois o ato de importar-se com o sofrimento alheio, ser humilde, ter fé, reconhecer a autoridade de Jesus e submeter-se a Ele, são característicos de um cristão, de uma cristã de verdade, são qualidades daqueles que crêem que não somos absolutamente nada sem a graça de Deus em nossas vidas.

            E Jesus ficou admirado com a imensa fé daquele homem, e prontamente efetuou a cura do seu empregado, ou seja, atendeu o seu pedido naquele mesmo instante. Quantos pedidos fazemos a Deus e não somos atendidos, por que pedimos sem a devida fé, ou com uma fé-zinha muito pequena! As nossas lamentações são atendidas, à medida que são acompanhadas de muita fé. Rezar ou pedir apenas com os lábios, não funciona, não comove a misericórdia de Deus. Peçamos. Mas o façamos com fé. Caso contrário, é melhor nem pedir nada a Deus.

4-Observem por último, que aquele oficial que fazia parte dos romanos que dominavam aquele povo, não era como os outros oficiais e soldados dominadores. Pois ele respeitava o ser humano. Assim, segundo o testemunho dos próprios lideres judeus, que disseram:  “ele ama a nossa nação e até construiu para nós uma sinagoga”. A fé e a humildade daquele centurião foram um belíssimo exemplo, um bom testemunho para os religiosos judeus, e para nós hoje.

            Prezados irmãos. Com o evangelho de hoje, aprendemos uma grande lição. Nós que somos cristãos, temos de ver em nossos empregados, nossos próprios irmãos, reconhecendo que eles são filhos de Deus. Não basta o pagamento de um justo salário, mas também é indispensável a devida atenção, ouvir suas reclamações, suas críticas, seus pedidos, e tratá-los como seres humanos iguais a nós.  Nunca nos esquecendo que eles também são filhos de Deus. Não estamos na época da escravidão, em que se pensava que os escravos não tinham almas.

Tratemos os nossos empregados com a devida distância de patrão e empregados, pois sabemos que alguns deles se aproveitam da nossa caridade, da nossa bondade, para abusar:(faltando com o devido respeito a nossa pessoa, não cumprindo seus deveres direito, fazendo corpo mole, etc.).  Porém nunca nos esqueçamos do mandamento que Jesus nos deixou: Amar a Deus e ao irmão como a nós mesmo.  Você pode e deve manter o seu empregado no seu devido lugar de subalterno, porém sem nunca humilhá-lo. Mesmo mantendo a distância patrão-empregado, você não só pode, como deve ser caridoso, bondoso respeitoso, e acima de tudo um verdadeiro cristão, no relacionamento com seus empregados. E fazendo isso terá muito mais fidelidade, mais trabalho, menos desperdício da matéria-prima, e portanto, muito mais rentabilidade ou lucro. Experimente tratar seus subalternos com gente! Faça isso e será respeitado. Faça isso e nunca será traído e nunca terá sua firma incendiada por um ex-funcionário,  faça isso e será reconhecido por Deus, no dia do seu julgamento final!

Vai e faça o mesmo, meu irmão! E tenha um bom domingo!

José Salviano