03 de maio
Este Evangelho é de fundamental
importância para nós, porque nele Jesus nos fala do céu. E, diante da pergunta
do Apóstolo Tomé sobre qual é o caminho para chegar, Jesus fala: “Eu sou o
caminho, a verdade e a vida”.
Não é possível nós conhecermos a vida futura,
pois é outra realidade diferente da nossa, e os dois “mundos” – este nosso
mundo material e o mundo futuro – são incomunicáveis. Mas não precisamos nos
preocupar com isso, porque Jesus, que pertenceu a este mundo material, é o
caminho para chegarmos ao outro.
Essas três qualidades de Jesus –
caminho, verdade e vida – estão interligadas. Quem segue a Jesus (caminho), é
porque acredita nele (verdade); por isso recebe a vida em plenitude, a vida
plenamente feliz e que nunca termina.
O importante não é estar com Jesus, mas
caminhar com ele. Também não basta conhecê-lo, saber quem ele é, e acreditar
nele; isso a maioria das pessoas fazem: conhecem a Jesus e acreditam nele. O
importante é segui-lo como o nosso caminho.
Nesta caminhada com Jesus, se alguém pensar
que já chegou é sinal que não está no caminho dele, pois só chegaremos na hora
da nossa morte. Neste vida, somos sempre “caminheiros que marcham para o céu”.
Na parábola do fariseu e do publicano, o
fariseu dizia: eu faço isso e mais aquilo, foi reprovado porque pensava que era
perfeito. Já o publicano que batia no peito e dizia: “Meu Deus, tem compaixão
de mim, que sou pecador!” mostrou que estava com Deus e foi aprovado, porque se
julgava “caminheiro”.
O caminho, que é Jesus, é vasto e
abrangente. Passa pela vida de oração, de Comunidade, pela vida em família,
passa pela obediência aos mandamentos e até pela participação política. É um
caminho às vezes íngreme, mas possível e doce como o mel.
"Aquele que ama conhece a
Deus" (1Jo 4,7. Quem obedece aos mandamentos – aqui resumidos na palavra
amor – e segue Jesus como o seu caminho, vai acabar conhecendo a Deus (verdade)
e aurindo a sua vida, que é inesgotável.
Tudo o que se diz no mundo, só é verdade
se estiver de acordo com o que Jesus viveu e ensinou. O resto é tudo mentira,
falsidade e engano. Ele é a verdade, não uma das verdades.
Jesus e o Pai são um só. Quem segue a
Jesus recebe nasce de novo, recebendo uma vida nova. É uma vida que vai
crescendo sempre e não é interrompida por nada, nem pela morte. Só o pecado
pode interrompê-la.
Jesus falou várias vezes que a mentira
leva à morte e a verdade leva à vida. Portanto, é fácil saber onde está a
verdade: é onde se promove protege a vida, em seus vários níveis: vegetal,
animal, humana e divina. E é fácil também saber onde está a mentira: é onde se
destrói a vida.
Quem tem Jesus como o seu caminho,
verdade e vida, torna-se fonte de vida para os outros. “Aproximemo-nos do
Senhor, pedra viva... Do mesmo modo também vós, como pedras vivas...” (1Pd
2,4). Jesus é a pedra viva da casa de Deus, e quer que sejamos também.
“Quem acredita em mim, fará as obras que
eu faço, e fará ainda maiores, porque eu vou para o Pai” (Jo 14,12). No
entanto, sabemos que o caminho de Jesus é um caminho de cruz. Ninguém consegue
segui-lo, vivendo em sombra e água fresca. Quanta gente busca Jesus fora da sua
Igreja, porque quer entrar no céu pela “porta larga”!
Quando Adão e Eva pecaram e foram
expulsos do paraíso, a porta do paraíso foi fechada, e ninguém mais conseguiu
entrar. Jesus veio, tornou-se um de nós, pagou por nós o pecado e entrou no
paraíso. Por isso ele é o nosso único caminho.
“Vou preparar um lugar para vós.” O céu
é o nosso destino natural. Foi para lá que Deus nos criou, e todos já temos lá
o nosso lugar preparado por Cristo. “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao
conhecimento da verdade” (S. Paulo). Deus é nosso Pai amoroso, e nos quer todos
eternamente junto dele no céu.
“Eu vi um novo céu e uma nova terra...
Então ouvi uma voz forte que dizia: Esta é a morada de Deus com os homens. Ele
enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá e não haverá mais
luto nem dor. E Deus disse: Eis que faço novas todas as coisas. A quem tiver
sede eu darei da fonte da água viva. Esta será a herança do vencedor. Eu serei
o seu Deus e ele será meu filho. Em seguida eu vi a cidade santa, a Jerusalém
celeste. Ela não precisa de sol nem de lua que a iluminem, pois a glória de
Deus é a sua luz e a sua lâmpada é o Cordeiro. A sua porta não precisa ser
fechada e nunca entrará nela o que é impuro nem alguém que pratique a
abominação e a mentira. Entrarão nela somente os que estão inscritos no livro
da vida do Cordeiro” (Cf Ap 21,1-27). E o próprio Jesus falou: “Os justos
brilharão como o sol no Reino de seu Pai” (Mt 13,43).
“Os sofrimentos do tempo presente não
tem proporção com a glória que há de ser revelada em nós. Toda a criação espera
ansiosamente a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação foi sujeita ao que
é vão e ilusório, não por seu querer, mas por dependência daquele que a
sujeitou. Também a própria criação espera ser libertada da escravidão da
corrupção, em vista da libertação que é a glória dos filhos de Deus. Com
efeito, sabemos que toda a criação, até o presente, está gemendo como que em
dores de parto, e não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do
Espírito, gememos em nosso íntimo, esperando a condição filial, a redenção de
nosso corpo. Aquilo que se tem diante dos olhos não é objeto de esperança. Como
se pode esperar o que está vendo? Mas se esperamos o que não vemos, é porque
aguardamos na perseverança” (Rm 8,18ss). S. Paulo fala isso para nos animar na
fidelidade a Deus em meio às lutas desta vida.
“Tomé disse a Jesus: Senhor, nós não
sabemos para onde vais.” Não sabemos como é o céu, pois ele pertence ao mundo
espiritual e nós estamos no mundo material, e esses dois mundos são
incomunicáveis. Mas não precisamos saber como é o mundo futuro. Basta seguirmos
a Jesus, que é o caminho para lá. “Para onde eu vou, vós conheceis o caminho...
Eu sou o caminho, a verdade e a vida”.
O céu, numa explicação simples, é a vida
após a morte junto com Deus e com a sua e nossa família que são os anjos e os
santos. “Olhos humanos jamais viram, nem ouvidos ouviram, nem coração algum
jamais pressentiu o que Deus preparou para os que o amam” (1Cor 2,9).
Refletindo sobre as maravilhas que Deus
preparou para nós no céu, S. Paulo fala aos filipenses: “Para mim, o viver é
Cristo e o morrer é lucro. Se, continuando na vida corporal, eu posso produzir
um trabalho fecundo, então já não sei o que escolher. Estou num grande dilema:
Por um lado, desejo ardentemente partir para estar com Cristo, o que para mim é
muito melhor. Por outro lado, parece mais necessário para o vosso bem que eu
continue a viver neste mundo. Certo disso, sei que vou permanecer e continuar
convosco, para o vosso progresso e alegria da fé” (Fl 1,21-25). Nessa passagem,
S. Paulo resume o nosso sentimento diante da vida futura: Olhando para nós,
seria melhor morrer logo e ir para o céu. Mas, olhando para a nossa família e a
nossa Comunidade, é melhor permanecermos ainda um tempo na terra, para
ajudá-los e para fazer o bem. Mas isso são apenas sentimentos, porque a escolha
não é nossa, e sim de Deus. “A mim pertence a vida”, disse ele. Não escolhemos
o dia de nascer, não vamos escolher também o dia de morrer. Cabe a nós, cada
dia que amanhece, agradecer a Deus a graça de vermos novamente a luz do dia, e
procurar viver bem aquele dia.
“O Senhor dará nesta montanha um
banquete de carnes gordas e vinhos finos. Nesta montanha ele vai destruir o véu
que envolvia os povos. Vai acabar com a morte para sempre. O Senhor Deus
enxugará as lágrimas de todas as faces” (Is 25,6-8). Essa referência ao
banquete é uma comparação, pois no céu o nosso corpo será glorificado e não precisaremos
comer. O que o texto quer mostrar é que o céu é um lugar muito gostoso. É como
um banquete. Tudo o que é bom, feliz e gostoso aqui na terra, existe lá no céu,
e lá é muito melhor.
Se as coisas feitas por Deus neste mundo
material, que é passageiro, são tão sábias, belas e carregadas de amor, quanto
mais o céu! “São vãs por natureza todas essas pessoas nas quais não há o
conhecimento de Deus. Porquanto, partindo dos bens visíveis, não foram capazes
de conhecer aquele que é, nem tampouco, pela consideração das obras, chegar a
conhecer o artífice” (Sb 13,1).
Certa vez, um homem perdeu um saco de
moedas. Ele ficou desesperado e percorreu a vizinhança toda dizendo: “Se alguém
achar um saco de moedas, é meu”.
Horas depois, um rapaz o procurou com o
saco de moedas nas mãos. O homem olhou e viu logo: é esse mesmo. E ele sabia
quantas moedas havia dentro do saco: quatrocentas moedas. Mas o homem pensou
consigo: vou dizer que havia quinhentas, assim fico livre de dar uma gorjeta
para este moço.
Pegou o saco e disse: “Muito obrigado!
Você encontrou o meu saco de moedas! Vou contar para ver se estão todas aqui.
Havia quinhentas moedas neste saco”. Contou e só encontrou quatrocentas. Então
disse ao rapaz: “Não há problema. O importante é que você achou. Muito obrigado!”
O rapaz saiu dali, mas logo pensou: Passei por ladrão! O meu nome é limpo aqui
no bairro, e logo todo mundo vai ficar sabendo disso e pensar que fiquei com
cem moedas!
Então foi ao juiz e expôs o caso. O juiz
mandou chamar o homem que ficou com o saco de moedas, e mandou que as
trouxesse. O homem veio e o juiz lhe perguntou: “Quantas moedas havia no saco
que o senhor perdeu? Ela respondeu: “Quinhentas”. “E quantas estavam neste saco
que o rapaz lhe entregou?” perguntou o juiz. Ele respondeu: “Quatrocentas”.
“Então não é o seu” – disse o juiz – “pode devolver ao moço o saco de moedas;
quando aparecer o dono, ele o entregará”.
Jesus é a verdade, e quem quer segui-lo
deve também dizer sempre a verdade. O mentiroso acaba se dando mal. O melhor é
administrar bem as nossas moedas aqui da terra para, com elas, ganhar a grande
moeda que é o céu.
Que Maria Santíssima nos ajude a assumir
o seu Filho como o nosso caminho, verdade e vida. E, já que ela é a Rainha do
céu, que nos ajude a chegar lá também.
Eu sou o caminho, a verdade e a vida.
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