SEGUNDA-FEIRA 15
de abril
Jo 6,22-29
Esforçai-vos não
pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna.
Este Evangelho é
a introdução ao discurso sobre o pão da vida, que Jesus fez. Preparando o povo
para acreditar que ele tinha realmente poder de dar a sua carne como comida e o
seu sangue como bebida, Jesus faz o milagre da multiplicação dos pães e depois
caminha sobre as águas.
E Jesus reclama
do pouco interesse do povo pela Boa Nova, e do demasiado interesse pelo pão
material: “Estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes
pão e ficastes satisfeitos. Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas
pelo alimento que permanece até a vida eterna”.
Como sempre
acontece com toda multidão, o povo alimentado por Jesus até à saciedade, com
cinco pães e dois peixes, queria um deus de uso e consumo, um deus que sirva os
nossos interesses e necessidades, um deus comercial que oferece e distribui os
seus dons ao capricho do pedido. Este é o deus de muitas religiões criadas por
pessoas humanas, que querem encerrar Deus nos limites dos ritos e das leis
culturais, procurando servir-se da divindade em vez de a servi-la e adorá-la.
Por isso o povo
mereceu essa advertência de Jesus: “Esforçai-vos não pelo alimento que se
perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna”.
E o povo
pergunta: “Que devemos fazer para realizar as obras de Deus? Jesus responde: A
obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”. Os mestres da Lei
apresentavam uma série de obras que agradavam a Deus. Jesus resume: agrada a
Deus quem acredita nele, o enviado de Deus. Claro, uma fé levada à prática,
acompanhada do seguimento de Jesus e da prática do seu Evangelho. A fé não
basta para se salvar; mas também não basta o bom comportamento, é preciso a fé
do jeito que Jesus ensinou. As boas obras são decorrências da fé. Este é o
“alimento que permanece até a vida eterna”.
Quando foi
tentado no deserto, Jesus falou: “Não só de pão vive o homem, mas de toda
palavra que sai da boca de Deus”. E em outro lugar ele disse também: “Buscai em
primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos será dado por
acréscimo”.
Comparando a
nossa vida com uma canoa, ela tem dois lemes: de um lado a fé e do outro as
obras. Que não nos esqueçamos de nenhum desses dois lemes, para que a nossa
canoa possa ir para frente e nos levar à vida eterna.
O “alimento que
permanece até a vida eterna” é sintetizado por Jesus na Eucaristia. “Quem come
a minha carne tem a vida eterna”.
De fato, o
encontro com Jesus transforma a pessoa. Basta ver Maria Madalena, os discípulos
de Emaús, a samaritana, Zaqueu... Na Eucaristia nós nos encontramos com o mesmo
Jesus, com a mesma força que ele tinha naquele tempo.
A transformação
que a Eucaristia exerce em nós é lenta, mas eficaz; é como o fermento na massa.
Ela é bem simbolizada naquele pão e água que o profeta Elias comeu no deserto,
e depois teve forças para viajar quarenta dias e quarenta noites (IRs 19,4-8).
O profeta estava sendo perseguido por seus inimigos, fugiu para o deserto e lá
ficou vários dias sem comer nem beber. Aí ele rezou e Deus o fez dormir. Quando
ele acordou, havia ao seu lado um pão e uma jarra de água. Comeu e bebeu e
assim teve forças para continuar a sua caminhada. Elias representa a nós
cristãos que estamos atravessando o deserto da vida. Como disse Jesus: “Quem
come deste pão, jamais terá fome”.
Certa vez, um
homem foi internado em um hospital para ser operado das amígdalas. Ele estava
triste, preocupado, nervoso e deprimido, devido ao medo da cirurgia.
Ao chegar ao
quarto, com a sua mala, viu na cama ao lado outro homem internado. Este
percebeu logo o nervosismo do colega e começou a animá-lo dizendo palavras
bonitas de alegria e de esperança.
A certa altura,
o recém chegado perguntou a ele: “E você, por que está aqui?” Ele respondeu:
“Amanhã serei operado do coração”.
A Eucaristia é
um alimento mais forte do que nós que, ao contrário dos outros alimentos, nos
transforma nele. Quem comunga sempre é capaz de enfrentar os maiores problemas,
sofrimentos e perigos com tranqüilidade, como fez Jesus. As nossas tristezas e
alegrias são bastante subjetivas; mais do que dos fatos em si, esses
sentimentos decorrem da maneira como vemos os fatos.
Maria foi a
pessoa humana que mais amou a Jesus. Que ela nos ensine a amá-lo hoje, presente
na Eucaristia.
Esforçai-vos não
pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna.
Padre Queiroz
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