09 DE ABRIL
Jo 3,7b-15
O Evangelho de
hoje é a continuação do diálogo entre Jesus e Nicodemos, a misteriosa figura
que aparece unicamente no Evangelho de João, assim como a figura da samaritana,
da prostituta que ia ser apedrejada e de Lázaro, irmão de Marta e Maria. Como
já dissemos, as palavras de Jesus, já difíceis de serem compreendidas,
tornaram-se ainda mais confusas aos ouvidos de um fariseu. O que Jesus queria
dizer com a frase: Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu: o Filho
do Homem? O título Filho do Homem foi atribuído a Jesus pelas comunidades
cristãs que ainda se desenvolviam muito timidamente.
A expressão
Filho do Homem aparece muitas vezes no Antigo Testamento, mas geralmente sendo
sinônimo de homem, de ser humano. O profeta Ezequiel é chamado, por Deus, de
filho do homem, em diversas citações (Ez 8, 5; 11, 15; 15, 2; 20, 4; 37, 11;
39, 1; 47, 6 etc.), mas esse é somente um cognome dado a Ezequiel pela própria
voz de IHWH (Javé – Deus). No Livro de Daniel, essa expressão aparece duas
vezes: em Dn 7, 13, ela toma outro significado, pois fala de alguém que desce
dos céus sobre as nuvens, diferentemente do significado de Dn 8, 17, que quer
somente fazer referência ao próprio profeta Daniel.
Mas seria, no
Livro de Daniel, uma prefiguração da imagem de Cristo glorioso? Certamente o
redator (escritor) desse Livro não estava pensando em Jesus de Nazaré, mas em
uma imagem visionária e apocalíptica. Um homem que destruiria toda a opressão
do imperialismo, principalmente o do imperialismo grego, que dominava na época
de Daniel.
Mas os primeiros
cristãos viram nessa imagem de filho do homem que desce glorioso dos céus, nas
nuvens, o próprio Cristo Ressuscitado. Jesus era o próprio Deus feito carne,
pois ele havia assumido a nossa humanidade. Mas o mais interessante é que o
evangelista faz notar que o próprio Jesus dá a si o título apocalíptico de
Filho do Homem, mas num sentido mais claro: como aquele que quer ser amigo da
humanidade.
Jesus, por fim,
anuncia a sua morte de cruz. Nicodemos não deve ter entendido o que o Mestre
queria dizer com “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será
levantado o Filho do Homem, a fim de que todo o que nele crer tenha vida
eterna”. É certo que o evangelista elaborou melhor as falas de Jesus, visto já
terem se passado muitos anos desse diálogo, quando o Evangelho foi posto por
escrito. Por isso mesmo é que o objetivo da morte de Jesus é mostrado com mais
vivacidade: para que todos tenham a vida nele, crendo.
Peçamos a Deus
que aumente a nossa fé em Cristo e em seu projeto de amor, pois somente aqueles
que creem e amam podem entender o risco de se entregar totalmente a um
crucificado, que disseram estar ressuscitado! A um filho da própria humanidade,
que foi visto como Deus Encarnado. A fé é um risco, que deve ser encarado
sempre com amor!
FEZ-SE
CARNE PARA SER O FILHO DO HOMEM!
Fr. José Luís
Queimado, CSsR
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