08 DE ABRIL
Lc 1,26-38
Alegra-te, cheia
de graça, o Senhor está contigo!
O Evangelho de
hoje narra a cena da Anunciação, em que o anjo Gabriel lhe fala: “Alegra-te,
cheia de graça, o Senhor está contigo!”
Deus quis que
uma mulher contribuísse bem de perto na redenção da humanidade, já que uma
mulher, Eva, havia contribuído no pecado. E a mulher que Deus escolheu não
podia ser vítima de pecado, pois seria um sinal de fraqueza de Deus, diante das
forças do mal. Como Davi venceu o gigante Golias (1Sm 17,49), Jesus derrotou o
tentador. Não só derrotou, mas arrasou com ele completamente. Nem junto à sua
mãe ele teve vez. Após o dilúvio, uma pomba trouxe em seu bico um raminho verde
para Noé (Gn 8,11). Aquela pomba não estava suja de barro, ela não fora
atingida pelo dilúvio.
Nós também somos
chamados a colaborar na redenção. Deus não gosta de gente manchada, suja. Como
podemos anunciar a vitória de Cristo, se até nós, os anunciadores, somos vítima
do tentador? Pecadores todos nascemos. Mas temos condições de nos purificar, usando
os meios que Jesus nos deixou, entre os quais se destaca a Igreja, da qual
Maria é Mãe. Assim, tirando a trave do nosso olho, temos condições de tirar o
cisco que está no olho do nosso irmão.
A concepção
imaculada de Maria nos mostra que Deus não quer conviver com pecado. Ele quer o
pecado longe dele. Ele nos suporta, quando pecamos, mas não queria isso, como
qualquer pai que não quer ver o filho ou filha no caminho errado. Como podemos
dizer a Deus: “Senhor, eu vos amo sobre todas as coisas”, e depois viramos as
costas e já começamos a colocar outras coisas acima dele? Por isso que Deus
fala na Bíblia: “Estou para vomitar-te da minha boca” (Ap 3,16).
A Imaculada
Conceição foi um fruto antecipado da redenção realizada por Jesus, o seu Filho.
E o fato de ela ter sido isenta do pecado, já na sua concepção, mostra que a
força da graça redentora supera infinitamente a força do pecado. “Onde abundou
o pecado, superabundou a graça” (Rm 5,20).
“Quando éreis
escravos do pecado, praticáveis ações das quais hoje vos envergonhais. Agora,
porém, libertados do pecado e como servos de Deus, produzis frutos para a vossa
santificação, tendo como meta a vida eterna. Com efeito, a paga do pecado é a
morte, mas o dom de Deus é a vida eterna no Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6,20-23).
Antes, quando reinava o pecado, o carro estava na frente dos bois, e dava tudo
errado. Cristo veio, colocou os bois na frente do carro, e na direção certa,
que é a nossa felicidade.
Deus realizou
plenamente a redenção na Mãe do seu Filho, para nos mostrar o que ele quer de
todos nós. Ela se tornou assim a estrela da esperança, que nos anima a sempre
nos levantar a caminhar.
Santo Agostinho,
quando estava mergulhado no pecado, leu, por sugestão de sua mãe, muitas
biografias de santos. Um dia ele disse para si mesmo, em latim, que era a sua
língua: “Potuerunt ii, potuerunt ee; cur non tu, Agostiné?” Em português é:
“Puderam estes, puderam aquelas, por que não tu, Agostinho?” Impulsionado por
este lema, venceu.
Daqui a
exatamente nove meses, celebraremos o nascimento de Maria. Rezemos, neste
tempo, pelos nascituros, a fim de que sejam protegidos por suas mães.
Havia, certa
vez, um rapaz que trabalhava no centro de uma cidade grande e morava na
periferia.
Numa tarde, ao
voltar para casa, enquanto atravessava um bairro de classe alta, viu numa
lixeira uma caixa preta, parecida com caixa de sanfona. Ficou curioso, abriu a
caixa, era mesmo uma sanfona! E estava boa de tudo. Tocava direitinho.
Ele se lembrou
de um vizinho, que sabia tocar sanfona e não possuía o instrumento, e levou-a
para ele. O vizinho se alegrou com o presente, e começou a tocar belas canções.
A casa toda se alegrou. Até algumas crianças apareceram na porta.
À noite, algumas
pessoas se reuniram na casa, e foi aquela festa. Daí para frente, de vez em
quando o tocador de sanfona era chamado, seja para tocar em festinha de
aniversário, em reza, até na Santa Missa. A sanfona tornou aquele bairro mais
alegre.
A sanfona
representa a graça de Deus, que une as pessoas e alegra o ambiente. O rapaz que
a achou somos nós que recebemos a graça no batismo, e a levamos a outros.
Muitos jogam no
lixo a graça batismal, e vivem tristes por aí, procurando a felicidade na
riqueza, no prazer, no poder etc. Nós não queremos ser assim.
Uma pergunta:
com qual desses personagens você mais se identifica? Com o rapaz? Com o homem
que ganhou a sanfona? Com os vizinhos que acorreram, ao som da sanfona? Ou com
aquele ou aquela que a jogou no lixo?
Nossa Senhora da
Conceição, rogai por nós!
Alegra-te, cheia
de graça, o Senhor está contigo!
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