SÁBADO
– DIA 16 Evangelho - Lc 6,43-49
Por
que me chamais “Senhor! Senhor!”, mas não fazeis o que eu digo? Neste
Evangelho, Jesus nos pede a coerência entre a Palavra de Deus que ouvimos ou
lemos, e a vida que levamos, pois seremos julgados não pelos conhecimentos que
temos da Bíblia, mas por nossos atos. Assim como conhecemos uma árvore pelos
seus frutos, conhecemos uma pessoa, e a nós mesmos, pelas obras. A pessoa boa
faz boas obras, a pessoa má faz coisas erradas. Está aí a chave para
conhecermos os outros e para nos avaliarmos.
Por
exemplo, um padre, uma irmã religiosa, um pai ou mãe de família que perseveram
na sua vocação e vivem fazendo o bem, são pessoas boas. Por outro lado, um
ladrão, um explorador, um viciado, um violento, alguém que não gosta de
trabalhar, são pessoas más. Nós não conhecemos as pessoas por dentro, mas as
conhecemos pelas obras, e isso basta.
Numa
campanha eleitoral, nós devíamos seguir esse critério. Por isso que seria
melhor o voto distrital, porque os eleitores teriam mais condições de conhecer
o passado dos candidatos, pois eles são do seu distrito eleitoral, vizinhos
portanto. Mas apesar de o nosso sistema eleitoral não nos ajudar nesse ponto,
devíamos fazer um esforço para conhecer a vida familiar, religiosa e pública
dos candidatos. Não nos basearmos apenas em cara bonita, discurso bonito,
promessas ou acúmulo de cartazes nas ruas ou propagandas no rádio e na
televisão.
“Por
que me chamais: ‘Senhor! Senhor!’, mas não fazeis o que eu digo?” Pouco adianta
louvar a Deus, se continuamos praticando obras más. Deus espera a nossa
conversão. Ele tem paciência, mas a conversão tem de acontecer. Chega de
fariseus! Deles o mundo já está cheio!
Em
seguida, Jesus nos conta a parábola da casa sobre a rocha. Ela vem reforçar a
mensagem anterior. Ouvir a Palavra de Deus e não praticá-la é construir a sua
casa sem alicerce. Quando vier uma chuva forte, e a correnteza da enxurrada
bater na casa, ela vai para o chão, perdendo tudo o que está dentro e arriscando
a vida dos moradores. O mesmo se deve dizer de quem apenas ouve o Evangelho e
não o pratica.
Nós,
em geral, gostamos de ouvir a Palavra de Deus. O problema é que, muitas vezes,
paramos no ouvir ou na leitura. Se, após uma Missa de domingo, alguém nos perguntar:
“O que foi que você aprendeu hoje lá na igreja?” Será que teríamos uma
resposta? Ou diríamos: “Nem sei quais leituras bíblicas foram proclamadas, e
não me lembro de nada que o padre falou!”
Essa
parábola nos pega a todos. Se nos olharmos com sinceridade, vemos que existe
uma distância entre a Palavra de Deus que ouvimos e a vida que levamos. Por
isso, se formos acolhidos por Deus no Céu, o que esperamos, será por
misericórdia dele.
Muitos
ouvem a Palavra de Deus e poucos a colocam em prática porque é mais fácil
ouvi-la do que praticá-la. Veja que comparação bonita o livro do Apocalipse usa
para expressar essa verdade: “Uma voz do céu me disse: vai, pega o livrinho e
come-o. Na tua boca ele será doce como o mel, mas, ao cair no estômago, será
amargo como o fel” (Ap 10,8-10). Esse livrinho é a Palavra de Deus. Ela é
gostosa de se ouvir de se ler, mas, quando alguém resolve levá-la a sério, ela
desperta conflitos dos mais diversos tipos.
Que
as pessoas, quando se referirem a nós, não tenham de dizer como Jesus falava a
respeito dos fariseus: “Sigam o que ele ou ela fala, mas não imitem as suas
ações”.
E
mais: a Palavra de Deus não é difícil de ser praticada, pois é acompanhada da
força do Espírito Santo. Ela é como a semente que vai germinando e crescendo
por si mesma, se não encontrar obstáculos. Deus programou tudo certinho,
visando a nossa salvação. Da nossa parte basta ir dizendo “sim” a ele pela vida
afora.
Havia,
certa vez, um homem que tinha o costume de, quando estava nervoso, mandar as
coisas para o inferno. Mandava cachorro, gato, ferramenta, cadeira, sapatos,
comida...
Um
dia ele morreu e chegou à porta do Céu. S. Pedro não quis deixá-lo entrar logo,
mas pediu a um anjo que o levasse para dar uma volta. Passaram perto do inferno
e ele ficou horrorizado. Viu lá dentro todas aquelas coisas que ele havia
mandado para lá: gato, cachorro, comida, cadeira, enxada...
O
homem é o senhor do universo. Ele manda nas coisas do mundo e da natureza. “Eis
que vos dou...” (Gn 1). Não dá frutos bons nem constrói sobre a rocha uma
pessoa que xinga, fala palavrões ou, pior ainda, manda coisas e até pessoas
para o inferno.
Maria
Santíssima é uma árvore boa que produziu o melhor fruto que existe: Jesus
Cristo, o Salvador do mundo. Que ela nos ajude a construir a nossa casa sobre a
rocha!
Por
que me chamais “Senhor! Senhor!”, mas não fazeis o que eu digo?
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