Quinta-feira
Evangelho - Mc 6,17-29
Hoje
celebramos o martírio de João, o Batista, aquele de quem Cristo disse: dos
nascidos de mulher não há outro maior do que João, o Batista. Mas o menor no
reino do céu é maior do que ele. É uma reflexão sobre minoridade, João escolheu
a via menor, se fez pobre, vestia-se pobremente, comia gafanhotos e mel. Essa é
a expressão de quem Mateus usa para expressar a humildade de João. E Jesus
ainda diz: o menor no reino do céu é maior do que ele. Aqui temos que o Senhor
demonstra que a sabedoria e o serviço estão no despojamento, na simplicidade,
no profetismo sem recompensas. O profeta do Deus não é rico, nem poderá ser, e
Jesus também revela que o menor, o mais pobre, o mais abandonado, o mais
oprimido, no reino de Deus, isto é, na Vontade de Deus, ainda é maior que o
maior.
Falando
da morte de João Baptista, o papa João Paulo II diz na Carta Encíclica
Veritatis splendor (cf. n. 91) que o martírio constitui um sinal preclaro da
santidade da Igreja. Efectivamente, ele “representa o ponto mais alto do
testemunho a favor da verdade moral. Se são relativamente poucas as pessoas
chamadas ao sacrifício supremo, há, porém, um testemunho coerente que todos os
cristãos devem estar prontos a dar em cada dia, mesmo à custa de sofrimentos e
de graves sacrifícios. Assim tu meu irmão, minha irmã, não podes e nem deves
fugir. Gostaria que soubesses que desde o início do cristianismo percebemos que
três elementos estão quase sempre unidos: testemunho, profecia e doação da
própria vida. É verdadeiramente necessário um compromisso, com estas três vias,
por vezes heróicas, para não ceder, até mesmo na vida quotidiana: em casa com o
marido, com os filhos, colegas do trabalho, com os familiares de perto ou de
longe. É necessário saber que às dificuldades nos levam ao compromisso para
viver na totalidade o Evangelho.
O
exemplo heróico de João Baptista nos deve fazer pensar nos mártires da fé que,
ao longo dos séculos, seguiram corajosamente as suas pegadas. De modo especial,
voltemos à mente aos numerosos cristãos que, no mundo inteiro, foram vítimas do
ódio, e da perseguição religioso. Mesmo hoje, nalgumas partes do mundo, os
fiéis continuam a ser submetidos a duras provações, em virtude da sua adesão a
Cristo e à sua Igreja. Os impérios opressores que existiram na história
continuaram deixando seus mártires. Seus projetos elitistas e imperialistas
fizeram com que seus chefes continuassem a embriagar-se com o sangue dos
mártires. Portanto, o martírio não deve ser buscado por ninguém. Em última
palavra, o martírio é uma graça de Deus. Mas, dele não se deve fugir, se é
necessário dar o testemunho e para defender a vida do povo. Jesus também nos
ensina que não devemos ter medo daqueles que matam o corpo. Por isso, dar a
vida é a melhor forma de amor, a exemplo de Jesus que nos amou até o extremo.
O
máximo do amor é dar a vida pelos seus. Deste modo, a vida não é tirada, mas é
dada livremente. Foi isso que fez São João Batista em meio à crueldade que
ameaçava a fidelidade conjugal, lutou e sendo testemunha e testemunho fiel derramou
o seu sangue, pagando com a própria vida. Ontem como hoje, o banquete dos
criminosos continua sendo regado a sangue, como foi o de Herodes como nós
ouvimos no Evangelho de hoje. Por isso, lembrar a morte de João Batista é não
deixar morrer sua história, é recordar o seu testemunho, sua profecia e sua
coragem; é lembrar que, se preciso for, todos devemos estar dispostos a lavar
as nossas vestes e as branquear no sangue do Cordeiro (Ap 7,14).
Pai,
que as contrariedades da vida jamais me intimidem e impeçam de seguir adiante,
cumprindo minha missão de evangelizador.
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