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domingo, 18 de agosto de 2013

"A VINHA DO SENHOR!" - Diac. José da Cruz

QUARTA FEIRA DA 20ª SEMANA DO TC  21/08/2013
1ª Leitura Juízes 9, 1-15
Salmo  20 (21),2ª “Senhor, alegra-se o Rei com o vosso poder”
Evangelho  Mateus 20, 1-16ª
                                                       "A VINHA DO SENHOR!" - Diac. José da Cruz

Quem já ficou desempregado meses a fio a espera de uma vaga, sabe o quanto esta é uma experiência triste, a reserva financeira vai se acabando, as despesas vão sendo cortadas e só se mantém o essencial, e se a vaga demora a chegar, até aquilo que é essencial, como a alimentação, por exemplo, vai começando a rarear.
Não tendo nem o essencial para dar à família, o desempregado vai aos poucos perdendo a auto-estima, começa a andar pelas ruas e praças meio sem destino, ou então, o que é pior, torna-se freqüentador dos botecos da vida, onde se joga muita conversa fora e reclama da situação, tomando “umas e outras” que algum amigo oferece, um conhecido contou-me que se tornou um alcoólatra quando ficou desempregado, ficar sem fazer nada não é coisa boa, pois dizem até que “mente ociosa é oficina do capeta”.
Fiz esta introdução porque me parece ser esta a situação do pessoal da última hora, mencionado nesse evangelho, e que deviam estar bem desanimados quando foram para a praça no final de tarde, jogar conversa fora ou quem sabe, “bater um truquinho”. A colheita em uma vinha carecia de muita mão de obra e para os desempregados era uma ótima oportunidade para ganhar uns “cobres”. Nos que buscam uma oportunidade, sempre há os madrugadores, que acreditam naquele ditado “Quem madruga, Deus ajuda”, eles botam fé em seu potencial e se colocam a disposição bem cedo, para serem logo contratados.
Há os que já estão meio calejados e que dormem um pouco mais, mas às nove horas já estão na praça, à espera de quem os contrate, pois também se julgam eficientes. Não faltam aqueles que só acordam para o almoço, mas ouvindo falar que tem vaga na empreitada, preparam um “miojo”para não perder muito tempo, e vão voando para a praça, nem que seja ao Meio Dia, pois acreditam que também têm chance. A notícia corre rápida e chega até a turma do “Ainda resta uma esperança”, que também animados resolvem arriscar e vão para a praça às três horas da tarde, dando a maior sorte porque acabaram também contratados.
Mas agora, falemos dos desanimados, que já estão a tempo vivendo de JURO, “juro que vou pagar”, para não sucumbirem, assumiram dívidas com o padeiro, açougueiro, leiteiro, verdureiro, aquele dia para eles já está perdido e então vão para a praça às cinco da tarde, só para saber se há alguma novidade, e são surpreendidos pelo Dono da empreiteira, que os interroga, porque estão ali parados, sem fazer nada... Ninguém nos contratou, não temos nenhum valor, ninguém presta atenção no nosso sofrimento, ninguém nos confia um serviço, onde possamos ganhar o pão para o nosso sustento! E foi assim a ladainha de lamentações. A Turma das cinco nem acreditou, quando o Patrão mandou que fossem para a vinha, juntar-se aos outros trabalhadores. Certamente pensaram que fossem fazer Terceira turma, mas às dezoito horas em ponto, soou o apito e a jornada de trabalho acabou, trabalharam só uma hora, não ia dar nem para o leite e o filãozinho... Pensaram os trabalhadores. Então veio a surpresa agradável, foram os primeirões a receber e ganharam uma moeda de prata, que dava para fazer a compra do mês e ainda pagar umas contas, imaginem a alegria desses trabalhadores de última hora.
O clima era de festa e alegria quando a turma dos Madrugadores, profissionais competentes, que deram duro o dia inteiro, desde o nascer do sol, armou o maior barraco e chamaram o sindicato, pois não acharam certo receber apenas uma moeda de prata, tinham plena certeza de que iriam receber muito mais, pois se julgavam merecedores, mas o Patrão os lembrou sobre o contrato assinado: o pagamento da diária seria uma moeda de prata.
Na religião de Israel e no cristianismo de hoje, acontece a mesma coisa, o título de cristãos e o fato de ser membro de uma igreja, faz com que as pessoas sintam-se privilegiadas diante de Deus, merecedores de sua graça, do seu amor, das suas bênçãos e de todos os seus favores, se a pessoa atua em alguma pastoral ou movimento, então aumenta a obrigatoriedade de Deus atender. Infelizmente é essa a imagem que muitos fazem de Deus, que sempre surpreende os que buscam conhecê-lo melhor.
Na parábola em questão, contratou pessoas sem nenhum valor, e que, entretanto, apesar de terem chegado muito depois dos Madrugadores, foram alvos da mesma atenção e receberam o mesmo tratamento. Na verdade, ao invés de sermos a imagem e semelhança de Deus, muitas vezes projetamos Nele a nossa imagem e semelhança, para que seja bom com quem mereça, que trate as pessoas a partir dos seus merecimentos, o que na lógica humana é muito justo.
Porém, o amor e a justiça de Deus vai sempre buscar os últimos, os renegados, o que não tem mais nenhuma chance diante da sociedade “perfeita” ou da religião padrão, os que não têm o que fazer porque ainda não acharam um sentido para suas vidas. Os desprezados, tratados com frieza e que nunca são levados a sério.
E quando descobrimos que Deus os ama tanto quanto a nós, que nos julgamos “justos” em vez de fazermos com eles uma grande festa, manifestando alegria, agimos como o irmão mais velho do Filho Pródigo: derrubamos o beiço e nos recusamos a entrar na casa do Pai, isso é, a vivermos na comunhão com Deus, ao lado dos trabalhadores da última hora, sonhamos com um céu especial e nos frustramos ao ver que o coração de Deus, cheio de misericórdia, manifestada em Jesus, há lugar para todos os homens.


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