22º DOMINGO DO TEMPO COMUM 01/09/2013
1ª Leitura Eclesiástico 3, 19-21. 30-31
Salmo 67(68),11b “Vosso rebanho fixou habitação numa terra que
vossa bondade, ó Deus, lhe havia preparado”
2ª Leitura Hebreus 12,
18-19. 22-24ª
Evangelho Lucas 14, 1.7-14
Lucas ao iniciar esse evangelho, faz questão de nos dizer que o
Fariseu tinha uma “Ficha Limpa”, era alguém notável, íntegro, de boa índole,
uma referência para a comunidade. Por ser admirado como grande Mestre, Jesus
era sempre muito solicitado para estar á mesa com eles, na casa de algum líder
da comunidade. O texto nos informa que “eles” o observavam, talvez para ver se
tinha boas maneiras, se seguia a risca as determinações judaicas para se tomar
uma refeição, ou simplesmente porque Jesus irradiava algo de sobrenatural, e cada gesto ou palavra sua, tinham um
significado profundo.
Sem se sentir o centro das atenções e sem querer ser o grande
“astro” ou celebridade, Jesus também se põe a observar o modo como os
convidados do Fariseu escolhiam os primeiros lugares á mesa, e que era
naturalmente os mais próximos ao Dono da Casa. Não sabemos em que lugar Jesus
tomou assento, mas certamente não foi no lugar mais importante, julgando-se
pela sua observação...
Penso ainda, que naquela refeição, Jesus notou que os serviçais
tiveram que, educadamente, tirarem de seus lugares alguns que se julgavam o
máximo e que deles haviam se apossado. Imaginem o “mico” de sair de um lugar
mais importante para sentar-se em outro, menos importante. Vai ver que alguém
se apressou em chamar Jesus para ocupar o lugar principal ao lado do Fariseu
Anfitrião. Ao ver o constrangimento desses convivas, Jesus deve ter esboçado um
leve sorriso aos que estavam ali por perto.
Em nossas comunidades algo semelhante ocorre nas ações litúrgicas,
principalmente quando se trata da Santa Missa. Os lugares mais próximos do
Padre são os mais visados e disputados nas escalas. Aliás, Liturgia é uma das
maiores vitrines da nossa Igreja, nela os Egos são alisados, e os prazeres e
alegrias plenamente satisfeitos. E quando a Paróquia realiza algum evento, como
um Jantar Dançante, por exemplo, as mesas mais próximas a do Padre são as mais
procuradas, ás vezes até reservadas com antecedência. Há muitas disputas para
cargos que “aparecem”, mas por trabalhos humildes, que ficam quase no
anonimato, não há disputas ou concorrências. Poderia se disputar, por exemplo,
quem faz mais visitas aos enfermos, aos pobres, aos presos, quem se doa mais a
essas classes sofridas e injustiçadas, ás vezes até dentro da própria
comunidade. O que isso nos mostra?
Que o Amor doação, que se faz serviço desinteressado ao outro, anda
meio longe de nossas comunidades, em certas ocasiões. É nesse sentido que Jesus
alerta para esse perigo em nossas comunidades, onde quem se exalta vai acabar
sendo humilhado, de que jeito? No dia em que a casa cair e todos ficarem
sabendo de suas reais intenções. A humilhação será grande e a pessoa,
envergonhada por ser desmascarada, vai acabar sumindo da comunidade. O que
Jesus exalta nesse evangelho é exatamente a gratuidade nas relações fraternas,
uma ajuda, um trabalho, uma ação feita a favor do outro, e que nada espera de
recompensa ou gratificação. Nessa linha que devemos compreender a exortação de
não convidar pessoas importantes para almoçar em nossa casa, mas sim de pessoas
que nunca poderão retribuir. Jesus não é contra a ideias de acolhermos pessoas
queridas em nossa casa para uma refeição, o que ele ensina é que, a conduta de
um cristão, dentro da comunidade e fora dela, deve ser pautada pelos valores do
evangelho, e não pelas grandezas fantasiosas que o mundo nos propõe. No mundo o
que vale é o TER, na comunidade é o SER.
A interferência do TER no SER na Vida eclesial, resulta em numa
comunidade de relações mercantilizadas, onde cada um busca o benefício próprio
e não o Bem Comum.
Essas reflexões são excelentes para nossa preparação da liturgia. só que estou sentindo falta dos comentários de Olívia Coutinho. Onde anda?
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