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domingo, 25 de agosto de 2013

“A PALAVRA ENCARNADA” -Diac. José da Cruz

SEGUNDA FEIRA DA 22ª SEMANA DO TC 02/09/2013
1ª Leitura 1 Tessalonicense 4, 3-8
Salmo 95(96),13b “Pois ele vem para governar a terra, julgará o mundo com justiça, e os povos segundo a sua verdade”
Evangelho Lucas 4, 16-30
                                            “A PALAVRA ENCARNADA” -Diac. José da Cruz
Ao visitar Nazaré, cidade onde havia se criado, Jesus foi participar de uma celebração na sua comunidade, onde sempre fazia uma leitura e depois ajudava o povo a refletir, como fazem hoje nossos ministros leigos, que celebram a Palavra.
Podemos até imaginar a alegria do chefe da sinagoga quando viu Jesus chegar, ele era muito querido na comunidade, não só por ser uma pessoa simples, mas porque falava muito bem e demonstrava uma sabedoria superior aos sacerdotes, escribas e fariseus, sua catequese era bem prática e logo cativava. Por isso, ao vê-lo entrar na comunidade, o chefe da sinagoga foi logo pedindo para que ele fizesse uma leitura, porque parece que, como acontece me nossas comunidades, naquele dia o leitor escalado não apareceu. Jesus escolheu o livro do profeta Izaias que era o seu preferido, porque já o havia lido várias vezes e tinha a nítida impressão de que o texto falava dele.
Conforme Lucas que escreveu este evangelho de maneira ordenada e após muito estudo, por este tempo Jesus estava iniciando o seu ministério, já havia sido batizado e enfrentara com muita coragem o diabo, que no deserto tentou desviá-lo da sua missão.
A verdade é que Jesus tinha uma grande vontade de sair pelo mundo, ajudando as pessoas e falando de uma coisa que sentia em seu coração, foi com certeza por isso que naquele dia voltou à comunidade, e quando já no âmbão, começou a ler o profeta Izaias, na passagem onde diz “O Espírito do senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para levar a Boa notícia aos pobres, anunciar a libertação aos cativos e aos cegos e anunciar um ano de graças do Senhor”, seu coração começou a bater mais forte, percebeu que Deus não apenas falava para ele, mas falava dele, da sua vida, da sua história e da sua missão. Ele já havia sentido muito forte a presença desse Espírito de Deus no dia do seu batismo, e no confronto com o diabo no deserto, sentiu toda a força que o espírito lhe dava.
Nessa celebração as coisas ficaram muitas claras para ele: a libertação com que tanto sonhava junto com seu povo, ia muito além de uma libertação política, a palavra tinha a força de libertar o homem também e principalmente do mal que havia no coração, e que impedia de amar a Deus e aos irmãos. A opressão e a escravidão do seu povo era conseqüência de todo esse mal que havia dentro de cada homem, não só dos opressores. Precisava dizer isso aos pobres, aos cegos e oprimidos, que um tempo novo estava começando, com essa verdade que o Pai revelara através do profeta.
Todos olhavam fixamente para ele à espera da homilia, o mesmo espírito que o havia ungido acabara de transformá-lo na palavra Viva de Deus e por isso, sentando-se como faziam os grandes Mestres, disse: “Hoje se cumpriu essa passagem que acabastes de ouvir”
Também nós cristãos frequentamos a celebração da palavra em nossas comunidades onde as leituras, mais do que falar para nós falam de nós, pois a história de Jesus é a nossa história, também nós recebemos a graça de Deus em nosso batismo, também nós recebemos a unção do Espírito Santo, não para termos ataques de histeria e entrarmos em transe, mas para termos a mesma coragem de Jesus para cumprir a nossa missão, anunciar a boa notícia aos pobres, oferecer a palavra libertadora a quem está cego e cativo, e falar de um tempo novo onde Deus manifesta todo o seu amor ao homem que o busca.

Para que haja essa interação entre nós e a palavra, é necessário que nossas celebrações sejam bem participadas e preparadas, de maneira bem organizada pensando em todos os detalhes e aí podemos apreender com o escriba Esdras que na primeira leitura nos oferece um ótimo roteiro para celebração da palavra de Deus, onde a assembléia, tocada pela palavra, corresponde com gestos que manifestam o que está no coração, diferente da liturgia do “oba-oba”, muito usada para se atrair multidões, e que ás vezes, com tantos gestos e movimentos, acaba ficando vazia justamente por não ser uma manifestação espontânea do que se tem no coração tocado pela palavra de Deus.

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