10 de Setembro - TERÇA - Lc 6,12-19
Escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de
Apóstolos.
Hoje é com alegria que nós celebramos dois Apóstolos: S.
Simão e S. Judas Tadeu. Conforme o evangelista S. Marcos (Mc 6,3), eles eram
primos de Jesus.
S. Simão é natural de Caná da Galiléia (Cf Mc 3,18). Ele
pertencia ao partido político dos Zelotas, que tinha por objetivo libertar o
País dos romanos.
Jesus gostava desse tipo de gente, mesmo que não concordasse
às vezes com as idéias deles. Veja o caso de S. Paulo, que era um jovem
comprometido em acabar com os cristãos, porque achava que isso era um bem.
Sinal que ele era uma pessoa de ideal, alguém que abraça uma causa e luta por
ela.
O que Jesus detestava eram essas pessoas sem posição, sem
marca, sem identidade nem ideal, que, nos conflitos, ficam em cima do muro.
“Porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca!”
(Ap 3,16).
As pessoas amorfas são presas fáceis da sociedade de
consumo. Elas não têm opinião formada sobre nada. Não são contra nem a favor,
muito pelo contrário. Nós as chamamos de maria-vai-com-as-outras.
Segundo a tradição, S. Simão pregou o Evangelho no Egito,
onde morreu mártir.
S. Judas é mais conhecido nosso. É o “santo das causas
difíceis”. Seu pai se chamava Tiago. Ele pregou na Palestina, na Síria, na
Mesopotâmia, na Armênia e na Pérsia. Foi morto a machadadas. Por isso que é
apresentado com uma machadinha ao lado.
O evangelista S. João traz uma passagem onde aparece S.
Judas: Disse Jesus: “Quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama.
Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele.
Judas (não o Iscariotes) perguntou-lhe: Senhor, como se explica que tu te
manifestarás a nós e não ao mundo? Jesus respondeu: Se alguém me ama, guardará
a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada”
(Jo 14,21-23). Está aí a explicação por que as pessoas que desobedecem os mandamentos
acabam se desviando na fé. Deus só se manifesta aos que observam os seus
mandamentos.
S. Judas tem uma carta na Bíblia. É curtinha, tem apenas uma
página, mas é riquíssima.
Ele cita, por exemplo, a ganância: “Os gananciosos
apascentam a si mesmos. Por isso, são como nuvens sem água, que são levadas
pelo vento; e como árvores frutíferas que não dão fruto, e por isso são
cortadas pelo agricultor. São também como as ondas bravias do mar: fazem
espumas bonitas, mas em poucos segundos acaba tudo. São ainda como meteoros à
noite no céu: brilham, mas logo depois volta a escuridão”.
Veja outra passagem da carta: “Rezem, e mantenham-se unidos
no amor de Deus. Procurem convencer os vacilantes. E não se deixem contaminar
pelos maus costumes dos pagãos”.
E ele termina com uma oração: “Ao Deus único, que nos salva
por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder,
desde antes de todos os séculos, agora e por todos os séculos. Amém.”
O Evangelho de hoje é próprio da festa. Ele narra o chamado
de Jesus aos Apóstolos. O texto começa dizendo: “Jesus foi à montanha para
rezar, e passou a noite toda em oração a Deus. Ao amanhecer, chamou seus
discípulos e escolheu doze entre eles”.
Alguns discípulos subiram com Jesus a montanha, outros
ficaram na planície. Já foi uma pré-seleção, que partiu dos próprios
discípulos. Afinal, eles iam passar o noite toda rezando, e isso não é fácil.
Eles fizeram, ao mesmo tempo, oração e penitência, passando
a noite acordados. No outro dia, estavam preparados para ouvir Deus falar.
“Ao amanhecer, Jesus chamou seus discípulos e escolheu doze
dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos”. A oração nos ajuda a fazer o
que Deus quer.
Ao descerem da montanha, viram “uma grande multidão”. Sinal
que estava mesmo na hora de Jesus arrumar auxiliares.
Certa vez, uma sementinha se recusou a cair numa terra
molhada, cheia de esterco e mal cheirosa. Ela disse: “Eu não! Estou limpinha,
bonitinha, agora cair no meio deste esterco?”
A sua mãe, a flor, lhe disse: “Filha, tenha coragem. Eu
também era uma sementinha como você, e olhe como sou bonita hoje. Isso porque
eu tive coragem de ficar no meio da terra molhada e cheia de esterco”.
Os primeiros passos da nossa vocação são sempre difíceis,
mas depois vem o prêmio de Deus por atendermos ao seu chamado. E Jesus disse:
“Eu estarei convosco todos os dias”. Pronto, se ele está conosco, ele que é
Deus, não precisa mais nada. A confiança em Deus nos dá coragem para arriscar,
e caminhar rumo ao invisível. Isso porque Alguém, que nos ama, está vendo tudo.
Vamos apresentar a Maria Santíssima e aos Apóstolos S. Simão
e S. Judas as nossas causas difíceis, e tudo o que precisamos, para que
intercedam por nós.
Escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de
Apóstolos.
Padre Queiroz
A paz de Jesus!
ResponderExcluirPadre Queiroz
Colocou-se muito bem.
Parabéns pela riqueza de sua homilia.
Abraço fraterno
Ir. Francisco