6 de Setembro - Sexta - Lc 5,33-39
Mas dias virão em que o noivo será tirado do meio deles.
Então, naqueles dias, eles jejuarão.
Neste Evangelho, partindo da pergunta sobre o jejum, Jesus
nos mostra a radicalidade da Boa Nova trazida por ele. Não podemos misturar a
Boa Nova de Jesus com outros caminhos ou projetos. Ou nos jogamos inteiramente
no seguimento do Evangelho, ou não o seguimos. Meio termo não existe.
“Os convidados a um casamento podem jejuar enquanto o noivo
está com eles?” Numa festa de casamento, ninguém jejua. Conforme a tradição
bíblica, Deus é o noivo e a humanidade é a noiva. Com o pecado original, a
noiva havia abandonado o noivo; mas agora o noivo a procurou e fez com ela uma
Aliança, que se desdobra em duas Alianças: antiga e nova. No nova Aliança,
Jesus é o noivo, o que significa que ele é Deus.
E Jesus acrescenta duas parábolas que vêm justificar a sua
resposta à questão do jejum: ninguém remenda uma roupa velha com pano novo. A
roupa velha representa, naquele tempo, a religião judaica com seus jejuns e
ritos de purificação. Hoje, essa roupa velha é a mentalidade do mundo,
pluralista e pecador. Não podemos remendar essa roupa velha com o pano novo que
é o Evangelho, pois, além de não ficar bonito, acabamos estragando o pano novo,
que é a Boa Nova de Jesus.
Uma roupa remendada desse jeito fica feia e repuxada; um
cristão com mentalidade velha, apenas com remendos da fé cristã, fica a mesma
coisa.
A comparação do vinho nos odres vai na mesma linha. Não
podemos colocar o vinho novo, trazido por Jesus, em odres velhos, seja do
Antigo Testamento, seja do mundo caduco e pecador. Jesus nos pede para escolher
um dos dois caminhos e segui-lo integralmente. Ficar com os pés em duas canoas
não dá certo. O Evangelho do Reino não é compatível com instituições ou
mentalidades caducas.
A fé cristã é uma proposta de vida, não de leis. E a vida
muda, evolui constantemente, estourando qualquer código de leis. A lei é
necessária, mas é morta, e o Reino de Deus é vivo.
Um dia, Jesus recriminou os judeus por serem muito ciosos na
prática da letra da Lei, e se esquecerem do principal que é o espírito da Lei:
“Bem profetizou Isaías a vosso respeito: este povo me honra com os lábios, mas
o seu coração está longe de mim” (Mc 7,6; Is 29,13).
Uma pergunta: nós estamos em condições de receber o Vinho
Novo de Jesus, ou ainda estamos “com os pés em duas canoas”? Somos uma roupa
nova, uma roupa velha, ou uma roupa remendada?
Diógenes foi um grande filósofo que viveu em Atenas, na Grécia,
no Séc. IV A/C. Ele tinha fama de doido, porque fazia coisas exóticas. Não era
doido nada. Um dia, ele foi ao centro da cidade e, em pleno meio dia, com o sol
quente, começou a andar numa rua movimentada, com uma candeia acesa na mão. As
pessoas lhe perguntavam: “O que você está fazendo, Diógenes?” Ele respondia:
“Estou procurando um amigo”.
Nós podemos imitar Diógenes e, se as pessoas nos perguntarem
o que estamos fazendo, vamos respondeu: “Estou procurando um cristão integral,
sem mistura de outros “valores”.
Maria Santíssima, na hora da Anunciação, jogou-se
inteiramente nas mãos de Deus, como uma criança se joga nos braços da mãe. O
amor é totalizante, ele se dá totalmente. Que Maria nos ajude a fazer o mesmo,
no seguimento do seu Filho.
Mas dias virão em que o noivo será tirado do meio deles.
Então, naqueles dias, eles jejuarão.
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