SÁBADO DA 21ª SEMANA DO TC 31/08/2012
1ª Leitura 1 Tessalonicenses 4, 9-11
Salmo 97(98), 9 “Ele governará a terra com Justiça, e os povos, com
equidade”
Evangelho Mateus 25, 14-30
O evangelho nos coloca a parábola dos talentos, que poderá ser mal
compreendida, se não aprofundarmos a reflexão, pois não estamos diante de um
simples acerto de conta entre um patrão e seus servos, mas diante de algo muito
mais sério que é o sentido da nossa vida. A grande pergunta que estará em nosso
coração e em nossa mente, quando esta vida estiver se esvaindo, é exatamente
essa: Investimos a nossa existência em que? A vida valeu à pena?
Na contabilidade há um demonstrativo em cada final de exercício, que
mostra aos investidores e acionistas, de que modo foi investido o capital por
eles disponibilizado, esse balanço final mostra o Ativo e o Passivo, os ganhos
e perdas da empresa, seus direitos e obrigações, seus valores a receber e suas
contas a pagar, seu acréscimo patrimonial ou suas perdas, caso houver. Esta
visão permite ao acionista decidir se continuará investindo ou se vai procurar
outro negócio mais rentável.
Ora, Deus Pai investiu tudo em nós, o Filho pagou um alto preço, mais
que todo o ouro, toda a prata e todas as fortunas que há no mundo, é um direito
Dele portanto, querer saber no final de nossa vida, o que foi que fizemos com o
nosso viver, com a sua graça, com a vida nova que tivemos acesso, com a obra da
salvação, uma pessoa extremamente bondosa e amorosa para conosco, nunca nos
cobra nada, pois o seu amor é incondicional e gratuito, mas a gente se sente na
obrigação de dar um retorno, que pode ser uma grande alegria, como a dos dois
primeiros servos, que duplicaram os talentos que lhes foram confiados, ou então
será um momento de grande tensão e angústia, marcado pelo medo, por causa de
uma relação distorcida com o Patrão. Podemos perceber que os outros dois não
tiveram a preocupação de justificar o porquê, aplicaram bem o talento recebido, pois
independente do rigorismo e da exigência do Patrão, sentiram-se no dever de
corresponder à confiança neles depositada.
Deus reconhece as nossas limitações, ele sabe muito bem que nem todos
irão viver bem, descobrindo o sentido da vida e vivendo na essência do seu
amor, e por isso, diante dele é válido todo e qualquer esforço de se viver,
segundo suas leis e sua santa palavra. Podemos até dizer, que o talento dado, é
a própria existência, visível aos nossos olhos, e que os talentos adquiridos
com um bom investimento, são as graças sobrenaturais que antecipam em nosso
caminhar, esta vida nova que Jesus nos presenteou. Na hora certa, esta vida não
nos será tirada, mas enriquecida com os demais talentos ,quando vivemos bem a
nossa vida terrena, entendendo que ela é muito mais do que aquilo que se vê,
São Paulo chama isso de caminhar na Fé.
Porém, aquele que se apegou a esta simples existência, limitando-se a
viver apenas na visão, alimentando sua esperança apenas com aquilo que esta
vida terrena pode dar, este é o servo Mau e preguiçoso, que investiu mal a sua
vida, e que no balanço final da sua existência, já diante de Deus, irá
constatar horrorizado, que não auferiu nenhum lucro, e que o que pensava ser um
grande lucro, foi na verdade uma grande e terrível perda, e que terminou o seu
exercício terreno com um saldo negativo, devendo algo para Deus.
Há uma música pastoral belíssima, cujo refrão diz “tudo vale a pena,
quando a alma não é pequena!” Eis o grande segredo que o homem precisa
descobrir, que o viver não se restringe aos limites do corpo, mas que o homem
traz em si as sementes da eternidade, de uma Vida renovada pela qual vale a
pena lutar para buscá-la e mantê-la a cada dia, porque os nossos horizontes são
muito mais amplos do que nossos olhos podem vislumbrar, e esta descoberta
prodigiosa que muda tudo em nossa vida, só ocorre na vida de quem vive na Fé.
Ainda tomando o exemplo da Contabilidade empresarial, mês a mês se faz o
balancete, que como o próprio nome diz, trata-se de um Balanço menor, que mostra
os valores movimentados e ajudam o empresário a redirecionar seus
investimentos, caso o resultado do balancete não seja bom, por isso esse
evangelho nos convida também a um bom exame de consciência diante de Deus no
sentido de saber com clareza e sinceridade, o que é que estamos fazendo da
nossa vida, que são os talentos que Deus nos confiou, sempre é tempo de nos
converter, de acertar as contas negativas e fazer novos investimentos na
caridade, no amor, na solidariedade, com os lucros auferidos da Palavra de Deus
e da força da Eucaristia.
A grande diferença da nossa vida de fé e de um controle contábil, é que
o nosso Deus não é avarento nem egoísta, e o pouco que conseguirmos lucrar com
a prática do amor cristão, já será suficiente para ouvirmos dele a palavra que
o nosso coração anseia: “Porque foste
fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar
da minha alegria!” Alegria que já experimentamos ainda nesta vida,
quando colocamos todos os nossos talentos para servir os nossos irmãos,
ajuntando um tesouro no céu. Este evangelho fecha com chave de ouro este mês
Vocacional pois Vocação e Talento tem tudo a ver!
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