SEXTA FEIRA DO TEMPO
PASCAL 26/04/2013
1ª Leitura Atos 13, 26-33
Salmo2,7 “Disse-me o
Senhor: “Tu és meu Filho, eu hoje te gerei”
João 14, 1-6
No evangelho de João estamos diante de um Jesus que fala muito,
os discursos ocupam a maior parte, é sempre bom lembrar que os escritos
Joaninos situam-se mais ou menos nos anos 90, quase final do primeiro século,
marcado por intensa perseguição aos cristãos.
O quadro que se apresenta é de insegurança e perturbação,
certamente o grupo dos discípulos também viveu essa mesma experiência nos dias
que antecederam a paixão e morte do Senhor, no coração dos pobres e simples, os
ensinamentos de Jesus eram bem acolhidos, mas nas Lideranças Religiosas, ao
contrário, a rejeição e a incredulidade eram evidentes.
As comunidades do final do primeiro século também estão
inseguras, todos se perguntam que destino terá o Cristianismo iniciado pelos
discípulos de Jesus, como sobreviver em um ambiente tão hostil ao evangelho,
onde os cristãos são considerados membros de uma seita perigosa ao sistema.
Os cristãos têm consciência da missão que fora confiada á
igreja, pelo próprio Senhor, mas por outro lado sentem-se impotentes e nada
podem fazer para reverter o quadro.
Nossas comunidades cristãs neste terceiro milênio, embora em
outro contexto vivem o mesmo drama, o que fazer diante de um mundo cada vez
mais hostil ás coisas de Deus Pai ? Como agir em uma sociedade que ainda não conhece
de fato a Jesus Cristo, seu Reino e seu evangelho. Filipe não conhecia o Pai, e
hoje em nossas comunidades, muitos também não conhecem a Deus, fazendo dele uma
imagem distorcida.
Muitos vivem em comunidade, recebem um Batismo, tem contato com
Deus nos Sacramentos, ouvem a Deus na Palavra, comungam Deus na Eucaristia, mas
não sabem ao certo quem é Deus, e essa fé em Jesus nem sempre os faz ser,
pensar e agir diferente. Crêem em Jesus mas não o aceitam como Senhor de suas
Vidas, aliás, nem admitem que ele interfira em suas vidas, é a chamada Religião
onde as pessoas se “sentem bem”, sem qualquer compromisso com a moral ou ética,
Tomé não conseguia ligar Fé e Vida, sua relação com Deus se
fundamentava em revelações e manifestações grandiosas através do messianismo de
Jesus. Ele não consegue pensar em um Reino que irá acontecer em definitivo,algo
que só Jesus sabe o caminho, e que vai muito além de qualquer Reino terreno,
por isso irá dizer a Jesus “Senhor, mostra-nos o caminho” . “Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida”.
O caminho é bem conhecido, não podemos dar a mesma desculpa de
Tomé “Senhor, não sabemos para onde vais”! Não sabemos o que fazer, ou que
estilo de vida adotar enquanto cristãos. Essa é uma desculpa esfarrapada
demais, o nosso caminho é o mesmo de Jesus, é o caminho do serviço, percorrido
sempre com amor e entusiasmo, ainda que diante de nós, tenhamos muitas vezes as
cruzes dos fracassos, o tormento das nossas limitações. A Fé no Pai que se
revelou em Jesus, aquele a quem seguimos, sempre nos reanima as forças, nos faz
olhar á frente e seguirmos adiante, para uma Vida além de tudo o que hoje
vemos, sentimos e somos. Esse lugar que já está reservado ao homem de Fé, é ao lado
de Deus, para isso Ele nos fez e nisso consiste a Salvação... Ele já está a
disposição, ainda nesta vida, para quem se dispuser a Ser Discípulo Fiel de
Jesus.
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