Segunda-feira 05/11/2012
Lc
14,12-14
Padre Queiroz
A partilha com os pobres
Quando deres uma festa, convida os pobres... Então
serás feliz!
Neste Evangelho, mais do que uma parábola, Jesus nos
faz um pedido muito claro: Quando dermos uma festa, não convidemos os nossos
parentes, ou amigos, ou vizinhos ricos. Pois estes poderão nos retribuir,
convidando-nos também. Pelo contrário, que convidemos os pobres, os aleijados,
os coxos, os cegos... Porque estes não nos poderão retribuir, e receberemos a
recompensa de Deus, na ressurreição dos justos.
O pedido de Jesus é facílimo de entender, porque
todos nós fazemos festinhas, de vez em quando, seja de aniversário natalício,
de casamento, de batizado, por ocasião do Natal... O problema é que a fé ainda
não penetrou tanto em nós, a ponto de nos mover a atender o pedido de Jesus.
Alguns fazem até uma “releitura”, dizendo que Jesus não quis dizer isso que ele
disse, mas outra coisa. Tudo para escapar do pedido dele, que é muito forte.
Sabemos que a recompensa de Deus é infinitamente
mais generosa que a de qualquer ser humano. É o que disse Jesus em outra
ocasião: “Dai e vos será dado. Uma medida boa, socada, sacudida e transbordante
será colocada na dobra da vossa veste, pois a medida que usardes para os
outros, servirá também para vós” (Lc 6,38). Naquele tempo, o povo usava
túnicas, também os homens; e costumavam medir cereais na dobra da própria
túnica.
Como é distante a vida que levamos, da vida que
Jesus nos propõe! Este é apenas um exemplo; há muitos outros ensinamentos dele
que têm a mesma radicalidade. Por exemplo:
- Os que se casam, “já não são dois, mas uma só
carne. O que Deus uniu, o homem não separe” (Mt 19,6).
- “Se alguém te der uma bofetada na face direita,
oferece-lhe também a outra” (Mt 5,39).
- “Se alguém quiser abrir um processo para tomar a
tua túnica, dá-lhe também o manto!” (Mt 5,40).
- “Se alguém te forçar a acompanhá-lo por um
quilômetro, caminha dois com ele!” (Mt 5,41). Etc.
Jesus cita o almoço porque eles estavam almoçando.
Foi apenas um exemplo. O que ele quer é uma mudança de coração. Quando o nosso
coração muda, muda todo o nosso comportamento.
Neste Evangelho, Jesus nos pede para dar preferência
aos mais pobres e excluídos. No início de sua vida pública, ao apresentar seu
programa de vida, ele disse: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me
consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres. Enviou-me para
proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para
dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do Senhor” (Lc
4,18-19).
Isso foi opção de Deus Pai. O mesmo Deus que
escolheu uma mãe para seu Filho, escolheu também uma classe social para ele
viver, a fim de mostrar ao mundo de que lado Deus está.
Jesus disse que continuaria presente na terra, em
quatro situações: 1) Na Eucaristia: “Isto é o meu corpo”. 2) Na Igreja: “Onde
dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei aí no meio deles”. 3)
Nas crianças: “Quem acolher em meu nome uma criança como esta, estará acolhendo
a mim mesmo” (Mt 18,5). 4) E nos pobres: “Todas as vezes que fizestes isso a um
destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt
25,40).
No Evangelho de hoje, após nos pedir para convidar
os pobres para o almoço, Jesus diz: “Então serás feliz!” Realmente, é indizível
a alegria que sente uma pessoa que tem a coragem de atender a este pedido de
Jesus.
Fica para nós a pergunta: A nossa Comunidade tem o
mesmo coração de Jesus? Ela atende a esse pedido dele? “Queremos ver Jesus,
caminho, verdade e vida.” Que mostremos ao povo do terceiro milênio o
verdadeiro rosto de Jesus!
Certa vez, estava se aproximando o Natal, e as
catequistas de uma Comunidade resolveram armar o presépio de forma comunitária.
Cada criança devia trazer, ou sugerir, aquilo que ela acha que devia haver no
presépio.
Um menino trouxe de casa um recorte de revista,
contendo a foto de moradores de rua, entre eles várias crianças, e colocou no
presépio.
A catequista lhe perguntou por quê, e ele explicou:
“Eu acho que Jesus está no meio dessas pessoas, e quer que elas tenham
moradia”.
Esse garoto demonstrou um profundo conhecimento de
Jesus e do seu Evangelho.
Nossa Senhora seguiu à risca o Evangelho do seu
Filho. Além de viver no meio dos pobres, ela, no hino Magnificat, criticou
duramente os ricos. “Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos
vazias.” Que ela nos ajude a viver com coragem o que seu Filho ensinou, mesmo
estando no meio de uma sociedade que segue, muitas vezes, o caminho contrário.
Quando deres uma festa, convida os pobres... Então
serás feliz!
Muito me alegra este pedido de Jesus. E abre meu coração a fazer o bem e partilhar. Hoje mesmo farei uma boa ação em silêncio, mas pensando na alegria que o outro terá e que muitas vezes está ao nosso lado, em nossa esquina, nosso percurso ao trabalho... Senhor dai-nos sabedoria e humildade para ajudá-los materialmente e que juntos possamos crescer espiritualmente em Tua direção. Amém!!!
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