10 de dezembro -
Segunda Feira
Segunda Feira da 2ª Semana do Advento 10/12/2012
1ª Leitura Isaias 35, 1-10
Salmo 84 (85) “Eis que vem o
nosso Deus! Ele vem para salvar”
Evangelho Lucas 5, 17-26
"NOSSOS PARALÍTICOS..." – Diác. José da Cruz
(A Força do Amor e da Fé nunca fica sem uma resposta diante de Deus)
Certa ocasião, quando refletíamos esse evangelho em grupo, alguém
perguntou se na casa onde Jesus estava pregando, havia elevador ou coisa
parecida, se olharmos o relato em si mesmo, vamos acabar fazendo outras perguntas
como, "Será que eles não podiam pedir licença para passar no meio das
pessoas e entrar na casa?" e mais ainda... Seria normal que as pessoas que
estavam aglomeradas á entrada, quando vissem o esforço dos quatro homens,
subindo na parede com o paralítico deitado em uma cama, oferecessem ajuda,
buscando uma alternativa mais fácil...
O próprio Jesus, não poderia ter dado um jeito de sair para atender
o paralítico, sem precisar tanto esforço de subir e ainda ter de abrir um
buraco no telhado? Fazer perguntas como essas, é muito importante para a nossa
reflexão, pois vamos e convenhamos, o modo que eles encontraram para colocar o
paralítico á frente de Jesus, não foi o mais fácil, aliás, correu-se até o
risco de um grave acidente.
Hoje em dia a gente sabe que nossos templos existentes, ou os que
estão em construção, devem ter em seu projeto, a construção de rampas, para
facilitar o acesso de nossos irmãos deficientes. Mas com certeza, não é este o
tema do evangelista, ele está querendo dizer alguma coisa as suas comunidades e
aos cristãos do nosso tempo.
Dia desses, alguém bastante estressado dizia-me que certas pessoas
só atrapalham a vida da comunidade, porque são muito radicais, geniosas,
incomodam a todos, e o tempo todo eles só arranjam encrencas e mais encrencas,
concluindo, dão muito trabalho, são sempre do contra, enfim, chatas e duras de
engolir, e que sem elas, a comunidade é uma maravilha, o conselho deveria tomar
providência, ou quem sabe, o padre impor a sua autoridade.
Pessoas com essas características não caminham, e ainda dificultam
a vida de quem quer caminhar: pronto, já começamos a descobrir os paralíticos e
paralíticas de nossas comunidades, irmãos e irmãs que não se emendam de seus
defeitos, nunca mudam o seu jeito de ser, não se convertem e precisam portanto,
ser acolhidas e carregadas. Há irmãos na comunidade que a gente tem prazer de
encontrar, é sempre uma alegria imensa, mas há também esses, que nos perturbam,
incomodam, e a gente não fica a vontade, se estão conosco em uma reunião da pastoral
ou do movimento, a troca de "farpas" será inevitável...
Há no texto duas coisas que chamam a nossa atenção, primeiro o
esforço desse quarteto, subir pela parede, desfazer o telhado e descer a cama
com cordas. Jesus elogia-lhes a fé, parece até que fez o milagre como
retribuição a tanto esforço. Eles tinham fé em Jesus Cristo, sabiam que se o
levassem diante dele, seria curado, mas por outro lado, embora o texto não cite
isso, a gente percebe que o amavam muito, tiveram com ele muita paciência, sei
lá quantos quilômetros tiveram que andar, carregando aquela cama que deveria
ser pesada, e ainda, ao deparar com a multidão aglomerada á frente da casa,
poderiam ter desistido, já tinham feito a sua parte. Mas a força do amor e da
fé, fez com que não desistissem, e se preciso fosse, seriam capazes de derrubar
a casa.
Os quatro são uma referência para as nossas comunidades, onde
muitas vezes falta-nos o amor e a fé, para carregar nossos paralíticos e
superar os obstáculos, passando por cima dos preconceitos. Nas comunidades há
pessoas amorosas, pacienciosas, que aceitam conviver com todos, amando-os como
eles são, sem exigências, preconceitos ou radicalismo, mas há também a turma de
"nariz empinado", como aqueles doutores da lei, que não crê em um Deus
que é misericórdia, e que perdoa pecados, seguem normas e preceitos, até
trabalham na comunidade, mas são extremamente exigentes com os
"paralíticos", acham-se perfeitos e não aceitam a convivência com os
imperfeitos.
Jesus elimina o problema pela raiz, "Filho, teus pecados te
são perdoados...", a cura física vem em segundo plano, e se a enfermidade
impede que o paralítico se aproxime de Jesus, a comunidade os carrega,
possibilitando que ele também faça a experiência do Deus que perdoa, ora, se
houver na comunidade intolerância, preconceitos, e ranços ocultos, como é que
essas pessoas poderão experimentar o amor, o perdão e a misericórdia? Os
intolerantes têm sempre um olhar extremamente crítico e severo, para com os
paralíticos, e não aceitam que outras pessoas tenham por eles amor e ternura,
manifestada na paciência e tolerância.
Por isso Jesus ordena – levanta-te, toma o teu leito e vai para
casa. Deus nunca faz as coisas pela metade, na obra da salvação, Jesus não fez
simplesmente uma reforma no ser humano, mas o transforma em uma nova criatura,
na graça santificante do Batismo, fazendo com que deixe de se relacionar com
Deus na religião normativa, porque crê no Deus que é todo amor e misericórdia,
que perdoa pecados e os liberta com a sua santa palavra, em Jesus de Nazaré.
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