E, estendendo a mão
para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos”.
Neste Evangelho,
sem desmerecer a família e muito menos a sua família, Jesus nos apresenta uma
dimensão belíssima da Igreja: ela é a Família de Deus, a Família de Jesus. E
isso de verdade, não apenas símbolo ou figura de linguagem. A Igreja é a nossa
segunda família e, na falta da família carnal, ela torna-se a nossa primeira
família.
A mãe e os “irmãos”
de Jesus chegaram e queriam falar com ele. Não era fácil. Tiveram de ficar lá
fora, porque a multidão enchia o local. Quando o avisaram, Jesus lançou no ar
uma pergunta: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” E, estendendo a mão
para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele
que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e
minha mãe”. Essa afirmação não diminui nem exclui Maria, pois ela cumpria
sempre a vontade de Deus, como Jesus bem sabia.
Mas, sem dúvida, a
resposta de Cristo à sua própria pergunta relativiza os vínculos familiares na
perspectiva do Reino de Deus, que tem a primazia absoluta e cujo eixo central é
a vontade divina. Um pouco antes, Jesus havia dito que quem quiser segui-lo,
devia renunciar pai, mãe, irmãos... De fato, todo discípulo ou discípula de
Jesus terá de experimentar pessoalmente, e mais de uma vez, a dor da renúncia à
família. Mas Jesus prometeu: ganhará cem vezes mais pais, mães, irmãos, irmãs e
tudo o mais que renunciar.
Para nós, a
prioridade do Reino de Deus é absoluta, e esse Reino se concretiza em fazer a
vontade de Deus. Se a cumprirmos, espera-nos no Céu uma vida em família e não
apenas como hóspedes da casa de Deus.
Nós queremos ser
dignos filhos do Pai que temos, que é Deus Pai, do irmão que temos, que é
Jesus, e da mãe que temos, que é Maria.
“Vós sois lavoura
de Deus” (1Cor 3,9). Entre as várias figuras usadas na Bíblia para nos explicar
o que é Igreja, está esta: a Igreja é a lavoura de Deus.
Imagine uma lavoura
cheia de pragas: tiririca, caruru, carrapicho... Essas ervas daninham crescem
mais rápido que a plantação e a matam, ou fazem com que produza menos e grãos
de menor qualidade.
As pragas são
aqueles cristãos e cristãs que estão dentro da Igreja e dão maus exemplos,
levando uma vida errada, de pecado, vícios... Isso atrapalha e prejudica toda a
Comunidade.
Aqui está a
explicação por que algumas Comunidades cristãs produzem tão pouco e dão pouco
testemunho. São os maus cristãos que estão no meio dela e prejudicam o
crescimento de toda a Comunidade. Isto se observa não só a nível de Comunidade,
mas de todos os grupos cristãos. Uma maçã podre na cesta, apodrece todas as
outras.
Jesus jogou tudo na
Igreja, elevando-a a sua família. Que nós correspondamos a esse presente que
ele nos deu.
O Papa Pio XII
gostava de fazer palestras num grande auditório que existe no Vaticano. Ele
falava para casais, para jovens e para profissionais das diversas áreas. Um
dia, ele estava falando para casais e namorados juntos. Observando a platéia,
ele viu que os namorados estavam juntinhos, de braços dados e com muito carinho
um com o outro. Já os casais era um pra lá e outro pra cá, sem nenhuma
demonstração de amor e carinho.
Então o Papa ficou
triste e desabafou dizendo: “Gente, o sacramento do matrimônio une ou separa as
pessoas? Eu vejo aqui que aqueles que não receberam o sacramento estão unidos,
ao passo que os que o receberam estão desunidos!” E Pio XII fez um apelo:
“Vamos provar para os filhos e para o mundo que o sacramento do matrimônio os
uniu, e não tenham vergonha de mostrar publicamente que se amam!” Claro que o
sacramento é uma graça que traz a união e um amor maior. O problema é que nem
sempre colaboramos com a graça!
O mesmo podemos
dizer em relação aos outros sacramentos e à toda a Igreja. Compensa ser terreno
bom e plantas viçosas nesta lavoura de Deus.
Maria é a flor mais
bela da Igreja. Ela enfeita, alegra e perfuma a Comunidade cristã. Mãe da
Igreja, rogai por nós!
E, estendendo a mão
para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos”.
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