Terça-feira do tempo de Natal
3 Janeiro 2017
06ª Semana do Advento
– Terça-feira – Anos ímpares
Lectio
Primeira leitura: 1
João 2, 29-3,6
Caríssimos, 29*se
sabeis que Ele é justo, sabei também que todo aquele que pratica a justiça
nasceu dele. 1*Vede que amor tão grande o Pai nos concedeu, ao ponto de nos
podermos chamar filhos de Deus; e, realmente, o somos! É por isso que o mundo
não nos conhece, uma vez que O não conheceu a Ele. 2*Caríssimos, agora já somos
filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. O que sabemos
é que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos
tal como Ele é. 3*Todo o que tem esta esperança em Deus, torna-se puro, para
ser como Ele, que é puro. 4Todo o que comete o pecado comete a iniquidade, pois
o pecado é, de facto, a iniquidade. 5*E bem sabeis que Ele se manifestou para
tirar os pecados, e nele não há pecado. 6*Todo aquele que permanece em Deus não
se entrega ao pecado; e todo aquele que se entrega ao pecado não o viu nem o
conheceu.
Jesus é modelo para
todo o cristão. Ele é o justo, Aquele que não tem pecado, o obediente por
excelência ao Pai. O cristão, que vive na justiça, também é filho de Deus e não
comete pecado. O fiel é um homem novo, chamado a uma vida nova: é filho de Deus
(cf. vv. 1- 2), nasceu de Deus (v. 29). É chamado a, imitando a Cristo,
identificar-se cada vez mais com o Pai e a viver em comunhão com Ele.
O mundo que recusa
Deus, aliando-se ao anticristo, despreza e não compreende Jesus, não ama os
seus discípulos e actua contra a lei de Deus; pertence à esfera do Maligno e
opõe-se ao reino messiânico. Quem, pelo contrário, adere ao Senhor, que se fez
pecado por nós, é imune ao pecado e obtém de Cristo a força para ultrapassar o
mal e vencer (v. 6). Mas só pode fazer experiência do amor de Deus aquele que
não comete pecado, pratica a justiça e se mantém puro, percorrendo o caminho percorrido
por Cristo: o caminho da cruz.
Evangelho: João 1,
29-34
29*No dia seguinte, ao
ver Jesus, que se dirigia para ele, exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira
o pecado do mundo! 30*É aquele de quem eu disse: ‘Depois de mim vem um homem
que me passou à frente, porque existia antes de mim.’ 31*Eu não o conhecia; mas
foi para Ele se manifestar a Israel que eu vim baptizar com água.» 32E João
testemunhou: «Vi o Espírito que descia do céu como uma pomba e permanecia sobre
Ele. 33E eu não o conhecia, mas quem me enviou a baptizar com água é que me
disse: ‘Aquele sobre quem virdes descer o Espírito e poisar sobre Ele, é o que
baptiza com o Espírito Santo’. 34Pois bem: eu vi e dou testemunho de que este é
o Filho de Deus.»
João Baptista
encontra-se com Jesus e dá o seu testemunho solene, num contexto de revelação
messiânica: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!» (v. 20). É o
homem de Deus que reconhece, por primeiro, a identidade de Jesus: «vê» Jesus. O
símbolo do cordeiro lembra vários textos: o cordeiro pascal (cf. Ex 12, 1-28;
29, 38-46), o Servo Sofredor (cf. Is 42, 1-4; 52, 13-53, 12). Jesus é o
Cordeiro-Servo obediente ao Pai. É Ele que, pela sua Paixão, Morte e
Ressurreição tira o pecado do mundo e lhe dá a vida. O próprio Baptista vê o Espírito
descer sobre o Messias (v. 32).
A imagem da pomba, no
ambiente judaico antigo, indicava Israel: o Espírito que desce em forma de
pomba anuncia o novo Israel de Deus, que começa com Jesus e é o fruto maduro da
vinda do Espírito. Chegou a época da purificação e do verdadeiro conhecimento
de Deus, por meio do Espírito. O Espírito desce sobre Jesus, permanecendo n´Ele
e transformando-O no novo templo, fonte perene do Espírito no meio dos homens.
É na teofania do baptismo que João reconhece o Messias, podendo agora dar
testemunho de Jesus como Filho de Deus (v. 34), aquele que baptiza no Espírito
(v. 33) e nos enche desse dom de salvação.
Meditatio
O testemunho de João
Baptista tem por objectivo suscitar a fé dos discípulos na pessoa de Jesus.
João viu o Espírito «permanecer» sobre Jesus. Esta certeza leva-o a anunciar
que Jesus é verdadeiramente o Messias, o eleito de Deus (cf. Is 42, 1). O
testemunho de Jesus “Filho de Deus” torna-se eco das palavras do Pai no
baptismo: «Este é o meu Filho muito amado».
Se procurarmos uma
ligação entre o evangelho de hoje e a primeira leitura, podemos encontrá-la:
«Ele se manifestou para tirar os pecados» (v. 5), diz a primeira leitura; «Eis
o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!», diz o evangelho (v. 20).
É esta a mensagem da
liturgia, ao começar o novo ano. E dá-nos ricos ensinamentos sobre a luta
contra o pecado. No evangelho vemos que o Cordeiro de Deus tira o pecado do
mundo, baptizando no Espírito Santo. O baptismo na água, de João, manifestava o
desejo de purificação, mas era impotente contra o pecado. Só o baptismo no
Espírito nos pode purificar e libertar do mal. E Jesus deu-nos o baptismo no
Espírito por meio da sua morte e ressurreição.
A diz-nos Primeira
Carta de João que, tendo sido libertados do pecado, havemos de viver na pureza
a realizar a justiça. Tendo sido purificados gratuitamente, havemos de viver
como puros. A exigência é precedida pelo dom. Porque Deus nos amou e nos
transformou, não podemos pactuar com o pecado.
Mais ainda: este
maravilhoso dom de Deus há-de desenvolver-se: «agora já somos filhos de Deus,
mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. O que sabemos é que, quando
Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é».
O baptismo no Espírito inclui uma maravilhosa esperança que nos encoraja na
difícil caminhada da
vida. É pela esperança que nos tornamos puros, como Cristo: «Todo o que tem esta esperança em Deus, torna-se puro, para ser como Ele, que é puro» (v.3).
vida. É pela esperança que nos tornamos puros, como Cristo: «Todo o que tem esta esperança em Deus, torna-se puro, para ser como Ele, que é puro» (v.3).
Seguindo o Pe. Dehon,
“por graça especial (carisma) de Deus, somos chamados na Igreja a procurar e
realizar, como único necessário, uma vida de união à oblação de Cristo (cf. Cst
n. 26).
Por causa da nossa
participação, em Cristo e com Cristo, na oblação reparadora em favor dos
homens, deveria poder dizer-se de cada um de nós o que João Baptista disse de
Jesus: ”Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).
Deste modo, viveremos a nossa vocação oblativa-reparadora: por meio da
santidade da nossa vida e por meio do nosso apostolado, realiza-se a nossa
missão de Oblatos-Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus” (Cst 6) na “missão da
Igreja”.
Oratio
Nós Te glorificamos,
Senhor, nós Te bendizemos. Ao enviar-nos o teu Filho como Salvador, tornaste
possível a nossa libertação do pecado e da morte e restabeleceste a nossa
comunhão Contigo. Fizeste descer o teu Espírito sobre Jesus para que pudesse
iniciar a sua missão no mundo e tirar todos os nossos pecados.
Dá-nos a graça de
compreendermos cada vez mais o imenso dom do nosso baptismo, em que nos
tornámos teus filhos. Dá-nos força para empreendermos um caminho espiritual que
nos torne adultos na fé, generosos no amor e testemunhas do teu Evangelho no
meio daqueles que ainda não acolheram o dom da salvação. Que todos, mesmo aqueles
que se proclamam ateus ou indiferentes, sejam sacudidos na sua aparente
tranquilidade, reconheçam em Jesus o verdadeiro sentido para a vida e
experimentem a tua ternura de Pai. Amen.
Contemplatio
Há duas coisas a
considerar no baptismo de Nosso Senhor: a purificação, e a descida do Espírito
Santo sob a forma de uma pomba.
1º A purificação foi
para Nosso Senhor um acto de humildade profunda à qual se submeteu para nos dar
o exemplo, para nos merecer graças de pureza. Nosso Senhor não tinha
necessidade de purificação, mas quanto a nós, é uma necessidade urgente. Aquele
que trabalha pela salvação das almas deve: 1º não ter nenhum pecado mortal na
consciência, 2º não ter o hábito de nenhum pecado venial, 3º ter uma grande
pureza de intenção. Sem estas condições, o ministério não leva nenhum fruto
sério às almas.
Ora qual será o Jordão
onde nós podemos receber o baptismo do apostolado, senão o Sagrado Coração de
Jesus? Pela contemplação habitual do Sagrado Coração, nós impedimos em nós o
reino do pecado mortal, destruímos as raízes do pecado venial, e como nós vemos
em toda a parte e sempre o Sagrado Coração, as nossas intenções serão
necessariamente puras.
2º O Espírito Santo,
depois do baptismo de Nosso Senhor, desce sobre Ele em forma de pomba, e o Pai
eterno faz escutar estas palavras: «Eis o meu Filho bem amado no qual pus as
minhas complacências». Se nós queremos santificar o nosso ministério, não basta
que nós tenhamos a consciência pura, é preciso que o Espírito Santo desça a
nós, é preciso que o Espírito do Coração de Jesus se torne o nosso. «Induimini
Dominum Jesum-Christum (Ad Rom). «Revesti-vos de Jesus Cristo», isto é,
reproduzi a sua vida, as suas intenções, o seu zelo.
O espírito apostólico
é um espírito de zelo unido a uma grande doçura e a uma humildade profunda. A
pomba é o símbolo destas virtudes. Se este espírito nos anima, havemos de
reproduzir em nós a vida dos grandes apóstolos dos tempos passados, dos Paulos,
dos Domingos, dos Franciscos Xavier, etc.. O verdadeiro apóstolo deve ser como
S. Paulo: «Já não sou eu que vivo, é Jesus, é o Coração de Jesus quem vive em
mim» (Leão Dehon, OSP 2, p. 252).
Actio
Repete frequentemente
e vive hoje a palavra:
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós (Liturgia).
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós (Liturgia).
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