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de Janeiro- Sábado - Evangelho - Mc 3,20-21
Os
parentes de Jesus diziam que ele estava fora de si.
Este
Evangelho narra a incompreensão dos próprios parentes de Jesus a respeito dele.
“Nem os seus irmãos (primos e parentes) acreditavam nele” (Jo 7,5). A expressão
“fora de si” significa o que dizemos hoje: “perdeu a cabeça”.
Jesus
não perdeu a cabeça, mas que suas idéias eram muito diferentes da mentalidade
do seu povo eram. Basta ver o discurso das bem-aventuranças, em que ele chama
de felizes os pobres e os perseguidos por causa do Reino de Deus; o pedido para
darmos a outra face para quem nos esbofeteia; o pedido de perdoarmos os nossos
inimigos; o sentido que dá para a autoridade: é serviço e não poder; o pedido
para darmos também a túnica a quem nos roupa ou toma a capa... Tudo isso,
frente à mentalidade do mundo, não só daquele tempo, mas também de hoje, é
loucura.
A
incompreensão de que Jesus foi vítima, até por parte de seus discípulos,
ilumina-nos sobre a situação dos cristãos e da Igreja hoje. Muitos não a chamam
de “louca”, mas quase.
Logo
no versículo seguinte, Marcos fala: “Os escribas vindos de Jerusalém, diziam
que Jesus estava endemoninhado”.
Na
História da Igreja, todos os cristãos e cristãs que levaram a sério o Evangelho
foram taxados de loucos. Por exemplo, S. Francisco, que foi chamado de louco
por seu próprio pai, rico comerciante.
Como
os parentes de Jesus, também nós queremos reduzir aos limites do “razoável” a
chama abrasadora do Evangelho e o escândalo da cruz. Se os santos tivessem
pensado em termos “razoáveis”, não teriam sido canonizados. Se nós não
arriscarmos as nossas seguranças “razoáveis”, não iremos longe no seguimento de
Jesus. Porque o “razoável”, aquilo que todo mundo faz, não passa de mesquinha
mediocridade.
Para
seguirmos bem a Cristo, precisamos nos deixar conduzir pelo amor, o qual é
criativo, é livre, “desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo. O amor
jamais acabará” (1Cor 13,7-8). Conhecer ou desconhecer Cristo é questão de fé
ou incredulidade, de amor ou desamor. A fé e o amor são dons de Deus que
ultrapassam o mundo.
“A
pregação da cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que são salvos,
para nós, ela é força de Deus. Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos
sábios e confundirei a inteligência dos inteligentes” (1Cor 1,18-19).
Certa
vez, numa comunidade religiosa masculina, um irmão ficou com dó do padre
superior que estava com uma gripe muito forte. Então resolveu fazer um chá para
o padre, que era bastante nervoso.
Ele
terminou de preparar o chá às 21h30min horas. Colocou numa bandeja o bule com o
chá e uma xícara, subiu a escada e bateu na porta do quarto do superior. Este
já veio super nervoso. Abriu a porta e o irmão lhe disse: “Eu vi que o senhor
não estava bem de saúde e preparei um chá. Está aqui”.
Mas
o superior naquele momento descarregou todo o seu nervosismo: “Eu já estava
dormindo e você vem me acordar! Bem agora que estou doente. Onde já se viu!...”
Quando ele fez uma pausa, o irmão perguntou: “Então o senhor não vai querer o
chá?”
Batendo
o pé, o padre respondeu: “Não quero saber de chá não...” Calmamente, o irmão
lhe disse: “Então, padre, por favor, segure a bandeja para que eu possa tomar o
chá!”
O
superior não teve outra saída senão segurar a bandeja, enquanto o irmão, com um
sorriso, tomava o chá na frente dele.
“Eis
que vos envio como cordeiros para o meio de lobos” (Lc 10,3). O cristão às
vezes toma atitudes que parecem loucura diante do mundo pecador, mas não são
nada mais que vivência do Evangelho.
Maria
Santíssima tomou uma atitude bastante corajosa e incomum, ficando ao pé da cruz
junto do Filho. Que ela nos ajude, quando estivermos sendo atacados e
criticados por seguir o Evangelho.
Os
parentes de Jesus diziam que ele estava fora de si.
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