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de Janeiro- Sexta - Evangelho - Mc 4,26-34
É
a menor de todas as sementes e se torna maior do que todas as hortaliças.
Neste
Evangelho, Jesus nos conta duas parábolas: a da semente que cresce sozinha e a
do grão de mostarda. Elas são complementares. O Reino de Deus, cuja expressão
maior é a santa Igreja, a qual se concretiza em nossas Comunidades cristãs, é
parecido com uma semente de mostarda. Nos dois há um contraste entre a pequenês
e fraqueza em seu início e a sua força transformadora e de crescimento. A
Comunidade é assim, graças ao Espírito Santo que a assiste.
As
nossas Comunidades geralmente são pequenas, em comparação com a população do
bairro onde ela vive. Seus membros são na maioria gente fraca, simples, pobre e
de pouco estudo. Mas a sua influência é enorme.
Com
o próprio Jesus foi assim. Ele era pobre, seus Apóstolos eram na maioria
simples pescadores, mas essa sementinha de mostarda tornou-se uma grande árvore
que hoje cobre a face da terra. Na humilde gruta de Belém, jaz, colocado em
cima de um pouco de palha, o grão de mostarda que, morrendo, deu muito fruto
(Cf
Jo 12,24).
Precisamos
ter fé, acreditar na força da graça de Deus, e não desanimar ou querer queimar
etapas, por exemplo, entrando no esquema do mundo pecador, que coloca a
eficácia (o resultado) acima do testemunho (o exemplo de vida). Não podemos ser
lobo no meio de lobos, ou revidar quando alguém nos bate numa face ou rouba a
nossa capa.
Nós
sabemos que o reino da Besta Fera (Cf Ap 13,1ss) está agindo no mundo e luta
para implantar outro reino. Esse reino tem, aparentemente, uma força enorme, e
cresce rápido. Ao ver isso, a Comunidade cristã é tentada a usar os mesmos
recursos que a Besta usa: O poder, o dinheiro e até a corrupção, deixando de
lado o testemunho. Outras Comunidades são tentadas ao desânimo, perdem a
alegria e o entusiasmo próprios dos cristãos.
No
Reino de Deus, o testemunho está acima da eficácia, e o modo como fazemos as
coisas está acima dos resultados. E o que Jesus quis com essas duas parábolas
foi dar-nos ânimo, confiança, esperança e perseverança na nossa luta pelo Reino
de Deus. Devemos ter paciência histórica, acreditando na força de Deus, que
transforma o que é pequeno e fraco, em grande e forte. Afinal, com Deus ninguém
pode.
“Não
tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar a vós o
Reino. Vendei vossos bens e daí esmola. Fazei para vós bolsas que não se
estraguem, um tesouro no céu que não se acabe” (Lc 12,32-33).
Quem
tem poder não tem pressa; a pressa é própria de quem não tem o controle total
dos acontecimentos, por isso é inseguro e quer ver logo os resultados. Quanta
gente não persevera na Comunidade, ou numa pastoral, porque não vê resultados
imediatos!
Basta
que a semente seja jogada em terra boa e úmida, que ela cresce por si mesma, e
vai até os frutos. O homem “vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai
germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. A terra, por si
mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por
fim, os grãos que enchem a espiga”. Esta mesma força vemos na ação da graça em
nossas Comunidades.
Já
o poder e a força do reino da Besta é como o sonho de Nabucodonosor. Ele, em
sonho, viu uma estátua “de terrível aparência. A cabeça da estátua era de ouro
maciço, o peito e os braços de prata, o ventre e as coxas de bronze, as canelas
de ferro e os pés eram parte de ferro e parte de barro” (Dn 2,32-33). Bastou
uma pedra cair nos pés da estátua, que eram de barro, que ela caiu no chão e se
espatifou.
Certa
vez, um casal foi ao escritório da paróquia pedir o batismo para o seu
bebezinho, mas os dois não eram casados na Igreja. A secretária tentava
convencê-los a se casarem, falando-lhes da importância da graça de Deus. Mas
não estava conseguindo convencer os dois. Depois que o casal saiu, para voltar
mais tarde, o padre, que escutou uma parte da conversa, disse para a
secretária: “Filha, ninguém liga para a graça de Deus! Se você quer
convencê-los a se casarem, diga-lhes, por exemplo: ‘Se vocês não se casarem na
Igreja, vai constar na certidão de batismo da criança: 'Filho ilegítimo de
fulano e fulana'. Imaginem quando esta criança crescer e ler isso em sua
certidão de batismo! Poderá até pensar mal de vocês! Então é melhor vocês se
casarem agora.” Quando o casal voltou, foi só a secretária usar esse argumento
que os dois se convenceram e decidiram se casar Igreja.
Que
pena! Nós cristãos valorizamos pouco o principal fator que faz a semente de
mostarda crescer, que é a graça de Deus!
Peçamos
a Maria Santíssima, a Mãe da Igreja, que nos ajude a perseverar no caminho de
Deus, sem perder a esperança, mesmo que esse caminho seja lento.
É
a menor de todas as sementes e se torna maior do que todas as hortaliças.
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