04º Domingo do Tempo Comum – Ano A
29 Janeiro 2017
Ano A
04º Domingo do Tempo Comum
04º Domingo do Tempo Comum
Tema do 4º Domingo do
Tempo Comum
As leituras deste
domingo propõem-nos uma reflexão sobre o “Reino” e a sua lógica. Mostram que o
projecto de Deus – o projecto do “Reino” – roda em sentido contrário à lógica
do mundo… Nos esquemas de Deus – ao contrário dos esquemas do mundo – são os
pobres, os humildes, os que aceitaram despir-se do egoísmo, do orgulho, dos
próprios interesses que são verdadeiramente felizes. O “Reino” é para eles.
Na primeira leitura, o profeta Sofonias denuncia o orgulho e a auto-suficiência dos ricos e dos poderosos e convida o Povo de Deus a converter-se à pobreza. Os “pobres” são aqueles que se entregam nas mãos de Deus com humildade e confiança, que acolhem com amor as suas propostas e que são justos e solidários com os irmãos.
Na segunda leitura, Paulo denuncia a atitude daqueles que colocam a sua esperança e a sua segurança em pessoas ou em esquemas humanos e que assumem atitudes de orgulho e de auto-suficiência; e convida os crentes a encontrar em Cristo crucificado a verdadeira sabedoria que conduz à salvação e à vida plena.
O Evangelho apresenta a magna carta do “Reino”. Proclama “bem-aventurados” os pobres, os mansos, os que choram, os que procuram cumprir fielmente a vontade de Deus, porque já vivem na lógica do “Reino”; e recomenda aos crentes a misericórdia, a sinceridade de coração, a luta pela paz, a perseverança diante das perseguições: essas são as atitudes que correspondem ao compromisso pelo “Reino”.
Na primeira leitura, o profeta Sofonias denuncia o orgulho e a auto-suficiência dos ricos e dos poderosos e convida o Povo de Deus a converter-se à pobreza. Os “pobres” são aqueles que se entregam nas mãos de Deus com humildade e confiança, que acolhem com amor as suas propostas e que são justos e solidários com os irmãos.
Na segunda leitura, Paulo denuncia a atitude daqueles que colocam a sua esperança e a sua segurança em pessoas ou em esquemas humanos e que assumem atitudes de orgulho e de auto-suficiência; e convida os crentes a encontrar em Cristo crucificado a verdadeira sabedoria que conduz à salvação e à vida plena.
O Evangelho apresenta a magna carta do “Reino”. Proclama “bem-aventurados” os pobres, os mansos, os que choram, os que procuram cumprir fielmente a vontade de Deus, porque já vivem na lógica do “Reino”; e recomenda aos crentes a misericórdia, a sinceridade de coração, a luta pela paz, a perseverança diante das perseguições: essas são as atitudes que correspondem ao compromisso pelo “Reino”.
LEITURA I – Sof 2, 3;
3, 12-13
Leitura da Profecia de
Sofonias
Procurai o Senhor, vós
todos os humildes da terra,
que obedeceis aos seus mandamentos.
Procurai a justiça, procurai a humildade;
talvez encontreis protecção no dia da ira do Senhor.
Só deixarei ficar no meio de ti um povo pobre e humilde,
que buscará refúgio no nome do Senhor.
O resto de Israel não voltará a cometer injustiças,
não tornará a dizer mentiras,
nem mais se encontrará na sua boca uma língua enganadora.
Por isso, terão pastagem e repouso,
sem ninguém que os perturbe.
que obedeceis aos seus mandamentos.
Procurai a justiça, procurai a humildade;
talvez encontreis protecção no dia da ira do Senhor.
Só deixarei ficar no meio de ti um povo pobre e humilde,
que buscará refúgio no nome do Senhor.
O resto de Israel não voltará a cometer injustiças,
não tornará a dizer mentiras,
nem mais se encontrará na sua boca uma língua enganadora.
Por isso, terão pastagem e repouso,
sem ninguém que os perturbe.
AMBIENTE
O profeta Sofonias
pregou em Jerusalém na época do rei Josias (Josias reinou entre 639 e 609
a.C.). Os comentadores costumam situar a profecia de Sofonias durante o tempo
de menoridade de Josias (que subiu ao trono aos oito anos); durante esse tempo,
foi um Conselho real que presidiu aos destinos de Judá.
Trata-se de uma época difícil para o Povo de Deus. Judá está – há cerca de um século – submetida aos assírios (desde que Acaz pediu ajuda a Tiglat-Pileser III contra Damasco e a Samaria, no ano 734 a.C.); a influência estrangeira sente-se em todos os degraus da vida nacional e a nação sofre as consequências da invasão de costumes estranhos e de práticas pagãs. Por outro lado, o país acaba de sair do reinado do ímpio Manassés (698-643 a.C.), que reconstruiu os lugares de culto aos deuses estrangeiros, levantou altares a Baal, ofereceu o próprio filho em holocausto, dedicou-se à adivinhação e à magia, colocou no Templo de Jerusalém a imagem de Astarte (cf. 2 Re 21,3-9).
Aos pecados contra Jahwéh e contra a aliança, somam-se as injustiças que, todos os dias, atingem os mais pobres e desprotegidos. Os príncipes e ministros abusam da sua autoridade e cometem arbitrariedades, os juízes são corruptos e os comerciantes especulam com a miséria…
Sofonias está consciente de que Jahwéh não pode continuar a pactuar com o pecado do seu Povo; vai chegar o dia do Senhor, isto é, o dia da intervenção de Deus em que os maus serão castigados e a injustiça será banida da terra. Da ira do Senhor escaparão, contudo, os humildes e os pobres, os que se mantiveram fiéis à aliança. O fim da pregação de Sofonias não é, contudo, anunciar o castigo; mas é provocar a conversão, passo fundamental para chegar à salvação.
Trata-se de uma época difícil para o Povo de Deus. Judá está – há cerca de um século – submetida aos assírios (desde que Acaz pediu ajuda a Tiglat-Pileser III contra Damasco e a Samaria, no ano 734 a.C.); a influência estrangeira sente-se em todos os degraus da vida nacional e a nação sofre as consequências da invasão de costumes estranhos e de práticas pagãs. Por outro lado, o país acaba de sair do reinado do ímpio Manassés (698-643 a.C.), que reconstruiu os lugares de culto aos deuses estrangeiros, levantou altares a Baal, ofereceu o próprio filho em holocausto, dedicou-se à adivinhação e à magia, colocou no Templo de Jerusalém a imagem de Astarte (cf. 2 Re 21,3-9).
Aos pecados contra Jahwéh e contra a aliança, somam-se as injustiças que, todos os dias, atingem os mais pobres e desprotegidos. Os príncipes e ministros abusam da sua autoridade e cometem arbitrariedades, os juízes são corruptos e os comerciantes especulam com a miséria…
Sofonias está consciente de que Jahwéh não pode continuar a pactuar com o pecado do seu Povo; vai chegar o dia do Senhor, isto é, o dia da intervenção de Deus em que os maus serão castigados e a injustiça será banida da terra. Da ira do Senhor escaparão, contudo, os humildes e os pobres, os que se mantiveram fiéis à aliança. O fim da pregação de Sofonias não é, contudo, anunciar o castigo; mas é provocar a conversão, passo fundamental para chegar à salvação.
MENSAGEM
O nosso texto começa
com um apelo à conversão (cf. Sof 2,3). Para Sofonias, “conversão” significa,
objectivamente, justiça e humildade. Os “humildes”, no contexto de Sofonias,
são aqueles se entregam confiadamente nas mãos de Deus, que seguem os caminhos
de Deus, que aceitam as propostas de Deus e que não se colocam contra Ele; são,
também, aqueles que praticam a justiça para com os irmãos, que respeitam os
direitos dos mais débeis, que não cometem arbitrariedades… Equivalem aos
“pobres” das bem-aventuranças: não são uma categoria sociológica, mas aqueles
que estão numa certa atitude espiritual de abertura a Deus e aos irmãos. No
lado oposto estão os orgulhosos e auto-suficientes, que ignoram as propostas de
Deus, exploram, são injustos, corruptos e arbitrários. Só uma verdadeira
conversão à humildade permitirá encontrar protecção no “dia da ira do Senhor”
que se aproxima e que vai atingir os orgulhosos, os prepotentes e os injustos.
Em seguida, Sofonias apresenta o resultado do “dia da ira do Senhor”: o surgimento do “resto de Israel” (cf. Sof 3,12-13). Os orgulhosos, arrogantes e prepotentes serão banidos do meio do Povo de Deus (cf. Sof 3,11); ficará um “resto” humilde e pobre”, que se entregará nas mãos do Senhor, não cometerá iniquidades nem dirá mentiras e será uma espécie de viveiro de reflorescimento da nação.
A partir daqui, ser “pobre” não é uma categoria sociológica, mas uma atitude espiritual de quem tem o coração aberto às propostas de Deus e é justo na relação com os outros. Na boa tradição bíblica (que está presente neste texto), os pobres são, portanto, pessoas pacíficas, humildes, piedosas, simples, que confiam em Deus, que obedecem às suas propostas e que são justos e solidários com os irmãos.
Em seguida, Sofonias apresenta o resultado do “dia da ira do Senhor”: o surgimento do “resto de Israel” (cf. Sof 3,12-13). Os orgulhosos, arrogantes e prepotentes serão banidos do meio do Povo de Deus (cf. Sof 3,11); ficará um “resto” humilde e pobre”, que se entregará nas mãos do Senhor, não cometerá iniquidades nem dirá mentiras e será uma espécie de viveiro de reflorescimento da nação.
A partir daqui, ser “pobre” não é uma categoria sociológica, mas uma atitude espiritual de quem tem o coração aberto às propostas de Deus e é justo na relação com os outros. Na boa tradição bíblica (que está presente neste texto), os pobres são, portanto, pessoas pacíficas, humildes, piedosas, simples, que confiam em Deus, que obedecem às suas propostas e que são justos e solidários com os irmãos.
ACTUALIZAÇÃO
Considerar, para a
reflexão, os seguintes pontos:
• O Deus que Se revela
na palavra e na interpelação de Sofonias é o Deus que não pactua com os
orgulhosos e prepotentes que dominam o mundo e que pretendem moldar a história
com a sua lógica. A primeira indicação que a Palavra de Deus hoje nos fornece é
esta: o nosso Deus não está onde se cultiva a violência e a lei da força, nem
apoia a política dos dominadores do mundo – mesmo que eles pretendam defender
os valores de Deus e da civilização cristã. Os valores de Deus não se defendem
com uma lógica de imposição, de violência, de apelo à força. Atenção à história
e aos acontecimentos: sempre que alguém se apresenta em nome de Deus a impor ao
mundo um
a determinada lógica, temos de desconfiar; Deus nunca esteve desse lado e esses nunca foram os métodos de Deus. Sofonias garante: para os prepotentes e orgulhosos, chegará o dia da ira de Deus; e, nesse dia, serão os humildes e os pobres que se sentarão à mesa com Deus.
a determinada lógica, temos de desconfiar; Deus nunca esteve desse lado e esses nunca foram os métodos de Deus. Sofonias garante: para os prepotentes e orgulhosos, chegará o dia da ira de Deus; e, nesse dia, serão os humildes e os pobres que se sentarão à mesa com Deus.
• A nossa civilização
ocidental diz-se cristã, mas está ainda longe de assimilar a lógica de Deus. A
lógica da nossa sociedade exalta os que têm poder, os que triunfam por todos os
meios, os poderosos, os que vergam a história e os homens a golpes de poder, de
esperteza e de força… Hoje, como ontem, a sociedade exalta os que triunfam e
marginaliza e rejeita os pobres, os débeis, os simples, os pacíficos, os que
não se fazem ouvir nos areópagos do poder e dos mass-media, aqueles que recusam
impor-se e mandar nos outros, aqueles que estão à margem dos acontecimentos
sociais que reúnem a fina-flor do jet-set, aqueles que não aparecem nas páginas
das revistas da moda. Podemos deixar que a sociedade se construa na base destes
pressupostos? Que podemos fazer para que o nosso mundo se construa de acordo
com os valores de Deus?
• O apelo à conversão
significa objectivamente, na perspectiva de Sofonias, a renúncia ao orgulho, à
prepotência, ao egoísmo e um regresso à comunhão com Deus e com os irmãos.
Estamos dispostos, pessoalmente, a este caminho de conversão? Estamos dispostos
a renunciar a uma lógica de imposição, de prepotência, de orgulho, de
autoritarismo, de auto-suficiência, quer na nossa relação com Deus, quer na
nossa relação com os outros homens?
SALMO RESPONSORIAL –
Salmo 145 (146), 7.8-9a.9bc-10
Refrão 1:
Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.
porque deles é o reino dos Céus.
Refrão 2: Aleluia.
O Senhor faz justiça
aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
O Senhor ilumina os
olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.
O Senhor protege os
peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.
O Senhor reina
eternamente.
O teu Deus, ó Sião,
é Rei por todas as gerações.
O teu Deus, ó Sião,
é Rei por todas as gerações.
LEITURA II – 1 Cor 1,
26-31
Leitura da Primeira
Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Vede quem sois vós, os que Deus chamou:
não há muitos sábios, naturalmente falando,
nem muitos influentes, nem muitos bem-nascidos.
Mas Deus escolheu o que é louco aos olhos do mundo
para confundir os sábios;
escolheu o que é vil e desprezível,
o que nada vale aos olhos do mundo,
para reduzir a nada aquilo que vale,
a fim de que nenhuma criatura se possa gloriar diante de Deus.
É por Ele que vós estais em Cristo Jesus,
o qual Se tornou para nós sabedoria de Deus,
justiça, santidade e redenção.
Deste modo, conforme está escrito,
«quem se gloria deve gloriar-se no Senhor».
Vede quem sois vós, os que Deus chamou:
não há muitos sábios, naturalmente falando,
nem muitos influentes, nem muitos bem-nascidos.
Mas Deus escolheu o que é louco aos olhos do mundo
para confundir os sábios;
escolheu o que é vil e desprezível,
o que nada vale aos olhos do mundo,
para reduzir a nada aquilo que vale,
a fim de que nenhuma criatura se possa gloriar diante de Deus.
É por Ele que vós estais em Cristo Jesus,
o qual Se tornou para nós sabedoria de Deus,
justiça, santidade e redenção.
Deste modo, conforme está escrito,
«quem se gloria deve gloriar-se no Senhor».
AMBIENTE
Vimos, na passada
semana, que um dos graves problemas da comunidade cristã de Corinto era a
identificação da experiência cristã com uma escola de sabedoria: os cristãos de
Corinto – na linha do que acontecia nas várias escolas de filosofia que
infestavam a cidade – viam várias figuras proeminentes do cristianismo
primitivo como mestres de uma doutrina e aderiam a essas figuras, esperando
encontrar nelas uma proposta filosófica credível, que os conduzisse à plenitude
da sabedoria e da realização humana. É de crer que os vários adeptos desses
vários mestres se confrontassem na comunidade, procurando demonstrar a
excelência e a superior sabedoria do mestre escolhido. Ao saber isto, Paulo
ficou muito alarmado: esta perspectiva punha em causa o essencial da fé. Paulo
vai esforçar-se, então, por demonstrar aos coríntios que entre os cristãos não
há senão um mestre, que é Jesus Cristo; e a experiência cristã não é a busca de
uma filosofia coerente, brilhante, elegante, que conduza à sabedoria, entendida
à maneira dos gregos. Aliás, Cristo não foi um mestre que se distinguiu pela
elegância das suas palavras, pela sua arte oratória ou pela lógica do seu
discurso filosófico… Ele foi o Deus que, por amor, veio ao encontro dos homens
e lhes ofereceu a salvação, não pela lógica do poder ou pela elegância das
palavras, mas através do dom da vida.
O caminho cristão não é uma busca de sabedoria humana, mas uma adesão a Cristo crucificado – o Cristo do amor e do dom da vida. N’Ele manifesta-se, de forma humanamente desconcertante, mas plena e definitiva, a força salvadora de Deus. É aí e em mais nenhum lado que os coríntios devem procurar a verdadeira sabedoria que conduz à vida eterna.
O caminho cristão não é uma busca de sabedoria humana, mas uma adesão a Cristo crucificado – o Cristo do amor e do dom da vida. N’Ele manifesta-se, de forma humanamente desconcertante, mas plena e definitiva, a força salvadora de Deus. É aí e em mais nenhum lado que os coríntios devem procurar a verdadeira sabedoria que conduz à vida eterna.
MENSAGEM
É verdade, considera
Paulo, que é difícil encontrar – do ponto de vista do raciocínio humano – num
pobre galileu condenado a uma morte infamante (“escândalo para os judeus e
loucura para os gentios” – 1 Cor 1,23) uma proposta credível de salvação. Mas a
lógica de Deus não é exactamente igual à lógica dos homens. “O que é loucura de
Deus é mais sábio que os homens; e o que é fraqueza de Deus é mais forte do que
os homens” (1 Cor 1,25).
Como exemplo da lógica de Deus, Paulo apresenta o caso da própria comunidade cristã de Corinto: entre os coríntios não abundavam os ricos, nem os poderosos, nem os de boas famílias, nem os intelectuais, nem os aristocratas; ao contrário, a maioria dos membros da comunidade eram escravos, trabalhadores, gente simples e pobre. Apesar disso, Deus escolheu-os e chamou-os; e a vida de Deus manifestou-se nessa comunidade de desclassificados. Para a consecução dos seus projectos, os homens escolhem normalmente os mais ricos, os mais fortes, os mais bem preparados intelectualmente, os que provêm de boas famílias, os que asseguram maiores hipóteses de êxito do ponto de vista humano… Mas Deus escolhe os pobres, os débeis, aqueles que aos olhos do mundo são ignorados ou desprezados e, através deles, manifesta o seu poder e intervém no mundo. Portanto, se esta é a lógica de Deus (como ficou provado pelo exemplo), não surpreende que o poder salvador de Deus se tenha manifestado na cruz de Cristo.
Os coríntios são convidados a não colocar a sua esperança e a sua segurança em pessoas (por muito brilhantes e cheias de qualidades humanas que elas sejam) ou em esquemas humanos de sabedoria (por muito sedutores e fascinantes que eles possam parecer): a sabedoria humana é incapaz, por si só, de salvar; e, ao produzir orgulho e auto-suficiência, leva o homem a prescindir de Deus e a resvalar por caminhos que conduzem à morte e à desgraça… Em contrapartida, os coríntios são convidados a colocar a sua esperança e segurança em Jes
us Cristo, que na cruz deu a vida por amor: é na “loucura da cruz” – isto é, na vida dada até às últimas consequências, que se manifesta a radicalidade do amor de Deus, a profundidade do seu desejo de ofertar ao homem a salvação. Para Paulo, a cruz manifesta a “sabedoria de Deus”; e é essa sabedoria que deve atrair o olhar e apaixonar o coração dos coríntios.
Como exemplo da lógica de Deus, Paulo apresenta o caso da própria comunidade cristã de Corinto: entre os coríntios não abundavam os ricos, nem os poderosos, nem os de boas famílias, nem os intelectuais, nem os aristocratas; ao contrário, a maioria dos membros da comunidade eram escravos, trabalhadores, gente simples e pobre. Apesar disso, Deus escolheu-os e chamou-os; e a vida de Deus manifestou-se nessa comunidade de desclassificados. Para a consecução dos seus projectos, os homens escolhem normalmente os mais ricos, os mais fortes, os mais bem preparados intelectualmente, os que provêm de boas famílias, os que asseguram maiores hipóteses de êxito do ponto de vista humano… Mas Deus escolhe os pobres, os débeis, aqueles que aos olhos do mundo são ignorados ou desprezados e, através deles, manifesta o seu poder e intervém no mundo. Portanto, se esta é a lógica de Deus (como ficou provado pelo exemplo), não surpreende que o poder salvador de Deus se tenha manifestado na cruz de Cristo.
Os coríntios são convidados a não colocar a sua esperança e a sua segurança em pessoas (por muito brilhantes e cheias de qualidades humanas que elas sejam) ou em esquemas humanos de sabedoria (por muito sedutores e fascinantes que eles possam parecer): a sabedoria humana é incapaz, por si só, de salvar; e, ao produzir orgulho e auto-suficiência, leva o homem a prescindir de Deus e a resvalar por caminhos que conduzem à morte e à desgraça… Em contrapartida, os coríntios são convidados a colocar a sua esperança e segurança em Jes
us Cristo, que na cruz deu a vida por amor: é na “loucura da cruz” – isto é, na vida dada até às últimas consequências, que se manifesta a radicalidade do amor de Deus, a profundidade do seu desejo de ofertar ao homem a salvação. Para Paulo, a cruz manifesta a “sabedoria de Deus”; e é essa sabedoria que deve atrair o olhar e apaixonar o coração dos coríntios.
ACTUALIZAÇÃO
A reflexão e a
partilha podem considerar as seguintes questões:
• Uma percentagem
significativa dos homens do nosso tempo está convencida de que o segredo da
realização plena do homem está em factores humanos (preparação intelectual,
êxito profissional, reconhecimento social, bem-estar económico, poder político,
etc.); mas Paulo avisa que apostar tudo nesses elementos é jogar no “cavalo
errado”: o homem só encontra a realização plena, quando descobre Cristo
crucificado e aprende com Ele o amor total e o dom da vida. Para mim, qual
destas duas propostas faz mais sentido?
• A teologia aqui
apresentada por Paulo diz-nos que o Deus em quem acreditamos não é o Deus que
só escolhe os ricos, os poderosos, os influentes, os de “sangue azul”, para
realizar a sua obra no mundo; mas que o nosso Deus é o Deus que não faz acepção
de pessoas e que, quase sempre, se serve da fraqueza, da fragilidade, da
finitude para levar avante o seu projecto de salvação e libertação.
• Não se trata, aqui,
de valorizar romanticamente a pobreza, ou de apresentar Deus como o chefe de um
sindicato da classe operária, a reivindicar o poder para as classes
desfavorecidas; trata-se de revelar o verdadeiro rosto de um Deus que Se
solidariza com os pobres, com os humilhados, com os ofendidos, com os
explorados de todos os tempos e a todos oferece, sem distinção, a salvação.
ALELUIA – Mt 5, 12a
Aleluia. Aleluia.
Alegrai-vos e exultai,
porque é grande nos Céus a vossa recompensa.
porque é grande nos Céus a vossa recompensa.
EVANGELHO – Mt 5,1-12
Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se.
Rodearam-n’O os discípulos
e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados.
Bem-aventurados os humildes,
porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa,
vos insultarem, vos perseguirem
e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai,
porque é grande nos Céus a vossa recompensa».
ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se.
Rodearam-n’O os discípulos
e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados.
Bem-aventurados os humildes,
porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa,
vos insultarem, vos perseguirem
e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai,
porque é grande nos Céus a vossa recompensa».
AMBIENTE
Depois de dizer quem é
Jesus (Mt 1,1-2,23) e de definir a sua missão (cf. Mt 3,1-4,16), Mateus vai
apresentar a concretização dessa missão: com palavras e com gestos, Jesus
propõe aos discípulos e às multidões o “Reino”. Neste enquadramento, Mateus
propõe-nos hoje um discurso de Jesus sobre o “Reino” e a sua lógica.
Uma característica importante do Evangelho segundo Mateus reside na importância dada pelo evangelista aos “ditos” de Jesus. Ao longo do Evangelho segundo Mateus aparecem cinco longos discursos (cf. Mt 5-7; 10; 13; 18; 24-25), nos quais Mateus junta “ditos” e ensinamentos provavelmente proferidos por Jesus em várias ocasiões e contextos. É provável que o autor do primeiro Evangelho visse nesses cinco discursos uma nova Lei, destinada a substituir a antiga Lei dada ao Povo por meio de Moisés e escrita nos cinco livros do Pentateuco.
O primeiro discurso de Jesus – do qual o Evangelho que nos é hoje proposto é a primeira parte – é conhecido como o “sermão da montanha” (cf. Mt 5-7). Agrupa um conjunto de palavras de Jesus, que Mateus coleccionou com a evidente intenção de proporcionar à sua comunidade uma série de ensinamentos básicos para a vida cristã. O evangelista procurava, assim, oferecer à comunidade cristã um novo código ético, uma nova Lei, que superasse a antiga Lei que guiava o Povo de Deus.
Mateus situa esta intervenção de Jesus no cimo de um monte. A indicação geográfica não é inocente: transporta-nos à montanha da Lei (Sinai), onde Deus Se revelou e deu ao seu Povo a antiga Lei. Agora é Jesus, que, numa montanha, oferece ao novo Povo de Deus a nova Lei que deve guiar todos os que estão interessados em aderir ao “Reino”.
As “bem-aventuranças” que, neste primeiro discurso, Mateus coloca na boca de Jesus, são consideravelmente diferentes das “bem-aventuranças” propostas por Lucas (cf. Lc 6,20-26). Mateus tem nove “bem-aventuranças”, enquanto que Lucas só apresenta quatro; além disso, Lucas prossegue com quatro “maldições”, que estão ausentes do texto mateano; outras notas características da versão de Mateus são a espiritualização (os “pobres” de Lucas são, para Mateus, os “pobres em espírito”) e a aplicação dos “ditos” originais de Jesus à vida da comunidade e ao comportamento dos cristãos. É muito provável que o texto de Lucas seja mais fiel à tradição original e que o texto de Mateus tenha sido mais trabalhado.
Uma característica importante do Evangelho segundo Mateus reside na importância dada pelo evangelista aos “ditos” de Jesus. Ao longo do Evangelho segundo Mateus aparecem cinco longos discursos (cf. Mt 5-7; 10; 13; 18; 24-25), nos quais Mateus junta “ditos” e ensinamentos provavelmente proferidos por Jesus em várias ocasiões e contextos. É provável que o autor do primeiro Evangelho visse nesses cinco discursos uma nova Lei, destinada a substituir a antiga Lei dada ao Povo por meio de Moisés e escrita nos cinco livros do Pentateuco.
O primeiro discurso de Jesus – do qual o Evangelho que nos é hoje proposto é a primeira parte – é conhecido como o “sermão da montanha” (cf. Mt 5-7). Agrupa um conjunto de palavras de Jesus, que Mateus coleccionou com a evidente intenção de proporcionar à sua comunidade uma série de ensinamentos básicos para a vida cristã. O evangelista procurava, assim, oferecer à comunidade cristã um novo código ético, uma nova Lei, que superasse a antiga Lei que guiava o Povo de Deus.
Mateus situa esta intervenção de Jesus no cimo de um monte. A indicação geográfica não é inocente: transporta-nos à montanha da Lei (Sinai), onde Deus Se revelou e deu ao seu Povo a antiga Lei. Agora é Jesus, que, numa montanha, oferece ao novo Povo de Deus a nova Lei que deve guiar todos os que estão interessados em aderir ao “Reino”.
As “bem-aventuranças” que, neste primeiro discurso, Mateus coloca na boca de Jesus, são consideravelmente diferentes das “bem-aventuranças” propostas por Lucas (cf. Lc 6,20-26). Mateus tem nove “bem-aventuranças”, enquanto que Lucas só apresenta quatro; além disso, Lucas prossegue com quatro “maldições”, que estão ausentes do texto mateano; outras notas características da versão de Mateus são a espiritualização (os “pobres” de Lucas são, para Mateus, os “pobres em espírito”) e a aplicação dos “ditos” originais de Jesus à vida da comunidade e ao comportamento dos cristãos. É muito provável que o texto de Lucas seja mais fiel à tradição original e que o texto de Mateus tenha sido mais trabalhado.
MENSAGEM
As “bem-aventuranças”
são fórmulas relativamente frequentes na tradição bíblica e judaica. Aparecem,
quer nos anúncios proféticos de alegria futura (cf. Is 30,18; 32,20; Dn 12,12),
quer nas acções de graças pela alegria presente (cf. Sl 32,1-2; 33,12; 84,5.6.13),
quer nas exortações a uma vida sábia, reflectida e prudente (cf. Prov 3,13;
8,32.34; Sir 14,1-2.20; 25,8-9; Sl 1,1; 2,12; 34,9). Contudo, elas definem
sempre uma alegria oferecida por Deus.
As “bem-aventuranças” evangélicas devem ser entendidas no contexto da pregação sobre o “Reino”. Jesus proclama “bem-aventurados” aqueles que estão numa situação de debilidade, de pobreza, porque Deus está a ponto de instaurar o “Reino” e a situação destes “pobres” vai mudar radicalmente; além disso, são “bem-aventurados” porque, na sua fragilidade, debilidade e dependência, estão de espírito aberto e coração disponível para acolher a proposta de salvação e libertação que Deus lhes oferece em Jesus (a proposta do “Reino”).
As quatro primeiras “bem-aventuranças” referidas por Mateus (vers. 3-6) estão relacionadas entre si. Dirigem-se aos “pobres” (as segunda, terceira e quarta “bem-aventuranças” são apenas desenvolvimentos da primeira, que proclama: “bem-aventurados os pobres em espírito”). Saúdam a felicidade daqueles que se entregam confiadamente nas mãos de Deus e procuram fazer sempre a sua vontade; daqueles que, de forma consciente, deixam de colocar a sua confiança e a sua esperança nos bens, no poder, no êxito, nos homens, para esperar e confiar em Deus; daqueles que aceitam renunciar ao egoísmo, que aceitam despojar-se de si próprios e estar disponíveis para Deus e para os outros.
Os “pobres em espírito” são aqueles que aceitam renunciar, livremente, aos bens, ao próprio orgulho e auto-suficiência, para se colocarem, incondicionalmente, nas mãos de Deus, para servirem os irmãos e partilharem tudo com eles.
Os “mansos” não são os fracos, os que suportam passivamente as injustiças, os que se conformam com as violências orquestradas pelos poderosos; mas são aqueles que recusam a violência, que são tolerantes e pacíficos, embora sejam, muitas vezes, vítimas dos abusos e prepotências dos injustos… A sua atitude pacífica e tolerante torná-los-á membros de pleno direito do “Reino”.
Os “que choram” são aqueles que vivem na aflição, na dor, no sofrimento provocados pela injustiça, pela miséria, pelo egoísmo; a chegada do “Reino” vai fazer com que a sua triste situação se mude em consolação e alegria…
A quarta bem-aventurança proclama felizes “os que têm fome e sede de justiça”. Provavelmente, a justiça deve entender-se, aqui, em sentido bíblico – isto é, no sentido da fidelidade total aos compromissos assumidos para com Deus e para com os irmãos. Jesus dá-lhes a esperança de verem essa sede de fidelidade saciada, no Reino que vai chegar.
O segundo grupo de “bem-aventuranças” (vers. 7-11) está mais orientado para definir o comportamento cristão. Enquanto que no primeiro grupo se constatam situações, neste segundo grupo propõem-se atitudes que os discípulos devem assumir.
Os “misericordiosos” são aqueles que têm um coração capaz de compadecer-se, de amar sem limites, que se deixam tocar pelos sofrimentos e alegrias dos outros homens e mulheres, que são capazes de ir ao encontro dos irmãos e estender-lhes a mão, mesmo quando eles falharam.
Os “puros de coração” são aqueles que têm um coração honesto e leal, que não pactua com a duplicidade e o engano.
Os “que constroem a paz” são aqueles que se recusam a aceitar que a violência e a lei do mais forte rejam as relações humanas; e são aqueles que procuram ser – às vezes com o risco da própria vida – instrumentos de reconciliação entre os homens.
Os “que são perseguidos por causa da justiça” são aqueles que lutam pela instauração do “Reino” e são desautorizados, humilhados, agredidos, marginalizados por parte daqueles que praticam a injustiça, que fomentam a opressão, que constroem a morte… Jesus garante-lhes: o mal não vos poderá vencer; e, no final do caminho, espera-vos o triunfo, a vida plena.
Na última “bem-aventurança” (vers. 11), o evangelista dirige-se, em jeito de exortação, aos membros da sua comunidade que têm a experiência de ser perseguidos por causa de Jesus e convida-os a resistir ao sofrimento e à adversidade. Esta última exortação é, na prática, uma aplicação concreta da oitava “bem-aventurança”.
No seu conjunto, as “bem-aventuranças” deixam uma mensagem de esperança e de alento para os pobres e débeis. Anunciam que Deus os ama e que está do lado deles; confirmam que a libertação está a chegar e que a sua situação vai mudar; asseguram que eles vivem já na dinâmica desse “Reino” onde vão encontrar a felicidade e a vida plena.
As “bem-aventuranças” evangélicas devem ser entendidas no contexto da pregação sobre o “Reino”. Jesus proclama “bem-aventurados” aqueles que estão numa situação de debilidade, de pobreza, porque Deus está a ponto de instaurar o “Reino” e a situação destes “pobres” vai mudar radicalmente; além disso, são “bem-aventurados” porque, na sua fragilidade, debilidade e dependência, estão de espírito aberto e coração disponível para acolher a proposta de salvação e libertação que Deus lhes oferece em Jesus (a proposta do “Reino”).
As quatro primeiras “bem-aventuranças” referidas por Mateus (vers. 3-6) estão relacionadas entre si. Dirigem-se aos “pobres” (as segunda, terceira e quarta “bem-aventuranças” são apenas desenvolvimentos da primeira, que proclama: “bem-aventurados os pobres em espírito”). Saúdam a felicidade daqueles que se entregam confiadamente nas mãos de Deus e procuram fazer sempre a sua vontade; daqueles que, de forma consciente, deixam de colocar a sua confiança e a sua esperança nos bens, no poder, no êxito, nos homens, para esperar e confiar em Deus; daqueles que aceitam renunciar ao egoísmo, que aceitam despojar-se de si próprios e estar disponíveis para Deus e para os outros.
Os “pobres em espírito” são aqueles que aceitam renunciar, livremente, aos bens, ao próprio orgulho e auto-suficiência, para se colocarem, incondicionalmente, nas mãos de Deus, para servirem os irmãos e partilharem tudo com eles.
Os “mansos” não são os fracos, os que suportam passivamente as injustiças, os que se conformam com as violências orquestradas pelos poderosos; mas são aqueles que recusam a violência, que são tolerantes e pacíficos, embora sejam, muitas vezes, vítimas dos abusos e prepotências dos injustos… A sua atitude pacífica e tolerante torná-los-á membros de pleno direito do “Reino”.
Os “que choram” são aqueles que vivem na aflição, na dor, no sofrimento provocados pela injustiça, pela miséria, pelo egoísmo; a chegada do “Reino” vai fazer com que a sua triste situação se mude em consolação e alegria…
A quarta bem-aventurança proclama felizes “os que têm fome e sede de justiça”. Provavelmente, a justiça deve entender-se, aqui, em sentido bíblico – isto é, no sentido da fidelidade total aos compromissos assumidos para com Deus e para com os irmãos. Jesus dá-lhes a esperança de verem essa sede de fidelidade saciada, no Reino que vai chegar.
O segundo grupo de “bem-aventuranças” (vers. 7-11) está mais orientado para definir o comportamento cristão. Enquanto que no primeiro grupo se constatam situações, neste segundo grupo propõem-se atitudes que os discípulos devem assumir.
Os “misericordiosos” são aqueles que têm um coração capaz de compadecer-se, de amar sem limites, que se deixam tocar pelos sofrimentos e alegrias dos outros homens e mulheres, que são capazes de ir ao encontro dos irmãos e estender-lhes a mão, mesmo quando eles falharam.
Os “puros de coração” são aqueles que têm um coração honesto e leal, que não pactua com a duplicidade e o engano.
Os “que constroem a paz” são aqueles que se recusam a aceitar que a violência e a lei do mais forte rejam as relações humanas; e são aqueles que procuram ser – às vezes com o risco da própria vida – instrumentos de reconciliação entre os homens.
Os “que são perseguidos por causa da justiça” são aqueles que lutam pela instauração do “Reino” e são desautorizados, humilhados, agredidos, marginalizados por parte daqueles que praticam a injustiça, que fomentam a opressão, que constroem a morte… Jesus garante-lhes: o mal não vos poderá vencer; e, no final do caminho, espera-vos o triunfo, a vida plena.
Na última “bem-aventurança” (vers. 11), o evangelista dirige-se, em jeito de exortação, aos membros da sua comunidade que têm a experiência de ser perseguidos por causa de Jesus e convida-os a resistir ao sofrimento e à adversidade. Esta última exortação é, na prática, uma aplicação concreta da oitava “bem-aventurança”.
No seu conjunto, as “bem-aventuranças” deixam uma mensagem de esperança e de alento para os pobres e débeis. Anunciam que Deus os ama e que está do lado deles; confirmam que a libertação está a chegar e que a sua situação vai mudar; asseguram que eles vivem já na dinâmica desse “Reino” onde vão encontrar a felicidade e a vida plena.
ACTUALIZAÇÃO
A reflexão e a
partilha podem fazer-se à volta dos seguintes elementos:
• Jesus diz: “felizes
os pobres em espírito”; o mundo diz: “felizes vós os que tendes dinheiro –
muito dinheiro – e sabeis usá-lo para comprar influências, comodidade, poder,
segurança, bem-estar, pois é o dinheiro que faz andar o mundo e nos torna mais
poderosos, mais livres e mais felizes”. Quem é, realmente, feliz?
• Jesus diz: “felizes
os mansos”; o mundo diz: “felizes vós os que respondeis na mesma moeda quando
vos provocam, que respondeis à violência com uma violência ainda maior, pois só
a linguagem da força é eficaz para lidar com a violência e a injustiça”. Quem
tem razão?
• Jesus diz: “felizes
os que choram”; o mundo diz: “felizes vós os que não tendes motivos para
chorar, porque a vossa vida é sempre uma festa, porque vos moveis nas altas
esferas da sociedade e tendes tudo para serdes felizes: casa com piscina, carro
com telefone e ar condicionado, amigos poderosos, uma conta bancária
interessante e um bom emprego arranjado pelo vosso amigo ministro”. Onde está a
verdadeira felicidade?
• Jesus diz: “felizes
os que têm ânsia de cumprir a vontade de Deus”; o mundo diz: “felizes vós os
que não dependeis de preconceitos ultrapassados e não acreditais num deus que
vos diz o que deveis e não deveis fazer, porque assim sois mais livres”. Onde
está a verdadeira liberdade, que enche de felicidade o coração?
• Jesus diz: “felizes
os que tratam os outros com misericórdia”; o mundo diz: “felizes vós quando
desempenhais o vosso papel sem vos deixardes comover pela miséria e pelo
sofrimento dos outros, pois quem se comove e tem misericórdia acabará por nunca
ser eficaz neste mundo tão competitivo”. Qual é o verdadeiro fundamento de uma
sociedade mais justa e mais fraterna?
• Jesus diz: “felizes
os sinceros de coração”; o mundo diz: “felizes vós quando sabeis mentir e
fingir para levar a água ao vosso moinho, pois a verdade e a sinceridade
destroem muitas carreiras e esperanças de sucesso”. Onde está a verdade?
• Jesus diz: “felizes
os que procuram construir a paz entre os homens”; o mundo diz: “felizes vós os
que não tendes medo da guerra, da competição, que sois duros e insensíveis, que
não tendes medo de lutar contra os outros e sois capazes de os vencer, pois só
assim podereis ser homens e mulheres de sucesso”. O que é que torna o mundo
melhor: a paz ou a guerra?
• Jesus diz: “felizes
os que são perseguidos por cumprirem a vontade de Deus”; o mundo diz: “felizes
vós os que já entendestes como é mais seguro e mais fácil fazer o jogo dos
poderosos e estar sempre de acordo com eles, pois só assim podeis subir na vida
e ter êxito na vossa carreira”. O que é que nos eleva à vida plena?
ALGUMAS SUGESTÕES
PRÁTICAS
PARA O 4º DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
PARA O 4º DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A PALAVRA MEDITADA
AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 4º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 4º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
2. PARA A PROCLAMAÇÃO
DAS BEM-AVENTURANÇAS.
Como criar, ao longo da liturgia da Palavra, uma progressão cujo ponto culminante seria a Boa Nova? Uma proposta muito simples: o leitor da primeira leitura avança acompanhado por alguém que leva uma luz (vela) e os dois, depois da leitura terminada, ficam junto do ambão; os mesmos gestos para o leitor (cantor) do salmo e para o leitor da segunda leitura; finalmente, o Livro dos Evangelhos é levado em procissão, também acompanhado por alguém com uma vela acesa, até ao ambão. Todos ficam à volta do ambão, formando um “povo de luz” e dando uma solenidade particular à proclamação das Bem-aventuranças de Mateus.
Como criar, ao longo da liturgia da Palavra, uma progressão cujo ponto culminante seria a Boa Nova? Uma proposta muito simples: o leitor da primeira leitura avança acompanhado por alguém que leva uma luz (vela) e os dois, depois da leitura terminada, ficam junto do ambão; os mesmos gestos para o leitor (cantor) do salmo e para o leitor da segunda leitura; finalmente, o Livro dos Evangelhos é levado em procissão, também acompanhado por alguém com uma vela acesa, até ao ambão. Todos ficam à volta do ambão, formando um “povo de luz” e dando uma solenidade particular à proclamação das Bem-aventuranças de Mateus.
3. BILHETE DE
EVANGELHO.
O “ofertório”, um acto litúrgico… Quando vimos à missa, os nossos corações estão cheios da nossa vida e da vida dos nossos irmãos, com as alegrias, os sofrimentos, os projectos, as questões, as inquietudes, a esperança. Com o pão e o vinho, no momento do ofertório, é um pouco desta vida que oferecemos concretamente. O dinheiro é o que nós ganhamos; ele é feito para ser partilhado. O “ofertório” é, pois, um acto litúrgico. Querer que a comunidade cristã à qual pertencemos possa viver é uma obra de justiça. Quando beneficiamos dos serviços de uma associação, a ela aderimos financeiramente. Temos muitas ocasiões para aderir financeiramente à comunidade cristã – e os cristãos são generosos. Procuremos valorizar ou revalorizar o nosso “ofertório”…
O “ofertório”, um acto litúrgico… Quando vimos à missa, os nossos corações estão cheios da nossa vida e da vida dos nossos irmãos, com as alegrias, os sofrimentos, os projectos, as questões, as inquietudes, a esperança. Com o pão e o vinho, no momento do ofertório, é um pouco desta vida que oferecemos concretamente. O dinheiro é o que nós ganhamos; ele é feito para ser partilhado. O “ofertório” é, pois, um acto litúrgico. Querer que a comunidade cristã à qual pertencemos possa viver é uma obra de justiça. Quando beneficiamos dos serviços de uma associação, a ela aderimos financeiramente. Temos muitas ocasiões para aderir financeiramente à comunidade cristã – e os cristãos são generosos. Procuremos valorizar ou revalorizar o nosso “ofertório”…
4. ORAÇÃO NA LECTIO
DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.
No final da primeira
leitura:
Deus, Pai e pastor do teu povo, nós Te bendizemos pela tua paciência e pela tua bondade. Quando Israel se afastava do caminho da justiça, Tu recordava-lo pelos teus profetas, para o converter e o conduzir para Ti.
Nós procuramos o teu rosto e Te pedimos: purifica-nos da mentira e do engano, faz-nos procurar a justiça e a humildade.
Deus, Pai e pastor do teu povo, nós Te bendizemos pela tua paciência e pela tua bondade. Quando Israel se afastava do caminho da justiça, Tu recordava-lo pelos teus profetas, para o converter e o conduzir para Ti.
Nós procuramos o teu rosto e Te pedimos: purifica-nos da mentira e do engano, faz-nos procurar a justiça e a humildade.
No final da segunda
leitura:
Deus de infinita sabedoria, nós Te damos graças, porque nos chamaste; escolhes aqueles que são fracos e desprezados, para lhes fazer descobrir a tua sabedoria, no teu Filho, desprezado no calvário, mas vitorioso na Páscoa.
Pomos em Ti a nossa confiança e estendemos as mãos para o teu Filho: Ele é a nossa justiça, a nossa santificação e a nossa redenção.
Deus de infinita sabedoria, nós Te damos graças, porque nos chamaste; escolhes aqueles que são fracos e desprezados, para lhes fazer descobrir a tua sabedoria, no teu Filho, desprezado no calvário, mas vitorioso na Páscoa.
Pomos em Ti a nossa confiança e estendemos as mãos para o teu Filho: Ele é a nossa justiça, a nossa santificação e a nossa redenção.
No final do Evangelho:
Nosso Pai dos céus, bendito sejas, Tu que abres ao teu povo a terra prometida e o Reino dos céus, Tu que o sacias com a tua justiça, Tu que nos chamas teus filhos e descobres-nos o teu rosto.
Faz-nos estar entre os pobres, os mansos, os aflitos, os misericordiosos, os famintos da tua justiça, os corações puros e as testemunhas do teu Reino.
Nosso Pai dos céus, bendito sejas, Tu que abres ao teu povo a terra prometida e o Reino dos céus, Tu que o sacias com a tua justiça, Tu que nos chamas teus filhos e descobres-nos o teu rosto.
Faz-nos estar entre os pobres, os mansos, os aflitos, os misericordiosos, os famintos da tua justiça, os corações puros e as testemunhas do teu Reino.
5. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher a Oração Eucarística II para as Missas com Crianças.
Pode-se escolher a Oração Eucarística II para as Missas com Crianças.
6. PALAVRA PARA O
CAMINHO.
Um pequeno resto… “Só deixarei ficar no meio de ti um povo pobre e humilde, que buscará refúgio no nome do Senhor…” Um pequeno “resto” de gente que procura Deus na verdade, numa Igreja minoritária no seio de uma sociedade que só crê na riqueza, no poder, nas performances. Gente que procura a justiça, a humildade, a doçura, a paz, o perdão… Este programa entra na minha vida?
Um pequeno resto… “Só deixarei ficar no meio de ti um povo pobre e humilde, que buscará refúgio no nome do Senhor…” Um pequeno “resto” de gente que procura Deus na verdade, numa Igreja minoritária no seio de uma sociedade que só crê na riqueza, no poder, nas performances. Gente que procura a justiça, a humildade, a doçura, a paz, o perdão… Este programa entra na minha vida?
UNIDOS PELA PALAVRA DE
DEUS
PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador: P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org
PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador: P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org
“SEGUI-ME, EU FAREI DE VÓS PESCADORES DE
HOMENS.”- Olivia Coutinho.
3º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Dia 22 de Janeiro de 2017
Evangelho de Mt4,12-23
Cruzar os braços diante à realidade que
aí está achando que o mundo não tem mais jeito, é como apagar um pavio que
ainda fumega, é como quebrar uma taquara rachada, é dar como encerrada a mais
bela história de amor iniciada por Deus na criação!
A exemplo de Jesus, não podemos nos dar
como vencidos diante aos adversários do projeto de Deus, pois em nós, que
somos enxertados em Cristo, existe uma força maior que transcende a força
do mal.
Não podemos esquecer de que o
amor de Deus pelo o humano, é um amor persistente, Deus não desiste da sua
Criação!
Se o mal está ganhando força no mundo,
temos também uma parcela de culpa, talvez, não estamos deixando aflorar o bem
plantado por Deus em nossos corações, pois a única arma capaz de vencer o mal é
o bem. Se o mundo está envolto em trevas, é porque estamos ofuscando a
Luz de Deus que brilha em nós, com a nossa omissão!
O evangelho que a liturgia de hoje nos
convida a refletir, narra os primeiros passos de Jesus na sua vida pública,
quando Ele começa a desenvolver o projeto de Deus que tem como prioridade a
vida humana em toda a sua dimensão!
Tudo, começa num momento
conflituoso, logo após a prisão de João Batista. A prisão de João Batista, o
grande profeta que chamou o povo a conversão, não intimidou Jesus como muitos
pensavam, pelo o contrário, o encorajou ainda mais!
Jesus começa as suas pregações, aos
arredores da Galileia, uma região conflituosa, considerada como reduto da
infidelidade a Deus, o que vem nos mostrar, que é no meio dos conflitos que um
seguidor de Jesus é chamado a atuar!
Às
margens do mar da Galileia, Jesus começa a formar a sua primeira comunidade, o
embrião da sua Igreja, uma Igreja Missionária que vai ao encontro do outro, do
excluído do abandonado. Tudo vai acontecendo dentro da simplicidade,
Jesus não vai atrás de pessoas letradas, de início, o seu olhar paira sobre
alguns pescadores, pessoas simples, dotadas de qualidades e defeitos que
deixaram suas redes para se tornarem pescadores de homens!
Com
a colaboração destes homens, que deram o seu sim ao projeto de Deus, Jesus
começa a implantar o reino dos céus aqui na terra! Diferente do humano, Ele não
questiona o passado dos seus escolhidos, não lhes exige alguma formação, apenas
uma condição: a conversão do coração!
É
graças ao testemunho desta pequena comunidade formada por Jesus, que hoje, mais
uma vez, estamos aqui, eu e você, buscando o crescimento na fé através do
entendimento da palavra de Deus!
Hoje,
Jesus continua chamando mais colaborares para a construção do Reino de Deus,
pessoas que estejam dispostos a enfrentar à desafiante missão de
tornar presença Dele, em meio aos conflitos!
Há
uma grande necessidade de operários na obra do Senhor, que é uma obra
permanente, o próprio Jesus afirma: “A messe é grande, mas os trabalhadores são
poucos.”L10,2
Isentar
da responsabilidade de administradores do que é de Deus, é rejeitar o seu
projeto de vida plena, é condenar-se a uma vida vazia.
Sabemos
que no mundo há muito por fazer, pois precisamos, reconstruir o que Deus
criou, mudando a realidade que aí está, afinal, não podemos perder de vista, o
horizonte que nos aponta um mundo novo, um mundo novo, onde o amor a
justiça e a paz haverão de triunfar!
Jesus
continua nos falando do Reino dos céus, Ele é a própria presença deste
Reino, quando deixamos nos conduzir pelos os seus ensinamentos, ocorre uma
mudança radical no nosso modo de viver, passamos a ver o irmão com outros
olhos, a não nos dar como vencidos diante as forças do mal, a acreditar
que o mal não sobrepõe o bem, que o mundo ainda tem jeito!
FIQUE
NA PAZ DE JESUS! – Olívia Coutinho
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