Segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Evangelho de São Lucas 18,35-43
Neste Evangelho Jesus está a
caminho de Jerusalém, a capital da Palestina, caminho de cruz e de glória,
porque lá Jesus será condenado à morte, mas ressuscitará. Jesus vai para
Jerusalém, acompanhado pela multidão e no caminho Ele realiza um último sinal
ou milagre: a cura de Bartimeu, um pobre cego.
O cego está sentado à beira do
caminho, isto é, à margem da vida e da sociedade. Desconhecemos o seu nome. É
um sem nome. É um ninguém. Sabemos tratar-se de um filho de Timeu, em hebraico,
Bartimeu.
O cego é mendigo. Depende da caridade alheia.
Ele não vê, não pode trabalhar, ganhar a vida, o seu pão, ter seu próprio lar,
sua liberdade. Por isso pede esmolas para sobreviver. É um excluído da
sociedade, um marginalizado, um pobre coitado a mercê da bondade dos outros.
Vive à margem, não pode participar de nada.
Quando Bartimeu ouviu dizer
que Jesus, o Nazareno, estava passando, começou a gritar: “Jesus, filho de
Davi, tem piedade de mim!” O cego ouve falar, crê e põe sua esperança no Filho
de Davi. Acredita ser o Messias prometido e esperado. Bartimeu, então, implora
a compaixão e a piedade de Jesus.
Os que acompanhavam Jesus
repreendiam o cego para que se calasse. Mas ele gritava mais forte ainda: “Jesus,
Filho de Davi, tem piedade de mim!”
Aqueles que mandavam o cego se
calar representa toda a sociedade que exclui os desfavorecidos da vida como: os
cegos, os aleijados, os doentes, os pobres, os drogados. . .
Os discípulos não querem que aquele cego
atrapalhe a caminhada de Jesus, que atrase a sua viagem. Pensam que Jesus não
podia perder tempo com uma pessoa inútil, um qualquer, um cego.
Mas, Bartimeu grita forte por piedade.
Ser piedoso é uma das características do Messias. Jesus interrompe o seu caminho para dar
atenção àquele que lhe implora por piedade e manda chamá-lo. A atitude
misericordiosa de Jesus demonstra a preferência de Deus pelos que se encontram
à margem do caminho da vida, os pobres, os desprezados, os excluídos.
Ao ser chamado por Jesus, o cego joga fora o
manto, dá um pulo e vai até Jesus. Jesus lhe pergunta: “O que queres que eu
faça?” Bartimeu diz a causa da sua pobreza que é a cegueira e lhe pede: “Mestre
que eu veja”. Jesus lhe diz: “Vai a tua fé te salvou”.
Com estas palavras Jesus
relaciona a fé com a cura. É preciso Ter fé para ser curado. A eficácia da
oração não depende das palavras que empregamos, mas do espírito e fervor com
que a fazemos. A fé ardente faz com que ele vença todos os obstáculos colocados
pelos outros que querem impedi-lo de se encontrar com Jesus.
E como conseqüência de poder olhar, enxergar a realidade com um novo olhar que Jesus lhe deu, Bartimeu
no mesmo instante segue Jesus pelo
caminho.
O que significa seguir Jesus
pelo caminho? Seguir Jesus pelo caminho é se tornar um discípulo dele. Porque
Jesus é o caminho. Se tornar discípulo é estar disposto a viver como o Mestre
ensina, a passar por tudo que o mestre passa, a morrer para si, para doar a sua
vida, para imitá-lo em tudo.
Bartimeu ao pedir compaixão ao
Senhor, demonstra uma abertura para a fé. Ele ouviu falar de Jesus, acreditou
nele, sem vê-lo, sem conhecê-lo, enquanto que os discípulos e muitos do povo
enxergavam, viam e ouviam, mas estavam cegos para tudo que o Messias lhes
falava, e ensinava. Se eles estivem dispostos a deixar-se curar da cegueira,
por meio de uma fé autêntica, e a refazer a idéia que tinham do Messias,
estariam, como o ex-cego, em condições de segui-lo pelo caminho, sendo
verdadeiros discípulos, dispostos a tudo.
O primeiro passo em direção à
cura acontece quando tomamos consciência da nossa própria situação e tomamos a
decisão de sair dela. Também a cura da cegueira espiritual começa dessa maneira.
Tem início no desejo de sair da enfermidade interior para uma vida mais
autêntica e de um relacionamento mais profundo com o Senhor.
Existem muitas formas de
cegueira, muitos enxergam, mas não querem ver!
Os cegos do caminho somos
todos nós que não queremos enxergar nossa missão, nossos dons e colocá-los a
serviço da comunidade, dos irmãos; são cegos os que estão conformados com o
comodismo e não se deixam curar; somos cegos quando deixamos a descrença, a
desconfiança e a dúvida ocupar o lugar da fé na nossa vida; somos cegos quando
não mais distinguimos o pecado da virtude, o mal do bem, as trevas da luz;
somos cegos em não enxergar o que Deus quer de nós; há ainda aqueles que além de serem cegos,
impedem os outros de enxergarem e tentam calar os gritos incômodos dos que
querem ver.
O cego Bartimeu pode ser um
bom exemplo para nós: superar os obstáculos próprios da cegueira, não se deixar
levar pelas críticas das pessoas, mas como Bartimeu gritar, pular, jogar o
manto e enfim buscar a força em Jesus, naquele que nos pode libertar e fazer
ver uma nova realidade.
Jogar o manto, significa uma
vida nova, uma mudança, uma transformação. Ele se servia do manto para recolher
as esmolas que lhe jogavam, agora ele não mais precisa de esmolas. Ele será
capaz de viver por ele mesmo, com o seu trabalho, não mais precisa depender da
misericórdia alheia.
Por isso nos momentos de
tribulação, grite: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim”! Nas tristezas da
vida, nos momentos difíceis, na doença, na depressão, nas contrariedades, nos
desentendimentos, na dor, na aflição, grite, clame, pule, jogue o manto, mas
recorra a Jesus o nosso Salvador.
Enxergue que a solução é Jesus e se comprometa
com Ele. Aceite ser seu discípulo, ser como Ele Servo Sofredor. Porque seguir Jesus
pelo caminho é passar por tudo que Ele passou, enfrentar desafios e querer
continuar a missão de Jesus.
Porque
se queremos chegar a glória com Cristo, temos que passar pelo caminho da cruz,
que é o caminho do serviço, da doação, do amor, da partilha, colocando os
nossos dons, que recebemos do Senhor, a serviço do nosso irmão e do Reino de
Deus, sem comodismo, sem preguiça, mas se preocupando em ser outro Jesus que dá
vida para todos, que nos faz enxergar, mudar de vida, crescer na fé, no amor,
na doação e fazer o que Jesus nos pede: ser seu discípulo!
Meus queridos irmãos: Reconheçamos
nossa cegueira e suplicamos a Jesus: “Senhor que eu veja”. Imitemos este cego
que foi salvo no corpo e na alma. Peçamos a Jesus não só coisas terrenas, mas,
a luz com a qual possamos ver. O caminho para a luz é a fé. E, vivendo esta fé,
acreditando, glorificaremos a Deus com nossas obras.
Maria de Lourdes Cury Macedo
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