Domingo, 8 de setembro de 2013
23º Domingo do Tempo Comum
Outros Santos do
Dia: Adélia de Messines (viúva, monja),
Adriano e Natália (mártires), Amon, Teófilo, Neotério e Companheiros
(mártires), Corbiniano de Freising (bispo), Disibodo de Bingen (monge,
bispo), Eusébio, Nestabo, Zeno e Nestor (mártires), Nestor de Gaza
(mártir), Sérgio I (papa), Timóteo e Fausto (mártires de Antioquia, na
Síria).
Primeira leitura: Sabedoria
9, 13-18
Quem pode conhecer os desígnios de Deus e penetrar nas determinações do Senhor?
Salmo responsorial: 89
Senhor, fostes nosso refugio de geração em geração.
Segunda leitura: Filêmon 9b-10,12-17
Se me tens como amigo, recebe-o como a mim.
Evangelho: Lucas 14, 25-33
Quem não renunciar a tudo que possuir, não pode ser meu discípulo.
Quem pode conhecer os desígnios de Deus e penetrar nas determinações do Senhor?
Salmo responsorial: 89
Senhor, fostes nosso refugio de geração em geração.
Segunda leitura: Filêmon 9b-10,12-17
Se me tens como amigo, recebe-o como a mim.
Evangelho: Lucas 14, 25-33
Quem não renunciar a tudo que possuir, não pode ser meu discípulo.
A Igreja exige muito pouco para ser cristão. As
crianças são batizadas ainda quando recém nascidas e não se exige nada dos
pais; tudo o mais, assistência a um breve curso preparatório ao batismo e um
vago compromisso de educar a criança e torná-la cristã, segundo a lei de Deus e
os mandamentos da Igreja.
Contudo, isto não era assim no princípio. Para ser
discípulo, Jesus colocava duras condições, que levavam a quem queria sê-lo a
pensar seriamente. Poucos seriamos cristãos, se para isso tivéssemos que
cumprir as três condições que, chegado o caso, Jesus exige a seus discípulos. E
dizemos “chegado o caso”, porque estas três formulações do evangelho de hoje
que vamos a comentar são “formulações extremas”; representam a meta utópica que
não devemos perder de vista, estando dispostos a alcançá-la no seguimento de
Jesus.
Pela primeira (Se alguém quer vir comigo e não prefere a
seu pai e a sua mãe, a sua mulher e seus filhos, a seus irmãos e irmãs e até a
si mesmo, não pode ser meu discípulo), os discípulos devem estar disposta a
subordinar tudo à adesão ao mestre. Se no propósito de instaurar o reinado de
Deus, evangelho e família entram em conflito, de modo que esta impede a
implantação daquela, a adesão a Jesus tem a preferência. Jesus e seu plano de
criar uma sociedade alternativa ao sistema mundano estão por cima dos laços de
família.
Pela segunda (“quem não carrega sua cruz e me segue, não
pode ser meu discípulo), não se trata de fazer sacrifícios ou mortificar-se,
como se dizia antes, mas de aceitar e assumir que a adesão a Jesus pode levar à
perseguição por parte da sociedade, perseguição que é preciso aceitar e
suportar como consequência do seguimento.
Por isso, não é necessário precipitar-se, não aconteça
que queiramos fazer mais do que podemos cumprir. O exemplo da construção da
terre que exige fazer um bom planejamento para calcular os materiais de que
dispomos ou do rei que planeja a batalha precipitadamente, sem sentar-se e
estudar suas possibilidades frente ao inimigo, é suficientemente ilustrativo.
A terceira condição (“Todo aquele que não renuncia a
tudo que tem não pode ser meu discípulo”), nos parece excessiva. Por si seria
pouco dar a preferência absoluta ao plano de Jesus e estar disposto a
sofrer perseguição por isso, Jesus exige algo que parece estar acima de
nossas forças: renunciar a tudo que se tem, trata-se, sem dúvida, de uma
formulação extrema que é preciso entender. O discípulo deve estar disposto
inclusive a renunciar a tudo que se tem, se isto é obstáculo para colocar fim a
uma sociedade injusta na qual uns recolhe em suas mãos todos os bens da terra
enquanto outros passam necessidade para sobreviver. O outro tem sempre a
preferência. O próximo deixa de ser um, quando outro passa necessidade. Somente
desde o desprendimento se pode falar de justiça, somente a partir da pobreza se
pode lutar por ela. Somete a partir daí se pode construir a nova sociedade, o
reino de Deus erradicando a injustiça da terra. Para os que costumam tirar o
aguilhão do evangelho e que gostariam que as palavras e atitudes de Jesus
fossem menos radicais, o texto parece muito duro, pois o Mestre nazareno é
tremendamente exigente.
Não é em vão que o livro da Sabedoria formula
hoje, em forma de interrogante, a dificuldade que se tem de conhecer o desígnio
de Deus e compreender o que Deus quer. Será necessário para isso receber de
Deus a sabedoria e o Espírito a partir do céu para adequar nossa vida à vontade
de Deus manifestada em Jesus. Precisamos navegar contra a corrente e ter a
capacidade de renúncia total que o evangelho nos pede e à qual devemos estar
dispostos. Porém, o que o evangelho nos propõe como exigência racial de Jesus
hoje não é tanto o começo do caminho, mas a meta à qual aspiramos, aquilo que
devemos tender, se queremos seguir Jesus. Talvez não cheguemos nunca a viver
com essa radicalidade as exigências de Jesus, porém não devemos renunciar a
isso, por mais que nos encontremos distantes dessa utopia.
Oração: Ó Deus, nosso
Pai, que em Jesus te aproximaste de nós e nos fizeste a proposta de ser modelo
e caminho: ajuda-nos a escutar seu convite a seguir-te e dá-nos coragem e amor
para deixar tudo por tua causa e seguir-te efetivamente, pelo mesmo Jesus
Cristo, nosso Senhor.
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