SEGUNDA FEIRA DA 26ª SEMANA DO TC 30/09/2013
1ª Leitura Zacarias 8, 1-8
Salmo 101(102, 17 ”Quando o Senhor tiver reconstruído Sião e
aparecido em sua gloria”
Evangelho Lucas 9, 46-50
Entendemos mal o significado da palavra “Poder”
A palavra "poder" ganhou uma conotação do
mal, por causa da opressão e da exploração, de alguns que ocupam o Poder, e a
famigerada "busca do poder" virou sinônimo de coisa ruim, proveniente
do maligno, algo que corrompe. Entretanto, basta ligarmos a palavra ao seu
sentido correto que é a Possibilidade, poder, portanto, vem de possibilidade de
fazer coisas e agir.
Na comunidade há pessoas que tem pouca
possibilidade de fazer algo, outras, ao contrário, pela responsabilidade que
tem, podem e devem fazer muito mais, pois tanto um quanto outro são carismas
que Deus concedeu. Entre um irmão que se ocupa humildemente da limpeza do
templo, e outro que tem a função de coordenar a comunidade, este último pode
mais, não no sentido de mandar, de ser o maioral e o mais importante, mas no
sentido de fazer, implementando as ações das quais a comunidade têm
necessidade.
O Pároco tem Poder em uma paróquia, que poder é
esse? As possibilidades decorrentes do ministério específico que exerce, nesse
sentido ele pode muito mais que todos, e por isso mesmo deve fazer mais do que
todos. O Senhor Bispo Diocesano pode muito mais, e deve fazer mais do que
todos, o seu trabalho de supervisor. A questão não é o que fazemos, mas como
fazemos...
Não podemos nos esquecer que o próprio Senhor,
delegou a Pedro a Chefia da Igreja, nunca no sentido de ficar dando ordens, e
ser o todo poderoso chefão, mas no sentido de fazer muito mais que os outros.
Mas os discípulos não haviam, compreendido isso, e os cristãos dos nossos
tempos também não....Pensavam em qual deles era o mais importante, o maioral,
aquele que tinha de ser obedecido, e que dominaria sobre os demais....Jesus não
desmonta a hierarquia, ao contrário, lhe dá um significado novo. Poder torna-se
sinônimo de serviço e nessa ótica, o todo Poderoso é aquele que serve. O
próprio Jesus usa o seu Poder para tornar-se um Servo, eis aí algo que o homem
nunca conseguirá compreender, um Deus Todo Poderoso que se faz servo.
Mas servir a quem ? Na sociedade, servir a alguém
poderoso dá status e prestígio, mas servir aos miseráveis, marginalizados, sem
voz e sem poder algum, um morador de rua, um dependente químico, que recebe
carinho e atenção, como ele poderá retribuir? Por isso Jesus faz a dinâmica do
acolhimento e serviço,colocando no meio deles uma criança, mostrando então que
esses pequenos, totalmente dependentes, devem ser o centro das atenções dos servos
e servas de Deus. Quanto mais insignificante for a pessoa a quem se serve, mais
autêntico será o amor manifestado, porque é sempre feito em nome de Jesus de
Nazaré, o Deus que inverteu o quadro e se fez um Deus Servidor dos Homens, por
isso agora vem até eles naqueles que têm necessidades.
Por isso quando alguém de fora do grupo, anuncia o
evangelho, realiza curas e prodígios, em sintonia com Jesus, o que lhe dá
autenticidade é a ação em si, e não a fachada religiosa a qual pertence. Não dá
para monopolizar o amor e por isso Jesus censura os discípulos que o haviam
proibido de fazê-lo em nome de Jesus, se o que se faz em nome de Jesus, é um
ato de amor, seja no anúncio da Palavra libertadora, ou em um gesto de
solidariedade com quem sofre e passa alguma necessidade, essa ação torna-se
autêntica e ninguém poderá impedi-la de ser feita...
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