DIA 17
Eu sou o pão vivo descido do céu.
Neste Evangelho Jesus nos ensina duas
importantes verdades: 1) A origem da fé nele, que brota de uma graça de Deus
Pai. 2) Jesus é o pão vivo que dá vida ao que dele come.
“Quem crê possui a vida eterna.” Cristo
fala no presente: o que responde à atração do Pai, o que crê, já tem a vida
eterna. Esta começa aqui e agora: o eterno entrou no tempo. É a escatologia
realizada. Mas esse dom da fé está condicionado a uma atitude responsável:
escutar Deus. “Todo aquele que escuta o Pai e por ele foi instruído, vem a
mim”. E a nossa salvação é completada no futuro: “Eu o ressuscitarei no último
dia”.
“Eu sou o pão vivo descido do céu.” Com
a expressão “eu sou” (Javé em hebraico), Jesus se auto define como o pão que dá
a vida eterna ao que dele se alimentar. Essa é a diferença do maná do deserto,
que além de ser perecível, quem dele comia depois morria.
Há uma íntima relação entre a Eucaristia
e a Morte e Ressurreição de Jesus. São os seus dois grandes gestos de amor a
nós. Por isso que ele instituiu a Eucaristia um dia antes de sua morte, e ao
instituí-la disse: “Isto é o meu corpo que será entregue por vós”, e também:
“Isto é o meu sangue que será derramado por vós e por todos”.
A Eucaristia atualiza para nós a
redenção. Cada vez que a celebramos, nós nos envolvemos mais no mistério
pascal, participando da ressurreição de Jesus, que passou pela cruz.
A celebração eucarística, além de
banquete, isto é, de alimento dos cristãos, e de encontro semanal da
Comunidade, tem também esta dimensão: Ela torna presente, em termos de tempo e
de lugar, o gesto redentor de Jesus, com todos os seus efeitos. Por isso que a
chamamos memorial da redenção. Memorial é mais que memória ou recordação. É
vivência hoje, revitalização daquilo que aconteceu no passado. Quando
celebramos a Eucaristia, a Morte e Ressurreição de Jesus acontece
misteriosamente ali, com todos os seus efeitos salvadores. A Assembléia
eucarística torna-se ao mesmo tempo beneficiária e agente da redenção. A Igreja
bebe toda a sua força de amar, e todo o seu dinamismo nesta fonte inesgotável q
é a Eucaristia.
Trazendo para o aqui e agora o mistério
redentor, a Eucaristia envolve a Assembléia participante, tornando-a Corpo
Místico de Cristo e torna cada cristão “outro Cristo” no mundo. É assim que o
sacrifício de Cristo se torna sempre vivo e atuante em todos os cantos da
terra. Ao recebermos a Eucaristia, nós nos tornamos eucaristia para o mundo
Certa vez, uma jovem mãe estava com o
seu bebê no portão da sua casa. Passou uma senhora, parou e disse: “Como é
bonita esta criança!” A mãe falou: “Espere um pouquinho, eu vou lá dentro
buscar a fotografia dela para a senhora ver que é mais bonita ainda!”
Na verdade, o que aquela jovem mãe fez
foi uma coisa ridícula, porque hoje em dia os fotógrafos podem falsificar
fotografias, “melhorando” as pessoas. Mas há algo parecido com a nossa
redenção. Ela foi além e tornou o original, isto é, o homem criado por Deus,
melhor e mais bonito ainda. Foi por isso que cantamos no sábado santo,
referindo-nos ao pecado original: “Ó culpa tão feliz que há merecido a graça de
um tão grande Redentor”
Quando Maria Santíssima ouvia, ao participar
da santa Missa, estas palavras do seu Filho: “Tomai todos e comei: Isto é o meu
corpo que será entregue por vós. Tomai todos e bebei...” certamente ela
pensava: Este corpo foi gerado no meu útero. E quando ela comungava, era quase
que uma nova encarnação. Aquele coração que batia em seu ventre, volta agora ao
seu ventre, para sustentá-la na caminhada. Claro que Maria se lembrava também
dos maus tratos que Jesus recebeu e continuava a receber dos homens, e voltava
a sentir a espada que, no Calvário, transpassou o seu coração. Por isso lhe
pedimos: “Ouvi nossos rogos, Mãe dos pecadores!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário