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Fevereiro 2020
Tempo Comum - Anos Pares
V Semana - Quinta-feira
V Semana - Quinta-feira
Lectio
Primeira leitura: 1 Reis 11, 4-13
4Na idade senil de Salomão, as suas mulheres
desviaram-lhe o coração para outros deuses; e assim o seu coração já não era
inteiramente do Senhor, seu Deus, contrariamente ao que sucedeu com David, seu
pai. 5Foi atrás de Astarté, deusa dos sidónios, e de Milcom, abominação dos
amonitas. 6Salomão fez o mal aos olhos do Senhor e não seguiu inteiramente o
Senhor, como David, seu pai. 7Por essa altura, ergueu Salomão um lugar alto a
Camós, deus de Moab e a Moloc, ídolo dos amonitas, sobre o monte que fica mesmo
em frente de Jerusalém. 8E fez o mesmo por todas as suas mulheres estrangeiras,
que queimavam incenso e sacrificavam aos seus deuses. 9O Senhor irritou-se
contra Salomão, pois o seu coração se afastara do Senhor, Deus de Israel, que
se lhe tinha revelado por duas vezes, 10e lhe ordenou sobre estas coisas para
não seguir os deuses estrangeiros. Ele, porém, não cumpriu o que o Senhor lhe
prescrevera. 11Então o Senhor disse-lhe: «Já que procedeste assim e não
guardaste a minha aliança nem as leis que te prescrevi, vou tirar-te o reino e
vou dá-lo a um dos teus servos. 12Entretanto, não o farei durante a tua vida,
por causa de David teu pai; é das mãos de teu filho que Eu o arrancarei.
O reinado de Salomão, glorioso sob tantos
aspectos, teve as suas sombras que se podem resumir numa só palavra: idolatria.
Havia uma lei que proibia o casamento com mulheres estrangeiras, exactamente
para evitar o pecado de idolatria. Salomão seguiu uma política de alianças em
boa parte baseada em combinações matrimoniais. As suas mulheres pagãs exigiam
templos onde prestar culto aos seus deuses. Salomão cedeu a esses pedidos e ele
mesmo e alguns dignitários da corte, bem como populares, caíram na idolatria.
Salomão afastou-se do Senhor, Deus de Israel. E o Senhor rejeitou-o. Em consequência
dessa rejeição acontecerá o cisma do reino.
Estes textos, escritos na época do exílio e do pós-exílio, tempos de grande sofrimento, fizeram Israel repensar a sua história em perspectiva teológica. Porquê o exílio, a dispersão, e tanto sofrimento e humilhação? Que fundamento tinha o anseio da restauração da unidade e da paz do reino de David, tão sentido por todos? Os autores sagrados tinham uma resposta: apesar da infidelidade do homem, Deus permanece fiel à sua aliança e à sua promessa de paz.
Estes textos, escritos na época do exílio e do pós-exílio, tempos de grande sofrimento, fizeram Israel repensar a sua história em perspectiva teológica. Porquê o exílio, a dispersão, e tanto sofrimento e humilhação? Que fundamento tinha o anseio da restauração da unidade e da paz do reino de David, tão sentido por todos? Os autores sagrados tinham uma resposta: apesar da infidelidade do homem, Deus permanece fiel à sua aliança e à sua promessa de paz.
Evangelho: Marcos 7, 24-30
Naquele tempo, 24Jesus partindo dali, foi para
a região de Tiro e de Sídon. Entrou numa casa e não queria que ninguém o
soubesse, mas não pôde passar despercebido, 25porque logo uma mulher que tinha
uma filha possessa de um espírito maligno, ouvindo falar dele, veio lançar-se a
seus pés. 26Era gentia, siro-fenícia de origem, e pedia-lhe que expulsasse da
filha o demónio. 27Ele respondeu: «Deixa que os filhos comam primeiro, pois não
está bem tomar o pão dos filhos para o lançar aos cachorrinhos.» 28Mas ela
replicou: «Dizes bem, Senhor; mas até os cachorrinhos comem debaixo da mesa as
migalhas dos filhos.» 29Jesus disse: «Em atenção a essa palavra, vai; o demónio
saiu de tua filha.» 30Ela voltou para casa e encontrou a menina recostada na
cama. O demónio tinha-a deixado.
Depois de ter curado muitos doentes e
discutido com os fariseus em Genesaré, Jesus prossegue a sua viagens por Tiro,
Sídon e Decápole, terras pagãs. E também aí realiza milagres: a cura da filha
da mulher cananeia, que escutamos hoje, e a do surdo-mudo, que escutaremos
amanhã.
No diálogo com a mulher cananeia emerge a tensão entre o papel proeminente de Israel na história da salvação e o universalismo da mesma salvação. Não só os «filhos», os judeus, mas também os «cães», os pagãos, segundo a metáfora, são chamados à salvação. A única condição é escutar a Boa Nova e acolher Jesus como Senhor: «Dizes bem, Senhor...», exclama a mulher. «Em atenção a essa palavra, - diz-lhe Jesus - vai; o demónio saiu de tua filha». A fé da cananeia dissolveu a tensão e alcançou-lhe o milagre. A filha foi libertada do demónio.
No diálogo entre Jesus e a mulher aparecem as expressões «pão dos filhos» e «migalhas dos cachorrinhos». É já um anúncio do milagre da multiplicação dos pães, que Marcos narrará pouco depois (cf. Mc 8, 1-10).
Jesus também continua a rebater, com palavras e acções, o legalismo dos judeus, dando atenção ao mundo e à cultura grega. Não esqueçamos que Marcos escreve para uma comunidade cristã grega.
No diálogo com a mulher cananeia emerge a tensão entre o papel proeminente de Israel na história da salvação e o universalismo da mesma salvação. Não só os «filhos», os judeus, mas também os «cães», os pagãos, segundo a metáfora, são chamados à salvação. A única condição é escutar a Boa Nova e acolher Jesus como Senhor: «Dizes bem, Senhor...», exclama a mulher. «Em atenção a essa palavra, - diz-lhe Jesus - vai; o demónio saiu de tua filha». A fé da cananeia dissolveu a tensão e alcançou-lhe o milagre. A filha foi libertada do demónio.
No diálogo entre Jesus e a mulher aparecem as expressões «pão dos filhos» e «migalhas dos cachorrinhos». É já um anúncio do milagre da multiplicação dos pães, que Marcos narrará pouco depois (cf. Mc 8, 1-10).
Jesus também continua a rebater, com palavras e acções, o legalismo dos judeus, dando atenção ao mundo e à cultura grega. Não esqueçamos que Marcos escreve para uma comunidade cristã grega.
Meditatio
A promessa de Deus a David foi cumprida: «Não
serás tu que vais construir uma casa para eu habitar mas serei eu a construir
uma casa para ti» «Um teu filho vai suceder-te e será ele a construir uma casa
para o meu nome», (cf. 2 Sm 7, 5ss.). Salomão construiu efectivamente um templo
para o Senhor. Mas, por influência das suas mulheres, acabou por cair na
idolatria e também construiu templos para os deuses pagãos. O seu coração
dividiu-se entre Deus e os seus interesses políticos: «o seu coração já não era
inteiramente do Senhor, seu Deus» (v. 4).
As tentações de Salomão continuam actuais, também para nós. É preciso grande fortaleza de alma para resistir e permanecer fiéis a Deus. Os deuses que, hoje, nos podem seduzir, talvez se chamem sucesso, ambição, dinheiro, sensualidade, paixões amorosas... Mas Deus não admite divisões e quer ser amado com todo o nosso coração: «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 5).
O verdadeiro filho de David, que resistiu a todas as tentações, foi Jesus. Para permanecer dócil ao Pai, aceitou a humilhação e a morte. Foi ele quem construiu o verdadeiro Templo de Deus, ao morrer e ressuscitar. Como ensina S. Pedro, trata-se um templo feito de pedras vivas. E nós fazemos e faremos parte dele, se permacemos fiéis ao Senhor.
Na mulher estrangeira, em terra estrangeira, de que nos fala o evangelho, identifica-se a igreja, missionária e católica, isto é, universal. A igreja, estrangeira no meio dos entrangeiros, pobre entre os pobres, continua a obra da Encarnação. Como Cristo assumiu toda a humanidade, também o cristão se insere e compromete no esforço da humanidade que tende para a sua plenitude, no movimento do espírito humano que tende para Cristo. Trata-se de um movimento de inclusão, de integração, de assimilação da humanidade na humanidade de Cristo. A «católica» é esta mulher estrangeira que, em terra estrangeira, procura Cristo, humilde entre os humildes, e que descobre ao mundo a verdade que Cristo lhe revela sobre si mesma
: «Sim, Senhor» (v. 28). E suplica para todos que as migalhas, os elementos da humanidade, sua filha - ferida, doente, desorientada, confusa - sejam reorientados, recompostos, assumidos, integrados, curados, reentregues à plenitude de Cristo.
Como dehonianos, queremos uma fraternidade cada vez mais universal que aproxime os povos de toda a terra. É uma utopia; mas agora, como dizia Paulo VI, a utopia é o nome da realidade. A fraternidade entre todos os povos é uma utopia pela qual trabalhamos, para que se torne realidade na civilização do amor, com a promoção humana integral (cf. Os Religiosos e a Promoção humana, SCRIS, 25 de Abril de 1978).
As tentações de Salomão continuam actuais, também para nós. É preciso grande fortaleza de alma para resistir e permanecer fiéis a Deus. Os deuses que, hoje, nos podem seduzir, talvez se chamem sucesso, ambição, dinheiro, sensualidade, paixões amorosas... Mas Deus não admite divisões e quer ser amado com todo o nosso coração: «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 5).
O verdadeiro filho de David, que resistiu a todas as tentações, foi Jesus. Para permanecer dócil ao Pai, aceitou a humilhação e a morte. Foi ele quem construiu o verdadeiro Templo de Deus, ao morrer e ressuscitar. Como ensina S. Pedro, trata-se um templo feito de pedras vivas. E nós fazemos e faremos parte dele, se permacemos fiéis ao Senhor.
Na mulher estrangeira, em terra estrangeira, de que nos fala o evangelho, identifica-se a igreja, missionária e católica, isto é, universal. A igreja, estrangeira no meio dos entrangeiros, pobre entre os pobres, continua a obra da Encarnação. Como Cristo assumiu toda a humanidade, também o cristão se insere e compromete no esforço da humanidade que tende para a sua plenitude, no movimento do espírito humano que tende para Cristo. Trata-se de um movimento de inclusão, de integração, de assimilação da humanidade na humanidade de Cristo. A «católica» é esta mulher estrangeira que, em terra estrangeira, procura Cristo, humilde entre os humildes, e que descobre ao mundo a verdade que Cristo lhe revela sobre si mesma
: «Sim, Senhor» (v. 28). E suplica para todos que as migalhas, os elementos da humanidade, sua filha - ferida, doente, desorientada, confusa - sejam reorientados, recompostos, assumidos, integrados, curados, reentregues à plenitude de Cristo.
Como dehonianos, queremos uma fraternidade cada vez mais universal que aproxime os povos de toda a terra. É uma utopia; mas agora, como dizia Paulo VI, a utopia é o nome da realidade. A fraternidade entre todos os povos é uma utopia pela qual trabalhamos, para que se torne realidade na civilização do amor, com a promoção humana integral (cf. Os Religiosos e a Promoção humana, SCRIS, 25 de Abril de 1978).
Oratio
Senhor, no corpo do consagrado renova-se, de
algum modo, o mistério da tua Encarnação. O teu corpo era o verdadeiro templo,
o lugar de manifestação e do encontro com a tua divindade. Além disso,
ofereceste-o como oblação santa ao Pai. Ao entrar no mundo rezaste: Pai, «não
quiseste sacrifícios nem holocaustos, mas deste-Me um corpo... Então Eu disse:
Eis-Me aqui para fazer a Tua vontade» (Hbr 10, 5.7). Em ti, o cristão é também
templo de Deus e sacerdote chamado a oferecer sacrifícios, a começar pelo de si
mesmo. O consagrado, de modo particular, faz do seu corpo uma oblação santa,
realizando de modo permanente a exortação de Paulo «oferecei os vossos corpos,
como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o vosso culto
espiritual» (Rom 12, 1). Por isso, queremos, hoje, unir-nos a ti presente na
vida do mundo e, em solidariedade contigo... oferecer-nos ao Pai como oblação
viva, santa e agradável «como oferenda e sacrifício de agradável odor» (Ef
5,2). Amen.
Contemplatio
O patriarca Jacob promete à tribo de Aser um
pão suculento e digno dos reis (Gen 49). O pão verdadeiramente real é o que nós
possuímos. É o pão divino, é o pão do céu. É a Eucaristia. O povo de Israel
teve o maná, mas não sustentava senão a vida terrestre. O nosso maná entretém a
vida espiritual. «Eu sou o pão da vida, diz-nos o bom Mestre. Os vossos pais
tiveram o maná, um pão terrestre, eu sou o pão da vida, descido do céu. Quem
comer deste pão viverá eternamente; o pão que eu hei-de dar é a minha carne
para a vida do mundo» (Jo 6).
Vós ofereceis este pão, Senhor, à minha pobre alma. Podíeis dizer-me como à Cananeia: não é bom tomar o pão dos filhos para o atirar aos cães. Mas o vosso coração é infinitamente compassivo e misericordioso.
Dais-me este pão para me alimentar e para me fortificar contra todo o desfalecimento: o pão que fortalece o coração do homem (Sl 103). A minha acção de graças dirige-se ao vosso coração (Leão Dehon, OSP3, p. 634).
Vós ofereceis este pão, Senhor, à minha pobre alma. Podíeis dizer-me como à Cananeia: não é bom tomar o pão dos filhos para o atirar aos cães. Mas o vosso coração é infinitamente compassivo e misericordioso.
Dais-me este pão para me alimentar e para me fortificar contra todo o desfalecimento: o pão que fortalece o coração do homem (Sl 103). A minha acção de graças dirige-se ao vosso coração (Leão Dehon, OSP3, p. 634).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Sim, Senhor» (Mc 7, 28)».
«Sim, Senhor» (Mc 7, 28)».
| Fernando Fonseca, scj |
Obrigado Senhor, Obrigado Dehonianos!!!
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