Domingo, 1 de Março de 2020.
Evangelho de Mt 4, 1-11.
Na liturgia deste
domingo celebramos a memória de Jesus que venceu a tentação do acúmulo,
prestígio e poder, e se tornou pão de vida para que todos possam viver. Sua
obediência ao Pai trouxe para nós a justificação. Na celebração eucarística
Jesus é a árvore da vida que o Pai plantou no centro de nossa existência. Com
ele nascemos para uma vida nova baseada na partilha e fraternidade. (vida
pastoral – 2008)
A quaresma é
tempo de vivência profunda do mistério da morte e da ressurreição de Cristo.
Neste domingo, com Jesus, somos conduzidos pelo Espírito ao deserto, para com
Ele passar 40 dias e reforçar nosso espírito de resistência a todo mal. É tempo
privilegiado para revermos nosso modo de agir, tomar novas decisões, promover
mudanças concretas, significativas, em fim ter a nossa conversão.
Depois que Jesus
foi batizado o Espírito Santo o conduziu para o deserto, lá Ele passou 40 dias
em jejum se preparando para assumir publicamente que é o Filho de Deus, ser
obediente ao plano do Pai, assumir a sua missão de instalar no mundo o
Reino de Deus e iniciar sua vida pública.
No deserto Jesus
jejuou durante 40 dias e teve fome. Seu corpo estava fraco, mas seu espírito
estava fortalecido. Lá Jesus rezou muito, se aproximou do Pai, fortaleceu seu
espírito, foi tentado pelo demônio. Jesus venceu as tentações recorrendo à
força da Palavra de Deus, não se
desviou da sua missão, escolheu o Reino
que valoriza o serviço, a partilha, a justiça, enfim o cumprimento, a
obediência da vontade de Deus Pai. Devemos seguir o exemplo de Jesus.
Depois de
vencidas as tentações da abundância, prestígio e poder, Jesus está pronto a
proclamar e instaurar a justiça do Reino através da partilha, do cumprimento da
vontade de Deus e do serviço até a doação da vida.
As tentações que
o Filho de Deus teve de enfrentar no deserto são as tentações fundamentais da
vida, que todos nós passamos: o TER, o PRAZER e o PODER. Ninguém passa por este mundo sem o desejo de
possuir, pelo desejo de ter prestígio
e fama, pela ambição de mandar no outro, de ser servido.
1ª tentação: Jesus é tentado a realizar a justiça do Reino
mediante a abundância do Ter.
Tentação do “pão”, que se identifica com a tentação da posse ou tentação do
“TER”.
Também nós somos tentados a TER mais do que o necessário para viver, acumulando bens com muita
ganância. Esta tentação se manifesta em querer tudo para si, sendo escravo dos
bens materiais. É bom lembrar que, se o ser humano não vive só de pão, também
não pode viver sem ele. A exigência evangélica não consiste em renunciar ao pão
material, mas em estabelecer a prioridade do Pão da Palavra sobre o pão do
corpo; a excelência do “ser” sobre
o “ter”, pois nós somos para a eternidade, não apenas para o tempo...
Como podemos vencer hoje essa tentação? Na nossa vida hoje somos capazes de vencer a
tentação da ganância do Ter muito, do egoísmo e de acumular nossas coisas,
vivendo a partilha, a fraternidade, que a Palavra de Deus nos ensina para que
todos tenham pão e vida. Ao invés de acumular, partilhar. Assim nós
construiremos o Reino e a sua justiça.
2ª tentação: Jesus é tentado a realizar a justiça
do Reino mediante o PRAZER: o prestígio,
a vaidade, o orgulho.
Também nós somos tentados a pensar só no prestígio e
conforto pessoal, exagerando na comida, na bebida, no sexo. A tentação do
prazer se manifesta na busca egoísta de querer ser feliz sem levar em conta a
felicidade dos outros, e deixar-se dominar pelo gozo momentâneo e
inconsequente. Somos capazes de vencer a tentação da vaidade, do orgulho, de
querer ser importante, de querer ter prestígio sendo humildes e obedientes à
Palavra de Deus.
3ª tentação: Jesus é tentado a realizar a justiça
do Reino mediante o Poder, a ambição e riqueza. A tentação do poder se
manifesta no desejo de estar acima dos outros.
Também nós somos tentados a querer Poder demais, dominando os outros e tirar proveito egoísta e
pessoal. Escravizar os outros fazer-se “deus” do próprio semelhante; querer ser
dono dos outros; decidir pelo outro; mudar o outro; transformar o outro em
“objeto” ou em joguete, e que fique sempre de prontidão para nos servir... (a
pessoa quer como o diabo ser adorado).
Hoje, na nossa
vida, nós somos capazes de vencer a tentação da ambição de termos poder,
riquezas e dominarmos os outros, ao invés de servir. Só a Deus devemos adorar e
somente a Ele servir. Servimos a Deus quando servimos o irmão. Através do nosso
serviço realizaremos a justiça do Reino. Nós podemos vencer a três tentações
seguindo o exemplo de Jesus: partilhar ao invés de acumular; obediência e
humildade ao invés de querer prestígio; serviço ao invés de poder e dominação.
Devemos recorrer
à oração, ao jejum, à esmola e à escuta da Palavra para vencer as tentações. A
oração nos aproxima de Deus, escutar a Palavra é viver a Palavra de Deus,
transformar a nós próprios e ao mundo. A
oração e o jejum não nos livram das tentações, mas são meios de que
devemos usar para vencê-las.
Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes
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