29/04/2016
Festa de S.
Catarina de Sena
S. Catarina nasceu em Sena, Itália, a 25 de Março de 1347. Dotada
por Deus com graças especiais, desde a sua infância, cortou o cabelo e cobriu a
cabeça com um véu branco, em sinal de consagração, quando tinha apenas 12 anos
e pretendiam casá-la. Sofreu muito com essa decisão, mas manteve-se fiel.
Vestiu o hábito das religiosas dominicanas, mantendo-se na família e na cidade,
e dedicando-se ao exercício das obras de misericórdia e procurando restabelecer
a paz entre as famílias desavindas. Sendo analfabeta, em breve começou a ditar
a diversos amanuenses as suas experiências místicas, reflexões e conselhos.
Ditou cartas para prelados, pais de família, magistrados, reis e até para o
próprio Papa, que, nessa época, se encontrava em Avinhão, incitando-o a regressar
a Roma. A 13 de Outubro de 1376 Gregório XI iniciou a viagem de regresso a
Roma, acompanhado por Catarina. Depois da morte de Gregório XI, a santa foi
conselheira do seu sucessor, Urbano VI. O seu ideal era pacificar a Pátria (a
Itália) e purificar a Igreja. Faleceu, em Roma, a 29 de Abril de 1380. Com S.
Brígida e S. Teresa Benedita da Cruz, é padroeira da Europa.
Lectio
Primeira leitura: Primeira de João 1, 5 – 2, 2
Caríssimos: esta é a mensagem que ouvimos de
Jesus e vos anunciamos: Deus é luz e nele não há nenhuma espécie de trevas. 6Se
dizemos que temos comunhão com Ele, mas caminhamos nas trevas, mentimos e não
praticamos a verdade. 7Pelo contrário, se caminhamos na luz, como Ele, que está
na luz, então temos comunhão uns com os outros e o sangue do seu Filho Jesus
purifica-nos de todo o pecado. 8Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a
nós mesmos e a verdade não está em nós. 9Se confessamos os nossos pecados, Deus
é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a iniquidade.
10Se dizemos que não somos pecadores, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não
está em nós. 1Filhinhos meus, escrevo-vos estas coisas para que não pequeis;
mas, se alguém pecar, temos junto do Pai um advogado, Jesus Cristo, o Justo,
2pois Ele é a vítima que expia os nossos pecados, e não somente os nossos, mas
também os de todo o mundo.
Jesus disse-nos que Deus é luz. O cristão deve
caminhar na luz, que alegra, ilumina e é símbolo de tudo o que há de bom e puro
(cf. Jo 3, 19-20). O contrário, o mal, é simbolizado pelas trevas. Mas, mais do
que fazer especulações sobre a natureza de Deus, o autor da Carta lança as
bases necessárias para extrair as implicações morais, que o fato de ser de Deus
impõe ao cristão. Luz/trevas, bem/mal, verdade/mentira, graça/pecado… são
incompatíveis, não podem estar juntos no mesmo sujeito. Mas, estar em comunhão
com Deus e andar na luz não significa ser impecáveis. Também o cristão peca e
tem consciência disso. A Igreja não é uma comunidade de puros e perfeitos, que
nunca pecaram, mas uma comunidade que acredita que os seus pecados não são
obstáculo permanente para nos aproximarmos de Deus. O pecado é superável pela
ação de Deus em Cristo. É a partir dessa ação que surge o imperativo de lutar
contra o pecado. Se o cristão se dá conta de que a sua comunhão com Deus foi
quebrada pelo pecado, deve recordar que Jesus Cristo é seu intercessor e
defensor diante do Pai. Mais ainda, que é o meio de expiação pelos pecados
cometidos.
Evangelho: Mateus 25, 1-13
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos:
O Reino do Céu será semelhante a dez virgens que, tomando as suas candeias,
saíram ao encontro do noivo. 2Ora, cinco delas eram insensatas e cinco
prudentes. 3As insensatas, ao tomarem as suas candeias, não levaram azeite
consigo; 4enquanto as prudentes, com as suas candeias, levaram azeite nas
almotolias. 5Como o noivo demorava, começaram a dormitar e adormeceram. 6A meio
da noite, ouviu-se um brado: ‘Aí vem o noivo, ide ao seu encontro!’ 7Todas
aquelas virgens despertaram, então, e aprontaram as candeias. 8As insensatas
disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas candeias
estão a apagar-se.’ 9Mas as prudentes responderam: ‘Não, talvez não chegue para
nós e para vós. Ide, antes, aos vendedores e comprai-o.’ 10Mas, enquanto foram
comprá-lo, chegou o noivo; as que estavam prontas entraram com ele para a sala
das núpcias, e fechou-se a porta. 11Mais tarde, chegaram as outras virgens e
disseram: ‘Senhor, senhor, abre-nos a porta!’ 12Mas ele respondeu: ‘Em verdade
vos digo: Não vos conheço.’ 13Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a
hora.”
A parábola de Jesus encerra uma dinâmica que
leva a um evento culminante: o encontro das virgens com o esposo, decisivo para
a sua felicidade ou infelicidade, irrevogável. Não sabemos quando será esse
encontro, mas sabemos como prepará-lo. A parábola pretende ajudar-nos na
preparação.
As virgens, prudentes ou imprudentes, adormecem todas. A nossa vida tem momentos de flexão, de abaixamento do fervor, de relaxamento espiritual. Quando o Senhor não está presente é sempre noite, e é fácil que as provações e as preocupações da vida nos distraiam, dificultando-nos estar vigilantes. Mas a vigilância, mais do que um estado físico ou mental, é uma atitude do coração. É o que nos indica o Cântico dos Cânticos: “Durmo, mas o meu coração vigia!” (5, 2). Para estar prontos, de lâmpadas acesas, havemos de frequentar o Evangelho, para com ele alimentarmos os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, a nossa ação, para vivermos a Palavra e perseverarmos na fé.
As virgens, prudentes ou imprudentes, adormecem todas. A nossa vida tem momentos de flexão, de abaixamento do fervor, de relaxamento espiritual. Quando o Senhor não está presente é sempre noite, e é fácil que as provações e as preocupações da vida nos distraiam, dificultando-nos estar vigilantes. Mas a vigilância, mais do que um estado físico ou mental, é uma atitude do coração. É o que nos indica o Cântico dos Cânticos: “Durmo, mas o meu coração vigia!” (5, 2). Para estar prontos, de lâmpadas acesas, havemos de frequentar o Evangelho, para com ele alimentarmos os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, a nossa ação, para vivermos a Palavra e perseverarmos na fé.
Meditatio
O v.1 do segundo capítulo da 1 Jo parece-nos
particularmente adequado à memória de Santa Catarina de Sena, que hoje
celebramos: “escrevo-vos estas coisas para que não pequeis” (2, 1). Como S.
João, Santa Catarina de Sena escreveu para que fosse evitado o pecado. Entre as
muitas cartas que escreveu, também se dirigiu aos padres para os incitar a
viver em maior fidelidade ao Senhor, evitando as desordens, que ela notava,
tais como a procura dos prazeres, o apego ao dinheiro… Ansiava por reconduzir
todos à vivência da vida cristã, à fidelidade a Cristo: “escrevo-vos estas
coisas para que não pequeis”. Mas, sobretudo, estava convencida de que Jesus
nos salvou pelo seu sangue, que temos um advogado junto do Pai, Jesus Cristo
justo, vítima de expiação pelos nossos pecados: “o sangue do seu Filho Jesus
purifica-nos de todo o pecado” (1 Jo 1, 8). Catarina tinha uma grande devoção
ao sangue de Cristo, e falava dele muito frequentemente: fogo e sangue, fogo e
sangue… Fogo do amor, alusão ao sangue de Cristo que nos cobre para nos lavar
dos nossos pecados e nos unir na caridade divina.
“Se caminhamos na luz, como Ele, que está na luz, então temos comunhão uns com os outros” (1 Jo 1, 7). Santa Catarina caminhava na luz. Mas a sua vida impecável não a separou dos pecadores, mas uniu-a profundamente a eles. Como aconteceu com tantas Santas, Catarina de Sena soube unir em si mesma a vocação de Marta e de Maria. Ao mesmo tempo, estava aos pés de Jesus, e mergulhada nas necessidades e lutas dos homens do seu tempo. Rezava, mas também se ocupava na reconciliação das fações em luta no seu país, de lançar a paz na igreja italiana, de fazer regressar o Papa de Avinhão a Roma, de que era bispo. Cuidou pessoalmente dos encarcerados, dos condenados, e andou por todo o lado. Vivia na paz do Senhor e na agitação do mundo.
Hoje apetece-nos deixar-nos iluminar pela sua luz e permanecer aos pés de Santa Catarina, reconhecer nela a “filha da luz” de que nos fala a Escritura, para que “vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu” (Mt 5, 16). Gostamos de contemplá-la na sua incansável caminha ao encontro da Igreja e de Cristo, para nos deixarmos envolver nesse mesmo movimento. Olhando-a, parece-nos repetir, ela mesma, como que um convite ou mandato: “Ide ao seu encontro!” (v. 6).
A exemplo de Santa Catarina de Sena, e conforme o desejo do P. Dehon, “sejam profetas do amor e servidores da reconciliação dos homens e do mundo em Cristo” (Cst 7).
“Se caminhamos na luz, como Ele, que está na luz, então temos comunhão uns com os outros” (1 Jo 1, 7). Santa Catarina caminhava na luz. Mas a sua vida impecável não a separou dos pecadores, mas uniu-a profundamente a eles. Como aconteceu com tantas Santas, Catarina de Sena soube unir em si mesma a vocação de Marta e de Maria. Ao mesmo tempo, estava aos pés de Jesus, e mergulhada nas necessidades e lutas dos homens do seu tempo. Rezava, mas também se ocupava na reconciliação das fações em luta no seu país, de lançar a paz na igreja italiana, de fazer regressar o Papa de Avinhão a Roma, de que era bispo. Cuidou pessoalmente dos encarcerados, dos condenados, e andou por todo o lado. Vivia na paz do Senhor e na agitação do mundo.
Hoje apetece-nos deixar-nos iluminar pela sua luz e permanecer aos pés de Santa Catarina, reconhecer nela a “filha da luz” de que nos fala a Escritura, para que “vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu” (Mt 5, 16). Gostamos de contemplá-la na sua incansável caminha ao encontro da Igreja e de Cristo, para nos deixarmos envolver nesse mesmo movimento. Olhando-a, parece-nos repetir, ela mesma, como que um convite ou mandato: “Ide ao seu encontro!” (v. 6).
A exemplo de Santa Catarina de Sena, e conforme o desejo do P. Dehon, “sejam profetas do amor e servidores da reconciliação dos homens e do mundo em Cristo” (Cst 7).
Oratio
Oh abismo, oh Trindade eterna, oh Divindade, oh
mar profundo! Que mais podíeis dar do que dar-Vos a Vós mesmo? Sois um fogo que
arde sempre e não se consome. Sois Vós que consumis com o vosso calor todo o
amor profundo da alma. Sois um fogo que dissipa toda frialdade e iluminais as
mentes com a vossa luz, aquela luz com que me fizestes conhecer a vossa
verdade… Sois a veste que cobre toda minha nudez; e alimentais a nossa fome com
a vossa doçura, porque sois doce sem qualquer amargor. Oh Trindade eterna. (S.
Catarina de Sena).
Contemplatio
Contemplatio
O coração da virgem de Sena partia-se diante dos
crimes do mundo e das paixões humanas, que se agitavam como ondas tumultuosas,
nos tempos difíceis em que vivia… Ela teria querido dar até à última gota do
seu sangue pelos interesses de Nosso Senhor. Consumia a sua vida nas
austeridades e na oração, oferecendo-se como que vítima das iniquidades da
terra. Suportou longos sofrimentos, que somente a comunhão acalmava um pouco.
Da quarta-feira de cinzas ao dia da Ascensão, não tomava nenhum alimento exceto
a adorável Eucaristia. Nosso Senhor deu-lhe os seus estigmas sem os deixar
aparecer. Exercia a caridade com heroísmo para com os pobres e os doentes. Um
dia em que a sua natureza estava revoltada à vista de uma úlcera repugnante,
levou até lá os lábios para vencer a sua sensibilidade. Nosso Senhor
apareceu-lhe na noite seguinte, e para a recompensar descobriu-lhe a chaga do
seu lado e permitiu-lhe que lhe aplicasse a sua boca. Nosso Senhor apresentou à
sua escolha uma coroa de ouro enriquecida de pedrarias e uma coroa de espinhos.
Ela escolheu a coroa de espinhos, a coroa da reparação. A humilde religiosa
consumiu-se em caminhadas penosas para fazer cessar o cisma do Ocidente.
Convenceu o Papa Gregório XI a deixar Avinhão para voltar a Roma. Ofereceu a
sua vida pelo bem da Igreja e morreu santamente no dia 29 de Abril de 1382.
(Leão Dehon, OSP 2, p. 494s.).
Actio
Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
“Escrevo-vos estas coisas para que não pequeis” (1 Jo 2, 1).
“Escrevo-vos estas coisas para que não pequeis” (1 Jo 2, 1).
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S. Catarina de Sena, virgem e doutora da igreja,
padroeira da Europa (29 de Abril)
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