24/04/2016
05º Domingo do
tempo Pascal - Ano C
TEMA
O tema
fundamental da liturgia deste domingo é
o do amor: o que identifica os
seguidores de Jesus é a capacidade de amar até ao dom total da vida.
No Evangelho,
Jesus despede-Se dos seus discípulos e deixa-lhes em testamento o
“mandamento novo”:
“amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”. É nessa entrega radical da vida
que se cumpre a vocação cristã e que se dá testemunho no mundo do amor materno
e paterno de Deus.
Na primeira
leitura apresenta-se a vida dessas
comunidades cristãs chamadas a
viver no
amor. No meio das vicissitudes e das crises, são comunidades fraternas, onde os
irmãos se ajudam, se fortalecem uns aos outros nas dificuldades, se amam e dão
testemunho do amor de Deus. É esse projecto que motiva Paulo e Barnabé e é essa
proposta que eles levam, com a generosidade de quem ama,
aos confins da Ásia Menor.
A segunda
leitura apresenta-nos a meta final para onde caminhamos: o novo céu e
a nova terra, a realização da utopia, o rosto final dessa comunidade
de chamados a viver no amor.
LEITURA I
– Actos 14,21b-27
Naqueles dias,
Paulo e
Barnabé voltaram a Listra, a Icónio e a Antioquia. Iam fortalecendo as almas
dos discípulos
e exortavam-nos
a permanecerem firmes na fé,
«porque –
diziam eles – temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no reino de
Deus».
Estabeleceram anciãos
em cada Igreja,
depois de
terem feito orações acompanhadas de jejum,
e encomendaram-nos
ao Senhor, em quem tinham acreditado. Atravessaram então a Pisídia e chegaram à
Panfília;
depois, anunciaram
a palavra em Perga e desceram até Atalia.
De lá
embarcaram para Antioquia,
de onde
tinham partido, confiados na graça de Deus, para a obra que acabavam de
realizar.
À chegada,
convocaram a Igreja,
contaram tudo
o que Deus fizera com eles e como abrira aos gentios a porta da fé.
AMBIENTE
Vimos, no
passado domingo, como o entusiasmo missionário da comunidade cristã de
Antioquia da Síria lançou Paulo e Barnabé para a missão
e como a Boa Nova de Jesus alcançou, assim, a ilha de Chipre e as costas
da Ásia Menor…
A leitura
de hoje apresenta-nos a conclusão dessa primeira viagem
missionária de
Paulo e
de Barnabé: depois de chegarem a Derbe, voltaram para trás, visitaram as
comunidades entretanto fundadas (Listra, Icónio,
Antioquia da Pisídia e Perge) e embarcaram de
regresso à cidade de onde tinham
partido para a missão. Estes sucessos desenrolam-se
entre os anos 46 e 49.
MENSAGEM
No texto
que nos é proposto, transparecem os traços fundamentais que marcaram a vida e a
experiência dos primeiros grupos cristãos: o entusiasmo dos primeiros
missionários, que permite afrontar e vencer os perigos e as incomodidades para
levar a todos os homens a boa notícia dessa libertação que Cristo veio propor;
as palavras de consolação que fortalecem a fé e ajudam a enfrentar as perseguições
(vers. 22a); o apoio mútuo (vers. 23b); a oração (vers. 23b.c).
Sobretudo, este
texto acentua a ideia de que a missão não foi uma obra puramente humana, mas
foi uma obra de Deus. No início da aventura missionária já se havia
sugerido que o envio de Paulo e Barnabé
não era apenas iniciativa da Igreja
de Antioquia, mas uma acção do Espírito (cf. Act 13,2-3); foi esse mesmo
Espírito que acompanhou e guiou os missionários a cada passo da sua viagem. E
aqui repete-se que o autêntico actor da conversão dos pagãos é Deus e não os
homens (cf. vers. 27). Verdadeira novidade no
contexto da missão é a
instituição de dirigentes ou responsáveis
(“anciãos” – em grego, “presbíteros”), que aparecem aqui pela primeira vez fora
da Igreja de Jerusalém. Correspondem, provavelmente, aos “conselhos de anciãos”
que estavam à frente das comunidades judaicas. Os “Actos” não explicitam as
funções exactas destes dirigentes e animadores das Igrejas; mas o discurso de
despedida que Paulo faz aos anciãos de Éfeso parece confiar-lhes o cuidado de
administrarem, de vigiarem e de defenderem a comunidade face aos perigos
internos e externos (cf. Act 20,28-31). Em todo o caso, convém recordar
que os ministérios eram algo subordinado dentro da organização e da vida da primitiva
comunidade; não eram valores absolutos em si mesmo, mas só existiam e só tinham
sentido em função da comunidade.
ACTUALIZAÇÃO
Para reflectir,
partilhar e actualizar este texto, considerar as seguintes linhas:
♦ Como é que
vivem as nossas comunidades cristãs?
Notamos nelas o mesmo empenho missionário dos inícios?
Há partilha fraterna e preocupação em ir ao encontro dos mais débeis, em
apoiá-los e ajudá-los a superar as crises e as angústias? São comunidades
que se fortalecem com uma vida de oração e de diálogo com Deus?
♦ Temos consciência
de que por detrás do nosso trabalho e do nosso testemunho está Deus? Temos
consciência de que o anúncio do Evangelho não é uma obra nossa, na qual expomos
as nossas ideias e a nossa ideologia, mas é obra de Deus?
Temos consciência de que não nos pregamos a nós próprios, mas a
Cristolibertador?
♦Para aqueles
que têm responsabilidades de direcção ou de animação das comunidades: a missão
que lhes foi confiada não é um privilégio, mas um serviço que está subordinado
à construção da própria comunidade. A comunidade
não existe para servir quem preside; quem
preside é que existe em função da
comunidade e do serviço comunitário.
SALMO RESPONSORIAL
– Salmo 144
Refrão 1:
Louvarei para sempre o vosso nome, Senhor, meu Deus
e meu Rei.
Refrão 2:
Aleluia.
O Senhor
é clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade.
O Senhor
é bom para com todos
e a
sua misericórdia se estende a todas as criaturas.
Graças Vos
dêem, senhor, todas as criaturas e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a
glória do vosso reino
e anunciem
os vossos feitos gloriosos.
Para darem
a conhecer aos homens o vosso poder, a glória e o esplendor do vosso reino.
O vosso
reino é um reino eterno,
o vosso
domínio estende-se por todas as gerações.
LEITURA II
– Ap 21,1-5a
Eu, João,
vi um novo céu e uma nova terra,
porque o
primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia.
Vi também
a cidade santa, a nova Jerusalém,
que descia
do Céu, da presença de Deus,
bela como
noiva adornada para o seu esposo. Do trono ouvi uma voz forte que dizia:
«Eis a
morada de Deus com os homens.
Deus habitará
com os homens:
eles serão
o seu povo
e o
próprio Deus, no meio deles, será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas
dos seus olhos;
nunca mais
haverá morte nem luto, nem gemidos nem dor, porque o mundo antigo desapareceu».
Disse então
Aquele que estava sentado no trono:
«Vou renovar
todas as coisas».
AMBIENTE
Depois de
descrever o confronto entre Deus e as forças do mal e a vitória final de Deus,
o autor do “Apocalipse” apresenta o ponto de chegada da história humana: a
“nova terra e o novo céu”; aí, os
que se mantiveram fiéis ao “cordeiro”
(Jesus) encontrarão a vida em plenitude. É o culminar da caminhada da
humanidade, a meta última da nossa história.
Esse mundo
novo é, simbolicamente, apresentado em dois quadros (cf. Ap 21,1-8
e21,9-22,5). A leitura que hoje nos é proposta apresenta-nos o primeiro
desses quadros (o outro ficará para o próximo domingo). É o quadro do novo céu
e da nova terra – um quadro que apresenta a última fase da obra regeneradora de
Deus e que aparece já em Is 65,17 e em 66,22. Também se encontra esta
imagem abundantemente representada na literatura apocalíptica (cf.
Henoch, 45,4-5; 91,16; 4 Esd 7,75), bem como em certos textos do Novo
Testamento (cf. Mt 19,28; 2 Pe 3,13).
MENSAGEM
Neste primeiro
quadro, o profeta João chama a essa nova realidade nascida da vitória de Deus a
“Jerusalém que desce do céu”. Jerusalém é, no universo religioso e cultural do
povo bíblico, a cidade santa por excelência, o lugar onde Deus reside, o espaço
onde vai irromper e onde se manifestará em definitivo a salvação de Deus.
A“nova Jerusalém” é, portanto, o lugar da salvação definitiva, o lugar do
encontro definitivo entre Deus e o seu Povo.
No contexto
da teologia do Livro do Apocalipse, esta
cidade nova, onde encontra guarida o Povo vitorioso dos
“santos”, designa a Igreja, vista como comunidade escatológica, transformada e
renovada pela acção salvadora e libertadora de Deus na história. Dizer que ela
“desce do céu” significa dizer que se trata de uma realidade que vem de Deus e
tem origem divina; ela é uma absoluta criação da graça de Deus, dom definitivo
de Deus ao seu Povo.
Esta nova
realidade instaura, consequentemente, uma nova ordem de coisas e exigeque tudo
o que é velho seja transformado. O mar, símbolo e resíduo do caos primitivo e
das potências hostis a Deus, desaparecerá;
a velha terra, cenário da conduta pecadora
do homem, vai ser transformada e recriada (vers. 1).A partir daí,
tudo será novo, definitivo, acabado, perfeito.
Quando esta
realidade irromper, celebrar-se-á o casamento definitivo entre
Deus e a humanidade transformada (a
“noiva adornada para o
esposo”). Na linguagem profética, o casamento é um
símbolo privilegiado da aliança. Realiza-se, assim, o ideal da aliança (cf. Jer
31,33-38; Ez 37,27): Deus e o seu Povo consumam a sua história de
intimidade e de comunhão; Deus passará a residir de forma permanente e estável
no meio do seu Povo, como o noivo que se junta à sua amada e com ela partilha a
vida e o amor. A longa história de amor entre Deus e o seu Povo será uma
história de amor com um final feliz. Serão definitivamente banidos do horizonte
do homem a dor, as lágrimas, o sofrimento e a morte e restarão a alegria, a harmonia
e a felicidade sem fim.
ACTUALIZAÇÃO
Para a
reflexão desta Palavra, considerar os seguintes dados:
♦ O testemunho
profético de João garante-nos que não
estamos destinados ao fracasso, mas sim à vida plena, ao
encontro com Deus, à felicidade sem fim. Esta esperança tem de iluminar a nossa
caminhada e dar-nos a coragem de enfrentar os dramas e as crises que dia a dia
se nos apresentam.
♦ A Igreja
de que fazemos parte tem de procurar ser um anúncio dessa comunidade
escatológica, uma “noiva” bela e que caminha com amor ao encontro de Deus, o
amado. Isto significa que o egoísmo, as divisões, os conflitos, as lutas pelo
poder, têm de ser banidos da nossa experiência eclesial: eles são chagas que
desfeiam o rosto da Igreja e a impedem de dar testemunho do mundo novo que nos
espera.
♦ É verdade
que a instauração plena do “novo céu e da nova terra” só acontecerá quando
o mal for vencido em definitivo; mas essa nova realidade
pode e deve começar desde já: a ressurreição de Cristo
convoca-nos para a renovação das nossas vidas, da nossa comunidade
cristã ou religiosa, da sociedade e das suas estruturas, do mundo em que
vivemos (e que geme num violento esforço de libertação ).
ALELUIA– Jo 13,34
Aleluia. Aleluia.
Dou-vos um
mandamento novo, diz o Senhor:
amai-vos uns
aos outros, como Eu vos amei.
EVANGELHO –
Jo 13,31-33a.34-35
Quando Judas
saiu do cenáculo, disse Jesus aos seus discípulos:
«Agora foi
glorificado o Filho do homem
e Deus
glorificado n’Ele.
Se Deus
foi glorificado n’Ele,
Deus também
O glorificará em Si mesmo e glorificá-l’O-á sem demora.
Meus filhos,
é por pouco tempo que ainda estou convosco. Dou-vos um mandamento novo:
que vos
ameis uns aos outros. Como Eu vos amei,
amai-vos também
uns aos outros.
Nisto conhecerão
todos que sois meus discípulos:
se vos
amardes uns aos outros».
AMBIENTE
Estamos na
fase final da caminhada histórica do “Messias”. Aproxima-se a “Hora”, o momento
em que vai nascer – a partir do testemunho do amor total cumprido na cruz – o
Homem Novo e a nova comunidade.
O contexto
em que este trecho nos coloca é o de uma ceia, na qual Jesus Se despede dos
discípulos e lhes deixa as últimas recomendações. Jesus acabou de lavar os pés
aos discípulos (cf. Jo 13,1-20) e de anunciar à comunidade desconcertada a
traição de um do grupo (cf. Jo 13,21-30); nesses quadros, está presente o seu amor
(que se faz serviço simples e humilde no episódio da lavagem dos pés e que se
faz amor que não julga, que não condena, que não limita a liberdade
e que se dirige até ao inimigo mortal, na referência a Judas, o traidor).
Em seguida, Jesus vai dirigir aos discípulos palavras de despedida; essas suas
palavras – resumo coerente de uma vida feita de amor e partilha – soam a
testamento final. Trata-se de um momento muito solene; é a altura em que não há
tempo nem disposição para “conversa fiada”: aproxima-se o fim e é preciso
recordar aos discípulos aquilo que é mesmo
fundamental na proposta cristã.
MENSAGEM
O texto
divide-se em duas partes. Na primeira parte (vers. 31-32), Jesus interpreta a
saída de Judas, que acabou de deixar
a sala onde o grupo está reunido, para
ir entregar o “mestre” aos seus inimigos.
A morte é, portanto, uma realidade
bem próxima… Jesus explica, na sequência, que a sua morte na cruz será a
manifestação da sua glória e da glória do Pai. O termo "doxa" aqui
utilizado traduz o hebraico
“kabod” que
pode entender-se como “riqueza”, “esplendor”. A “riqueza”, o “esplendor” do Pai
e de Jesus manifesta-se, portanto, no amor que se dá até ao extremo, até ao dom
total. É que a “glória” do Pai e de Jesus não se manifesta no triunfo
espectacular ou na violência que aniquila os
maus, mas manifesta-se na vida dada,
no amor oferecido até ao extremo.
A entrega de Jesus na cruz vai
manifestar a todos os homens a lógica de Deus e mostrar
a todos como Deus é: amor radical, que se faz dom até às últimas consequências.
Na segunda
parte (vers. 33a.34-35) temos, então, a apresentação do “mandamento
novo”. Começa com a expressão “meus filhos” (vers. 33a) – o que nos coloca num
quadro de solene emoção e nos leva ao “testamento” de um pai que, à beira da
morte, transmite aos seus filhos a sua sabedoria de vida e aquilo que é
verdadeiramente fundamental.
Qual é, portanto, a
última palavra de Jesus aos seus, o seu ensinamentofundamental?
“Amai-vos uns
aos outros. Como Eu vos amei, vós deveis também amar-vos uns aos outros”. O
verbo “agapaô” (“amar”) aqui utilizado define, em João, o amor que faz dom de
si, o amor até ao extremo, o amor que não guarda nada para si mas é entrega
total e absoluta. O ponto de referência no amor é o próprio Jesus (“como Eu vos
amei”); as duas cenas precedentes (lavagem dos
pés aos discípulos e despedida de
Judas) definem a qualidade desse amor que
Jesus pede aos seus: “amar” consiste
em acolher, em pôr-se ao serviço dos outros, em dar-lhes dignidade e
liberdade pelo amor (lavagem dos pés), e isso sem limites nem discriminação
alguma, respeitando absolutamente a liberdade do outro (episódio de Judas).
Jesus é a norma, não com palavras, mas com actos; mas agora traduz em palavras
os seus actos precedentes, para que os discípulos tenham uma referência.
O amor
(igual ao de Jesus) que os discípulos manifestam entre si será visível
para
todos os
homens (vers. 35). Esse será
o distintivo da comunidade de Jesus.
Os discípulos de Jesus não são os depositários de uma doutrina ou de uma
ideologia, ou os observantes de leis, ou os fiéis cumpridores de ritos; mas são
aqueles que, pelo amor que partilham, vão ser um sinal vivo do Deus que ama. Pelo
amor, eles serão no mundo sinal do Pai.
ACTUALIZAÇÃO
Considerar, na
reflexão da Palavra, as seguintes linhas:
♦ A proposta
cristã resume-se no amor. É o amor
que nos distingue, que nos identifica; quem não
aceita o amor, não pode ter qualquer pretensão de integrar a comunidade de
Jesus. O que é que está no centro da nossa experiência cristã? A nossa religião
é a religião do amor, ou é a religião das leis, das exigências, dos ritos
externos? Com que força nos impomos no mundo – a força do amor, ou a força da
autoridade prepotente e dos privilégios?
♦ Falar de
amor hoje pode ser equívoco… A palavra “amor” é, tantas vezes, usada para
definir comportamentos egoístas, interesseiros, que usam o outro, que fazem
mal, que limitam horizontes, que roubam a liberdade… Mas o amor de que Jesus
fala é o amor que acolhe, que se
faz serviço, que respeita a dignidade
e a liberdade do outro, que não discrimina nem marginaliza, que se
faz dom total (até à morte) para que o outro tenha mais vida. É este o amor que
vivemos e quepartilhamos?
♦ Por um
lado, a comunidade de Jesus tem de testemunhar, com gestos concretos, o amor de
Deus; por outro, ela tem de demonstrar que a utopia é possível e que os homens
podem ser irmãos. É esse o nosso testemunho de comunidade cristã oureligiosa? Nos
nossos comportamentos e atitudes uns para
com os outros, os homens descobrem a presença do
amor de Deus no mundo? Amamos mais do que os outros e
interessamo-nos mais do que eles pelos
pobres e pelos que sofrem?
ALGUMAS SUGESTÕES
PRÁTICAS
PARA O
5º DOMINGO DO TEMPO PASCAL
(adaptadas de
“Signes d’aujourd’hui”)
1. A
PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos
dias da semana anterior ao 5º Domingo do Tempo Pascal,
procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente,
uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a
meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres,
num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa…
Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra
de Deus.
2. O
ACOLHIMENTO FRATERNO.
Neste domingo,
em que o Ressuscitado nos dá o mandamento novo, não seria uma boa ocasião, para
aqueles que preparam a liturgia, de verem se a comunidade está suficientemente
atenta ao acolhimento fraterno de todos e de cada um no seio da celebração? As
maneiras de fazer podem ser diversas, mas a exigência é a mesma:
«Nisto conhecerão
todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros».
3. ORAÇÃO
NA LECTIO DIVINA.
Na meditação
da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das
leituras com a oração.
No final
da primeira leitura:
Deus, Pai
do teu novo Povo, nós Te bendizemos por toda a obra que cumpriste com Paulo e
Barnabé. Através deles, abriste às nações pagãs, de quem descendemos, a porta
da fé.
Nós Te
pedimos pelos pastores das Igrejas, a
fim de que cheguem a designar
“anciãos” como
guias em todas as tuas comunidades.
No final
da segunda leitura:
Deus que
estás sentado no trono e que fazes novas todas as coisas, Pai do teu Povo, nós
Te louvamos pela nova Jerusalém, a tua morada no meio dos homens, que se
realiza cada vez que Te rezamos.
Nós Te
confiamos os nossos irmãos e irmãs que estão em provação: que chegue o dia em
que Tu lhes enxugarás as lágrimas dos seus olhos dissipando toda a tristeza.
No final
do Evangelho:
Guiados pelo
teu Espírito, nós Te glorificamos, Pai, com o teu Filho Jesus. Nós Te
bendizemos pela teu glória, que é a tua presença vivificante, e na qual Tu
comunicas connosco pela Palavra e pelo Pão.
Nós Te
pedimos: que o teu Espírito nos fortaleça, para que possamos viver segundo o
mandamento novo que nos deste pela palavra e pela vida do teu Filho Jesus.
4. BILHETE
DE EVANGELHO.
Antes de
conhecer o abaixamento da sua Paixão e da sua morte, Jesus faz perceber aos
seus discípulos o peso, a glória da sua vida. Ele passou fazendo o bem, só
pregou o Amor, fez milagres por amor, deu o exemplo do amor dando-nos a maior
prova. É tudo isso que tem peso aos olhos de Deus, tal é a sua glória. E já
durante a última ceia, Ele anuncia a sua ressurreição predizendo
que proximamente Ele não estará mais entre eles,
do mesmo modo como está no momento em
que lhes fala, mas tornar-Se-á presente através do amor
que os seus discípulos terão uns para com os outros: que eles se amem como Ele
os amou! Este amor será o sinal pelo qual serão reconhecidos como seus
discípulos. Jesus não quer que tudo pare com a sua partida, serão os seus
discípulos que O tornarão presente se se amarem como Ele os amou… se forem
servos como Ele foi servo para lhes dar o exemplo… se refizerem os gestos e
disserem as palavras da última ceia… Isto para fazer memória d’Ele, isto é,
recordar- se, tornar presente, esperar o seu regresso… se eles O reconhecem, a
Ele o Senhor, sob os traços do mais pequeno entre os irmãos. Jesus de Nazaré já
não está entre nós, mas Cristo ressuscitado está bem no meio de nós, hoje. Há
que reconhecê-l’O para O testemunhar pelo amor!
5. À
ESCUTA DA PALAVRA.
“Dou-vos um
mandamento novo: que vos ameis uns aos outros”. Que bela novidade! Como se
fosse Jesus a inventar o amor! Os homens e as mulheres não esperaram que Jesus
viesse para saber um pouco o sentido da palavra “amor” e do verbo “amar”!
Aliás, o mandamento de “amar o seu próximo como a si mesmo”
encontra-se já no Livro do Levítico. Então, como compreender esta
“novidade”? O próprio Jesus dá-nos a chave: “Como Eu vos amei, amai-vos também
uns aos outros”. Só olhando Jesus saberemos como Ele nos amou. A sua própria
vida é uma prática desta palavra. E isto vai para além daquilo que,
humanamente, podemos fazer. Ele diz-nos para perdoar setenta vezes sete, isto
é, sem colocar qualquer limite ao perdão. “Amai os vossos inimigos e rezai
pelos vossos perseguidores”… “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”…
São João escreve que “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao
fim”, isto é, até à plenitude do amor cuja Fonte é o seu Pai. Sim, a maneira de
Jesus nos amar ultrapassa a nossa maneira de amar. Neste sentido, o amor
que Ele nos convida a viver entre nós é mesmo novo! Mas há mais! Porque as
exigências de um tal amor podem parecer
desmedidas, fora do nosso alcance, e
deixar-nos no desespero: nunca chegaremos aí! Ora, é preciso compreender bem o
“como Eu vos amei”. Jesus não nos diz: “Eu amei-vos. Agora, desenrascai-vos,
fazei esforço para Me imitar!” Ele diz-nos: “Como Eu, que vos amo e vos dou o
amor infinito do Pai, deixai-vos amar, como uma criança que se deixa tomar nos
braços da sua mãe e do seu pai. Vinde até Mim. Àquele que vem até Mim, não o
abandonarei. Então, poderei derramar sobre vós a força do próprio Amor
que é Deus. Assim, encontrareis a força para ir para além das capacidades
humanas, podereis, dia após dia, aprender a amar-vos como Eu vos amo”. Sim,
Senhor, quero ir para junto de Ti, porque tens as palavras da vida eterna!
6. ORAÇÃO
EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher
a Oração Eucarística III para a Assembleia com Crianças.
7. PALAVRA
PARA O CAMINHO.
«Como Eu
vos amei”. Exigência deste “como”… porque Jesus não fingiu amar-nos! No caminho
desta semana, vou encontrar homens, mulheres, jovens, crianças… Como vou amá-los
“como Jesus”? Isto é, sem fingimentos,
gratuitamente, sinceramente, dando-me a eles com o melhor de mim
mesmo… A nossa vida de baptizados deve ser sinal no meio da
descrença e da indiferença do mundo. Segundo o amor que teremos uns para com os
outros… todos verão que somos discípulos de Cristo!
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