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terça-feira, 26 de abril de 2016

JESUS NOS DEIXA SUA PAZ – Maria de Lourdes Cury Macedo


Domingo, 24 de abril de 2016.
Evangelho de São Jo 14,23-29

         Este trecho faz parte do discurso de despedida de Jesus ocorrido na 5ª feira Santa, quando Jesus ceou com os apóstolos pela última vez, lavou os pés deles, transformou o pão em seu corpo e o vinho no seu sangue, deu a todos para comer e beber. Falou que um deles o haveria de trair. E logo que Judas o traidor saiu para o trair, Jesus começou suas despedidas.  Jesus sabia que iria morrer e que iria para junto do Pai, sabia que iria se separar dos amigos, seus apóstolos e quer fazer as últimas recomendações aos seus discípulos para os fortalecer, para que eles não desanimassem e nem dispersassem, quer esclarecer sobre o que ainda iria acontecer.
          “Quem não me ama não guardará as minhas Palavras. E, no entanto, a Palavra que vocês acabam de ouvir não é minha, mas do Pai que me enviou”.(23-24)Jesus foi claro, Ele nos ensina que se alguém o ama, guarda sua Palavra.
O que significa guardar a sua Palavra? Significa ouvir, estudar, colocá-la no coração e vivê-la, isto é, praticá-la. Provamos o amor com nossas obras, com nosso jeito de ser, pensar e agir. Quem ama a Deus não permanece parado, mas faz alguma coisa, atua, realiza alguma coisa para o irmão.
         Guardar a Palavra é ter a Palavra no coração para agir na vida conforme ela fala. Quem tem a Palavra no coração está assimilando o modo de ser de Jesus. Guardar a palavra é estar em comunhão com o Pai e total entrega de si mesmo aos irmãos, ao próximo.
         Guardar a Palavra não é pegar a Bíblia e guardá-la numa gaveta, bem guardada. Não, é estudar esta Palavra, amá-la, obedecê-la, ouvi-la e colocá-la no coração para segui-la.
         Vejamos uns exemplos: a Palavra nos pede que pratiquemos os mandamentos da lei de Deus, então vamos nos esforçar para praticá-los. Ela nos pede que não façamos pecado, então vamos deixar a vida de pecado, de erro, de vícios que nos afastam de Deus. A Palavra nos pede que participemos da missa, então vamos participar com atenção. Isto é guardar a palavra, conhecê-la, amá-la e vivê-la. A palavra nos pede que pratiquemos a justiça, o amor, a fraternidade, que perdoemos, que não julguemos, então vamos obedecê-la.
         Nós somos a morada de Deus, isto é, Deus mora no coração de cada cristão que guarda a sua Palavra. Cada pessoa que aderiu a Jesus pela fé é morada de Deus. Deus mora no coração de quem o ama; habita nele como se fosse um templo vivo e de modo permanente, isto é, sempre. Quem guarda a Palavra tem Deus no coração.
         Deus não se manifesta ao mundo, pois o mundo não observa seus preceitos, suas leis, portanto, não o ama. Ele se manifesta aos que o amam. Essa manifestação é espiritual e feita em recompensa às boas obras e disposições. Quem ama a Cristo recebe-O. Quem o despreza afasta-O. Quem está com ele está bem. Quem se afasta dele não tem paz.
“Digo-lhes isto, enquanto estou com vocês; mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, há de ensinar-lhes todas as coisas e lembrá-los de tudo o que lhes disse.” V. 25-26
         Jesus veio ao mundo e nos deixou inúmeros ensinamentos. Cumpriu sua missão. Prometeu enviar o Espírito Santo que viria para ensinar tudo e confirmar tudo o que Jesus ensinou. Jesus conhece nossa natureza, sabe que somos ignorantes, e esquecemos muito do que aprendemos. Mas o Espírito Santo instrui tudo o que for necessário. Por isso o Pai em nome de Jesus, envia o Esp. Santo sobre os Apóstolos no dia de Pentecostes. E eles a partir daquele dia, compreenderam de maneira nítida, clara e profunda todas as verdades ensinadas por Jesus.
         Antes dos Apóstolos receberem o Espírito Santo eles estavam cheios de medo e perturbados por causa da partida de Jesus. Só em pensar que Jesus iria morrer eles se sentiam assustados, paralisados, inertes.
         Como Jesus poderia confiar a essa gente medrosa e inerte o seu projeto, a sua missão? Como eles poderiam ser a continuação de Cristo, com tanto medo?
         Jesus, conhecendo a fraqueza humana, envia o Esp. Santo para fortalecer, esclarecer, instruir, ensinar, fazer lembrar todas as palavras e gestos de Jesus. O Espírito Santo é a memória atualizada das ações de Cristo em todos os tempos e lugares.
         Pela presença do Esp. Santo os apóstolos terão vivos na memória as ações de Cristo para poderem levar o Cristo a todos. Pelo Espírito Santo, as comunidades cristãs terão condições de fazer com que a Palavra de Deus ilumine as situações presentes, apontando os caminhos de libertação e vida para todos.
         E não só nos primeiros tempos como também até hoje, em todos os tempos e lugares o Esp. Santo continua a iluminar, a ensinar, a falar, a esclarecer, inspirar os cristãos para distinguir o que leva à vida e constrói o Reino de Deus, daquilo que não leva à vida, daquilo que é fruto do egoísmo e conduz à morte.
          “Eu lhes deixo a paz, eu lhes dou a minha paz. Não lhes dou a paz como o mundo a dá. Não se perturbem nem fiquem com medo em seus corações!” (27)
         Num clima de tristeza e de medo por parte dos discípulos, Jesus tem palavras de paz e alegria.
         Jesus está para morrer e dá a paz aos seus criando uma união entre o homem e Deus e estabelece a paz no coração do homem, fazendo com que o espírito seja superior à matéria, superior a carne. De forma que o nosso espírito é superior a nossa carne.
         Quando realmente existe essa paz com Deus, com o próximo e consigo mesmo, há uma tranquilidade e felicidade sobrenatural. E essa paz que Jesus dá é sentida no meio dos sofrimentos e provações, na calma ou nas agitações da vida.
         Jesus disse: “Eu lhes dou a minha paz”. A paz que Jesus dá é uma paz interior. Consiste na certeza da amizade de Deus. Quem tem essa paz, mesmo no meio das perseguições, nas tempestades da vida, conserva-se tranquilo e confiante. Essa paz fará com que haja harmonia e compreensão entre os cristãos. É a única coisa capaz de dar sentido à nossa vida.
         Pela fé em Cristo, o cristão entra em comunhão de amor com o Pai. Essa fé em Cristo é a paz que o Espírito Santo nos dá. O amor é tudo em nossa vida: é a paz, é a felicidade.
         A paz que Jesus nos dá é o oposto a paz que o mundo nos dá, a paz do mundo é voltada para o material. A paz que o mundo entende é uma vida tranquila, ter um bom ordenado, ter dinheiro, conforto, prazeres. É claro que estes confortos proporcionam momentos de paz. Só que essa paz não é profunda, estável e vai terminar, pode terminar. E quando termina deixa um gosto ruim, um vazio insuportável no coração.
         A paz de Jesus é diferente da paz do mundo. É uma paz de dever cumprido com Deus e com o próximo. A paz de Jesus é para aqueles que rezam e vivem de acordo com o Evangelho. É a paz da consciência tranquila, de viver o amor, a partilha, a fraternidade, a justiça, a honestidade, de se esforçar para viver de acordo com os ensinamentos de Jesus.
         A paz de Jesus comunica tranquilidade e alegria, em meio às maiores tribulações e sacrifícios, e dá ao nosso coração a esperança certa do prêmio que receberemos no céu. Essa paz leva-nos a dizer Como São Paulo: “Combati o bom combate, cheguei ao fim de minha carreira, guardei a fé. Resta-me agora receber a coroa da justiça que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos aqueles que aguardam com amor a sua Aparição”.. ( 2Tm 4, 7)
         A paz que Jesus nos dá já é sentida e vivida não só no fim de nossas vidas, mas durante a nossa vida, na vida de cada um de nós, no dia-a-dia. Podemos desde já perfeitamente experimentar a paz, que Jesus nos dá.
         Abraços em Cristo!


         Maria de Lourdes

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