Domingo, 24 de
abril de 2016.
Evangelho de São Jo
14,23-29
Este trecho faz parte do
discurso de despedida de Jesus ocorrido na 5ª feira Santa, quando Jesus ceou
com os apóstolos pela última vez, lavou os pés deles, transformou o pão em seu
corpo e o vinho no seu sangue, deu a todos para comer e beber. Falou que um
deles o haveria de trair. E logo que Judas o traidor saiu para o trair, Jesus
começou suas despedidas. Jesus sabia que iria morrer e que iria para
junto do Pai, sabia que iria se separar dos amigos, seus apóstolos e quer fazer
as últimas recomendações aos
seus discípulos para os fortalecer, para que eles não desanimassem e nem
dispersassem, quer esclarecer sobre o que ainda iria acontecer.
“Quem não me ama não guardará as minhas Palavras.
E, no entanto, a Palavra que vocês acabam de ouvir não é minha, mas do Pai que
me enviou”.(23-24)Jesus foi claro, Ele nos ensina que se alguém o ama,
guarda sua Palavra.
O que significa guardar a sua Palavra? Significa ouvir, estudar,
colocá-la no coração e vivê-la, isto é, praticá-la. Provamos o amor com nossas
obras, com nosso jeito de ser, pensar e agir. Quem ama a Deus não permanece
parado, mas faz alguma coisa, atua, realiza alguma coisa para o irmão.
Guardar a Palavra é ter a Palavra no coração para agir na vida conforme ela fala. Quem tem a Palavra no
coração está assimilando o modo de ser de Jesus. Guardar a palavra é estar em
comunhão com o Pai e total entrega de si mesmo aos irmãos, ao próximo.
Guardar a Palavra não é pegar a Bíblia e guardá-la numa
gaveta, bem guardada. Não, é estudar esta Palavra, amá-la, obedecê-la, ouvi-la
e colocá-la no coração para segui-la.
Vejamos uns exemplos: a Palavra nos pede que pratiquemos os
mandamentos da lei de Deus, então vamos nos esforçar para praticá-los. Ela nos
pede que não façamos pecado, então vamos deixar a vida de pecado, de erro, de
vícios que nos afastam de Deus. A Palavra nos pede que participemos da missa,
então vamos participar com atenção. Isto é guardar a palavra, conhecê-la, amá-la e vivê-la. A palavra nos pede que pratiquemos a justiça, o amor, a
fraternidade, que perdoemos, que não julguemos, então vamos obedecê-la.
Nós somos a morada de
Deus, isto é, Deus mora no coração de
cada cristão que guarda a sua Palavra. Cada pessoa que aderiu a Jesus
pela fé é morada de Deus. Deus mora no coração de quem o ama; habita nele como
se fosse um templo vivo e de modo permanente, isto é, sempre. Quem guarda a
Palavra tem Deus no coração.
Deus não se manifesta ao mundo, pois o mundo não observa seus preceitos, suas leis,
portanto, não o ama. Ele se manifesta aos que o amam. Essa manifestação é
espiritual e feita em recompensa às boas obras e disposições. Quem ama a Cristo
recebe-O. Quem o despreza afasta-O. Quem está com ele está bem. Quem se afasta
dele não tem paz.
“Digo-lhes isto, enquanto estou com vocês; mas o Consolador, o
Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, há de ensinar-lhes todas as
coisas e lembrá-los de tudo o que lhes disse.” V. 25-26
Jesus veio ao mundo e nos
deixou inúmeros ensinamentos. Cumpriu sua missão. Prometeu enviar o Espírito
Santo que viria para ensinar tudo e confirmar tudo o que Jesus ensinou. Jesus
conhece nossa natureza, sabe que somos ignorantes, e esquecemos muito do que
aprendemos. Mas o Espírito Santo instrui tudo o que for necessário. Por isso o
Pai em nome de Jesus, envia o Esp. Santo sobre os Apóstolos no dia de
Pentecostes. E eles a partir daquele dia, compreenderam de maneira nítida, clara e profunda todas as verdades
ensinadas por Jesus.
Antes dos Apóstolos receberem o Espírito Santo eles estavam
cheios de medo e perturbados por causa da partida de Jesus. Só em pensar que
Jesus iria morrer eles se sentiam assustados, paralisados, inertes.
Como Jesus poderia confiar a essa gente medrosa e inerte o
seu projeto, a sua missão? Como eles poderiam ser a continuação de Cristo, com
tanto medo?
Jesus, conhecendo a fraqueza humana, envia o Esp. Santo para
fortalecer, esclarecer, instruir, ensinar, fazer lembrar todas as palavras e gestos de Jesus. O Espírito Santo é a
memória atualizada das ações de Cristo em todos os tempos e lugares.
Pela presença do Esp. Santo os
apóstolos terão vivos na memória as ações de Cristo para poderem levar o Cristo
a todos. Pelo Espírito Santo, as comunidades cristãs terão condições de fazer
com que a Palavra de Deus ilumine as situações presentes, apontando os caminhos
de libertação e vida para todos.
E não só nos primeiros tempos como também até hoje, em todos
os tempos e lugares o Esp. Santo continua a iluminar, a ensinar, a falar, a
esclarecer, inspirar os cristãos para distinguir o que leva à vida e constrói o
Reino de Deus, daquilo que não leva à vida, daquilo que é fruto do egoísmo e
conduz à morte.
“Eu lhes deixo a paz, eu lhes dou a minha paz.
Não lhes dou a paz como o mundo a dá. Não se perturbem nem fiquem com medo em
seus corações!” (27)
Num clima de tristeza e de medo
por parte dos discípulos, Jesus tem palavras de paz e alegria.
Jesus está para morrer e dá a paz aos seus criando uma união entre o homem e Deus e
estabelece a paz no coração do homem, fazendo com que o espírito seja superior
à matéria, superior a carne. De forma que o nosso espírito é superior a nossa
carne.
Quando realmente existe essa paz com Deus, com o próximo e
consigo mesmo, há uma tranquilidade e felicidade sobrenatural. E essa paz que
Jesus dá é sentida no meio dos sofrimentos e provações, na calma ou nas
agitações da vida.
Jesus disse: “Eu
lhes dou a minha paz”. A paz que Jesus dá é uma paz interior. Consiste
na certeza da amizade de Deus. Quem tem essa paz, mesmo no meio das
perseguições, nas tempestades da vida, conserva-se tranquilo e confiante. Essa
paz fará com que haja harmonia e compreensão entre os cristãos. É a única coisa
capaz de dar sentido à nossa vida.
Pela fé em Cristo, o cristão entra em comunhão de amor com o
Pai. Essa fé em Cristo é a paz que o Espírito Santo nos dá. O amor é tudo em
nossa vida: é a paz, é a felicidade.
A paz que Jesus nos dá é o oposto a paz que o mundo nos dá, a
paz do mundo é voltada para o material. A paz que o mundo entende é uma vida
tranquila, ter um bom ordenado, ter dinheiro, conforto, prazeres. É claro que
estes confortos proporcionam momentos de paz. Só que essa paz não é profunda,
estável e vai terminar, pode terminar. E quando termina deixa um gosto ruim, um
vazio insuportável no coração.
A paz de Jesus é diferente da paz do mundo. É uma paz de
dever cumprido com Deus e com o próximo. A paz de Jesus é para aqueles que
rezam e vivem de acordo com o Evangelho. É a paz da consciência tranquila, de
viver o amor, a partilha, a fraternidade, a justiça, a honestidade, de se
esforçar para viver de acordo com os ensinamentos de Jesus.
A paz de Jesus
comunica tranquilidade e alegria, em meio às maiores tribulações e sacrifícios,
e dá ao nosso coração a esperança certa do prêmio que receberemos no céu. Essa
paz leva-nos a dizer Como São Paulo: “Combati
o bom combate, cheguei ao fim de minha carreira, guardei a fé. Resta-me agora
receber a coroa da justiça que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não
somente a mim, mas a todos aqueles que aguardam com amor a sua Aparição”..
( 2Tm 4, 7)
A paz que Jesus nos
dá já é sentida e vivida não só no fim de nossas vidas, mas durante a nossa
vida, na vida de cada um de nós, no dia-a-dia. Podemos desde já perfeitamente
experimentar a paz, que Jesus nos dá.
Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes
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