TEMPO PASCAL – 16/04/2016 SÁBADO
1 LEITURA Atos 9, 31-42
SALMO 115 (116), 3
EVANGELHO João 6, 60-69
"Discípulos em Crise..."
O leitor mais atento vai perceber que nesta semana Jesus
insistiu muito na necessidade da Fé Nele próprio, que é o Filho de Deus descido
do céu, uma Fé que requer intimidade com ele, comendo sua carne e bebendo seu
sangue, para ter a Vida Eterna que ele próprio, revelando-se como alimento que
transmite e que dá a aquele que crê, a Vida Eterna, mesmo com todas as
limitações humanas. Que essas afirmações nos debates com os Judeus, acabou
transformando-se em provas para a sua condenação, porque para os Judeus da
"gema", para quem a referência máxima do Deus da Aliança era Moisés,
isso era uma blasfêmia, passível de condenação.
Hoje alguns discípulos menos preparados também acabam se
escandalizando com essa revelação e a crise está estabelecida na comunidade.
Pois estes pensam exatamente como os Judeus conservadores, Jesus Cristo é bem
conceituado entre eles, como grande profeta enviado por Deus (mas não Deus)
homem de grandes prodígios e de uma sabedoria que causava admiração na
comunidade, mas ainda o conceituavam em um patamar inferior a Moisés, isso é,
estavam presos aos laços da carne e não conheciam outra vida que não fosse a
Biológica, onde a grande bênção de Deus se manifestava na prosperidade material
e na descendência, exatamente como havia prometido a Abraão.
Por isso, diante da afirmativa de Jesus de "O Espírito
é que vivifica, a carne de nada serve, e que suas palavras são espírito e
Vida...." desencadeou-se uma crise entre eles. Isso se aplica tanto ao
grupo dos discípulos, onde a dificuldade de pensar as coisas de Deus, era muito
grande, como também as comunidades do fim do primeiro século do Cristianismo.
E a frase que provocou ainda mais a crise foi esta
"Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não for concedido", esse foi
o estopim que eclodiu na comunidade, onde no pensamento judaico, as boas obras
aproximavam o homem de Deus e o justificava, Deus era estático, o homem é que
se move em sua direção. Jesus havia acabado de dizer que as "boas
obras" e a observância de toda Lei, eram apenas as placas sinalizadoras do
Caminho, que era Ele próprio. A essas alturas do campeonato, muitos fizeram as
malas e deixaram a comunidade, Judas foi o primeiro, atrás dele foram outros da
comunidade de João, no primeiro século da Igreja, e hoje também a toda Hora tem
cristão abandonando o barco, porque não concorda com a Fé proclamada por uma
Igreja Cristocêntrica, institucional e mística, humana e Divina, onde o elo
entre Deus e o Homem é a Eucaristia...quem comer a minha carne e beber do meu
sangue permanece em mim e eu nele...
Diante da crise estabelecida, Jesus fez o contrário de
certas lideranças fajutas, que não querendo perder ovelhas, abranda o discurso,
ameniza a prática cristã, abre um caminho mais fácil e menos exigente,
principalmente em nossos tempos. Mas Jesus encarou os que ficaram, e em vez de
parabenizá-los e rasgar elogios por não terem abandonado a comunidade, endureceu
ainda mais o "jogo" " Quereis vós também retirar-vos? " ou
seja, para quem não aceitar esta verdade, vivendo o cristianismo do jeito que
ele é, a porta da rua é a serventia da casa....
E nesta hora é belíssimo o
testemunho de Pedro, que não era nenhum super apóstolo, tinha muitas
limitações, mas em seu coração professava uma Fé descomunal em Jesus, porque o
Via como o próprio Deus "Senhor, a quem iremos se só tu tens palavras de
Vida Eterna".....Talvez muita gente competente e intelectual, gente
importante que poderia fazer a diferença na comunidade, a tenha abandonado, os
que ficaram são simples mas fervorosos, pois em nossas comunidades o que vale é
a Fé em Jesus Cristo, e não o brilho das pessoas, ou seu status, poder ou
prestígio. Uma Fé assim, uma igreja assim, um Jesus Cristo assim, Real e
Verdadeiro como João nos apresenta, é PEGAR ou LARGAR...não tem meio termo, ou
mais ou menos....( Diácono José da Cruz – Paróquia Nossa Senhora Consolata –
Votorantim SP – E-mail cruzsm@uol.com.br)
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